domingo, 13 de novembro de 2011

O Gargalo do Buraco Negro: estética


Um dos princípios básicos de um montador de peças teatrais é questionar os elementos que compõe a pintura cênica no seu movimento. E isto não se resume ao momento dos atores exercitarem o seu trabalho. A pintura começa nas primeiras letras do autor do texto que deve ter uma vivência dos palcos no intuito de saber o que deve ser adequado para a montagem como a facilidade dos objetos de cena e a dinâmica do grupos no trato diretor e atores, os técnicos disponíveis já inerentes ao manuseios costumeiros do material, num palco diante das novas inovações já perpetrada, porque nem todos elaboram criações, sendo que uma maioria são de profissionais com hábitos nas suas práticas e o conhecimento do autor de seu público na aceitação da cena produzida diante de sua época. E diferenciando e destacando o diretor com sua prática desenvolvendo um texto simétrico, não sendo o caso de um autor que faz o texto para ler sem o manuseio da cena. E ainda destacando aqueles analistas que muitas vezes não tiveram nenhum contato e participam como meras pessoas do público que se sentem a vontade de intuir sobre o andamento do trabalho cênico, e não sabem nada dos elementos do organismo encenado na composição, se referindo a obra do autor sem se ater que apenas um sussurro do ator pode desintegrar o todo pretendido pela crítica no texto.

Problema semelhante é o do cinema, isolando a questão do movimento, cujas partes têm inúmeros técnicos manuseando fora da luz do diretor e autor. Principalmente na montagens dos frames na sala de edição ou a densidade dos instrumentos de tecnologia e a possibilidade de improvisação nos efeitos da duração da cena. Um técnico entre as dezenas em um set de filmagens pode estar condicionado por uma noite que conheceu uma Maria Joana, ou durante o trabalho esteja com ela em seus pensamentos. Uma arte feita por muitas mãos muitos a partes. Como o filme “O Absolutismo – Ascensão de Luis XIV” do Diretor Roberto Rosseline destacando a vida de Luis XIV e a imposição da moda aos nobres de sua corte num filme feito em 40 dias, quando no normal em um filme a captação de imagens leva a média de 120 dias, e assim pode estar afetado com detalhes não especificado na obra, como a tendência na moda da época de estilos Persas-turcas nas roupas, como as túnicas, que não foram nítidas no filme. O andar personalizado do ator diante do personagem Luis XIV com um chapéu vermelho em uma entrada na sua corte fora de propósito para pontuar a regra imposta pelo próprio rei no hábito de seus nobres de uma certa polidez civilizadora confusa, no filme. Diferente de uma politesse Voltareiano.
E pode ser determinantes nesta argumentação, também, o uso em quantidade, de cocaína dos elementos como nas filmagens do período do cinema novo no Brasil, relatado pelo professor e diretor de fotografia Admir da Silva que foi parte integrante na técnica. Como, por exemplo, o filme Rio Babilônia do cineasta Neville de Almeida, citado pelo professor. Neste caso específico fica a questão sobre o efeito das drogas no humano, que podem modificar uma obra de arte que servirá como referência de representação.    

Os parâmetros da produção humana são efêmeras e destituídas de uma essência que vigora o tempo todo da mesma forma. Ou a imagem tratada como duração-movimento que o tempo se sujeita ao novo olhar de Bergson e através do cinema-movimento comparado em Deleuze.

Ouço vozes, mas elas não estão me chegando em forma de movimento. E num sentido de chegar até ela estou me precavendo com referências paralelas como a “Naúsea” de Jean-Paul Sartre e aqueles chapéus se saudandos nas ruas de Paris, e “O Estrangeiro” de Camús, e até mesmo alguns filmes que mostram um sentimento próprio do francês na sua Paris. Apenas o contexto histórico do rei Luis XIV não marca a presença das sensações da época. Vou coroar esta impressão quando estiver em Paris, talvez. Porque era um dos meus objetivos visitar por uma temporada esta cidade, transitando entre teatros que sei fazer. E como estou num pais bem diferente das iniciativas culturais, assimilando por comparação, me vejo desprestigiado do fomento de uma cultura diante de um sistema de educação que privolegia aqueles que não vão chegar a lugar nenhum, num sistema de seleção de alienação formada nesta transformação de mundos, medieval para o moderno. Assim, como parei de escrever para teatro, os meus projetos começam a entrar num silêncio do homem natural. E aqui se percebe claramente o investimento feito pelo rei Luis XIV na França e a política daquilo que se diz estar acontecendo no Brasil na cultura e na corte política corrupta que deveria ser a vontade de todos. A justificativa de um professor diz, a escolha deve ser republicana. Mas uma escolha republicana para o nada ou o desistimulante já é o caminho para nadificação. De certa forma colocam o absoluto como uma mal, sendo que estamos com um mal maior de um homem que se degenera na sua cultura. Ao menos Luis XIV construiu uma coisa que chegou ao iluminismo e não deve ser visto por nossa história como um dos estadistas, feitas por espiritos de vencedores, que o apontam como um erro do processo histórico. Não estamos acertando nada nos nossos dias. E isto têm haver com a estética de uma época indo de encontro com nomes como Michel Foucault.

É quase uma necessidade contemporânea num texto que deve refletir na sua estrutura um pouco do cetismo diante da aversão ao real cientifico. Apresenta-se já direcionando aquilo que possivelmente venha acompanhado de uma descontrução da argumento.

Carlos Jansson

.