sábado, 16 de outubro de 2010

Dolores Pós-Parto



Está em temporada a peça “Dolores Pós Parto” do Diretor Jester Furtado. Uma peça teatral destas redondas que prende do começo ao fim. Um diretor que cada vez mais vem se destacando e descobrindo a sua qualidade de produção. E apresentando no simpático Teatro Rodrigo de Oliveira nos finais de semana até o fim de outubro de 2010.

Destaco a qualidade num todo da peça, e para realçar, a brilhante apresentação da atriz Cida Rolim. Esta peça foi moldada para ela e escapa de um simples drama para uma atriz de tragédia. Destacando a atriz Natália Fantim com o papel de filha, no drama.

O cenário muito bem elaborado e convidativo ao quadro dramático com uma pequena sobra no figurino da atriz principal numa puxada de foco desnecessário. Uma narrativa inicial que sempre mostra um artificialismo. Mas, que nesta peça acaba sendo essencial para compreensão do que vem a seguir e não comprometendo o todo dramático.

O nível de acerto do diretor Jester Furtado é cada vez mais evidente. Vejo o Jester como um diretor em construção, e assim deve ser sempre. Pensando nos detalhes e no corpo que faz sentido para o público ter um produto cultural correspondendo as suas expectativas. É uma peça que emociona e dificilmente alguém vai sair dela sem ser tocado.

O texto bem escrito beira ao drama e ao mesmo tempo a tragédia. Tem um final que o público gosta e se emociona. Na minha definição caminhou para uma indecisão da atriz quando deve aceitar uma transcendência da alma. Como filha, não sente a angústia da mãe e se contenta com reminiscências cômoda confundindo a ação da atriz. Uma bela atriz, dedicada entre as falas em espanhol e o trabalho gestual mais importante que as palavras sendo ditas no palco. E não deveria ser de outra maneira. As duas coisas estiveram bem. Mas seria ótimo se o dogma não estivesse presente.

É um espetáculo num teatro que é o mais bem cuidado, pelo amor a esta arte pelo também diretor Rodrigo de Oliveira. Que em breve estará em cartaz com um espetáculo contando com globais que já faz parte do seu elenco. São estas energias que deveriam se dissipar mais no nosso meio.

Jornalista Carlos Jansson