sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O Toque de Midas

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    Diante de um momento do homem que começou a se proliferar pela Europa numa demanda que agora exigia novos rumos na política, no entrelaçamento de comunidades e diante da técnica que ganha proporções para um homem que até então estava sujeito a uma mescla de mundo rudimentar. Diante de novas perspectivas surgem deslumbramentos por achados, tanto de escritos anteriores quanto a novas experiências. 

    Numa sequência que o homem vem de uma harmonia com a natureza cosmologica com Zeus ordenando tudo, em escritos como Hesíodo na Teogonia em que a ordem era o homem estar estritamente em equilíbrio com a natureza.
E Prometeu distribuiu o fogo para os homens, um fogo racional. E a Bíblia da maça de Eva de um homem que pecou. Fez o que não devia fazer, que é ter a racionalidade em detrimento de uma harmonia cosmológica de uma natureza que se manifesta como deus. Na função da Eva já teve uma direção cristã ligada a um mundo sobre natural mesclado no pensamento de Platão, com um deus a parte num dualismo entre a aparência sensível e essência inteligível que reina até Descartes. Aparência em fenômeno que em Kant torna-se aparição e que faz toda a diferença no novo olhar e leva a “coisa em si”.

    Embora este seja o principio de uma vontade de ver o mundo dos gregos e foi liquidado com um nova ótica diante de Jean-Jacques Rousseau e Immanuel Kant. Este pensamento cosmogônico é novamente retomado por Nietzsche, como se voltássemos a estaca zero, propondo uma disjunção entre Apolo e Dionísio, na versão trágica. Zeus distribuiu funções em nome de uma harmonia de um mito que sempre chega a natureza com qual deve ser equiparada. Enquanto em Rousseau a natureza deve ser compreendida e vencida para que possamos como homem ter uma sustentação. É como se a natureza jogasse contra a natureza do homem. São duas coisas que se interrelacionam em Rousseau naturalista que acaba sendo bandeira para a Revolução Francesa com o contratualismo.  Uma situação que a natureza já não é tão equilibrada diante da visão do homem, como o texto de Voltaire sobre o terremoto de Lisboa em Portugal. Uma natureza com necessidade de controle no aspecto externo como interno; nos instintos e desejos do homem diante de sua comunidade.

    Galileu e Torritelli  e outros, deram margem para o início de um questionamento que levou a modernidade. Como também, David Hume na questão filosófica, foi significativa para Kant quando este se deparou na questão da causalidade. Como foi o exemplo da bola de bilhar que jogado contra outra bola passa de causa para efeito. Um efeito diverso de sua causa levando em conta a estrutura da segunda bola, como a dilatação do calor e outras pertinências de seu estado. - Não estou falando neste texto sobre o fator simulacro, que fica para uma próxima pesquisa. - É o fenômeno daquilo que poderia ser chamado de objeto que nos aparece. Levando em conta que a causalidade faz parte de uma das categorias de Kant. Tem a “coisa em si” no a “posteriori” particular e contigente e o “a priori” universal e necessário com o objeto sendo levado a transcendência de Kant. Tudo se estabelece no tempo e espaço. Um tempo debatido como imanente na questão do sucessão e simultaneidade diante de um fenômeno em mudança que se relaciona com o problema do devir. Devir que é bem aceito por Nietzsche no amor fati, designando uma resistência do homem em não aceitar o devir e assim se tornando reativo, gregário e tantos outros enganos. A outra parcela se estabelece com o “a posteriori” contingente e particular diante de um mundo experimental nas categorias de Kant. Estabelece um empírico encaixado em um espaço e tempo. Aqui fica uma dúvida sobre a superação do empirismo que ganha um dimensional diante de um tempo que se soma ao fenômeno ou ele se individualiza? O furor da transformação pode ser medido com base neste tempo matemático. Um tempo aqui cronológico e ocidentalizado. E como seria num tempo ao léu sem ferramentas predicativas? É muito fácil perceber este empírico estabelecendo medidas no tempo e no espaço. Já sabendo que eles são uma suposição que não corresponde a ele mesmo. E aqui não é uma questão de universalidade e particular. Ele estabelece a pergunta sobre a verdade de tudo isto.

    O homem no cosmo precisava se firmar com parte integrante desta atmosfera até chegar a Descartes que firmou o sujeito pensante com uma identidade. Em Nietzsche ele se perde e tem um retorno ao caos do cosmo. A “coisa em si” cai na superficialidade da necessidade de algo gramatical para uso da comunicação feito apenas para dar forma a um sujeito percebendo a coisa mais aparente do fenômeno que é a causalidade, como também, a moral é linguagem entre as paixões e a vontade. E tudo isto se volta a um início que não tem início e a metafísica se esvai, como Sisífo.
Mas o homem volta a ter um dimensional em Nietzsche com o instinto, as paixões e os conflitos. Tudo que o sujeito anterior queria aniquilar com a razão como a “vontade” de Rousseau e na moral enraizada de Kant. Embora o indivíduo seja uma ilusão, uma ficção carregada de instintos.
Espero um dia poder escrever um texto com pesquisa encima da pluralidade de instintos de observações em montagens de inúmeras peças e atores que ensaiavam diariamente durante anos, criando situações para realçar e experimentar com os movimentos no jogo.

    Como achar uma forma de explicar a nossa existência, uma verdade que dignifique e faça de nós alguém no mundo? O tempo inteiro é uma busca que nos coloca como alguém não sendo alguém, pela constante da procura. As gêneses que levam a outras gêneses e as angústias nas igrejas. A mentira impregnou e não existe vontade de transvaloração. O filósofo é o solitário numa redoma que não tem início e sim; o fim. O fim que encerra a vida com o futuro tão mais vivo que ele existe. Ou o destino.

Este texto "O Toque de Midas" teve nota 9,0 numa disciplina no Depto Filosofia da Federal. Bom, se esta nota não levou 10,0 é porque ainda falta acertar algum detalhe. Então ele não deve ser levado tão a sério.

Carlos Jansson

Para escutar o sussuro é só com fone de ouvido.