domingo, 29 de abril de 2012

Um Passeio de Mãos Dadas com Heráclito a Caminho do Cinema.




A lua está vermelha. É um argumento que é mero adorno para o início de um texto e instigante o suficiente para se querer ver a lua vermelha. Ela pode não chegar a ser vermelha já sendo vermelha na colocação. Existe a possibilidade de ela vir a ser vermelha numa conjugação de fatores naturais sucessivas. Os deslocamentos das massas ganham um olhar atento. A lua vermelha é poesia por ser instigante de sobreposição de imagens.

O rio é escuro e passa. Mas, ele permanece escuro. Os sentidos fazem uma equivalência do permanente. A sobreposição é nítida quando não se tem o deslocamento do olhar desfocado. Uma sucessão marcada com o gosto da água que se desmancha na língua num volume marcado por uma coisa. A sensação de uma massa que rodeia o dedo dentro da água ¹. A temperatura fria que diferencia do corpo constante. O fenômeno da evaporação como um corpo que brinca  se manifestando na natureza.
Heráclito não pode ter percebido apenas a mobilidade das águas. O instigantes fraturou o seu cérebro numa disposição de imobilidade quantitativa de sentidos. E o contrário, criado no próprio contexto que se confirmada é a grande piada da humanidade. Dentro de um processo reducionista da matemática ela pode ser apresentável, numa premissa falsa por não ser levado em conta a sucessão.
Afastar o espelho histérico de semelhança do eu nas coisas com seus tempos efemeros limitado a uma transitóriedade própria que se faz no mundo. Permitindo assim ao estabelecimento de uma matemática sem o revés do isolamento no nada. Não perdendo de vista o hiato que é a fonte da juventude esperançosa que jorra racionalidade infinita. A cada afastamento há um sabor enigmático na história de portas factuais se fechando que gostariamos de estar abrindo. Tanto atrás como na frente com uma porta que se abre e o vento fresco sacia o nosso peito. 

O úmido para o seco não é contradição e sim, sucessão.

Na lua, se nela for colocado um x de cor preta. A sucessão natural não alcança a menos que ela esteja em nós. Não tendo sobreposição nem de um desejo consciente e nem de um sonho de uma lua nas praias do Haíti depois de uma noite mal dormida para disponibilizar a sucessão na noite bem dormida de um dia instigante.
São três posições, um olhar autista que não encontra a lua e um desejo abstrato de um desejo na compra de uma passagem para o Haiti e o sonho da noite que por razões alheias acaba tendo acesso. Será que têm outras possibilidades? Pergunta racional demais porque foi enumerado. E a sucessão não ganha este mal estar. Nela não cabe a nossa noção podre. Basta ver que temos o capitalismo como crença principal como guia das nossas vidas.

A grande piada é achar que o grau de importância das causa e efeitos marca nossos defeitos nos mundo de deus. Um deus semelhante criando na falsa egoísta ignorância de seres ambulantes numa superfície. Toda importância se esvai na mutabilidade do transparente que permanece e brilha aos nossos olhos.

Um dos problemas filosóficos que sempre me acompanhou desde a adolescência sem o conhecimento filosófico platônico foi que o bem nunca teve uma extensão e toda intensionalidade nela é problemática, percebendo o mal com algo substancial trágico no sentido que ela faz cortes na carne. Com uma sucessão presenciável mais pontuada.

Minha mãe sempre me elogiou, com interesses religiosos, para alguém que nem tava aí para a religião, de que eu sempre falava a verdade. Um lembrete sempre entrínsico em mim que marcou diante das minhas reivindicações de verdade e religião. Mas no cotidiano lembro de um adolescente que tinha um grande impulso pela mentira e é observável casos como este de pessoas que contam mentiras como verdade mesmo sendo alertados no cotidiano. A mentira é orgânica no nosso meio. 

O truthmakers do Heráclito é o escuro no rio. Mas o escuro é alguma coisa que existe que ele não chegou. Uma verdade que se desmancha na transparência que faz flutuar e ao mesmo tempo penetra. A episteme de Heráclito talvez seja algo que não está para nós como ele buscou. A anacronia no seu autismo desvela um paradoxo. O princípio do determinismo abriu um leque de variações em conformidade com que estava sendo dito. A compreensão de algo do vir a ser é tão frágil diante do que pode se absorver deste todo. O que ele pegou foi aquilo que ele podia pegar. O que ele pegou não poderia ter um avanço sem as devidas conceituações por exemplo pelo que conhecemos como extensão e intensão. Platão desconfiou disto e preferiu afastar-se sem se ater ao momento profícuo de sua época. Decisão unanime num momento da sua sucessão e a orientação para o mundo ocidental. E a sucessão do vir a ser também é muito mais pontuada diante da permanência do bem. Vai além da matemática verificar que o humano é sucessão diante de uma natureza parasitária imóvel. Estamos num quarto nos debatendo em angústia sendo que o quarto não vai mudar. E um peixe num aguário com um leve toque no vidro ele se distancia. Senão, ele permanece no seu mundo. Não somos como num tanque, embora envolvidos por uma massa atmosférica esférica desprestigiada. Morremos afogados no vazio e nossa compreensão não abstrai nela. Um peixe teria a outra dimensão diante da nossa manifestação. E será que estamos abertos ao toque no vidro. Sabemos da possibilidade. E isto resulta em mundos diante desta necessidade de espelhamentos que temos. Espelhamento de sentidos com os peixes nos toques e visão.
Como em Heráclito a questão visual, com grande importância para ele, não foi esclarecida. Também, não foi esclarecida a questão dos ventos frios transparentes em Protágoras. 

A questão da sobreposição do time no deslocamento não está na finalidade do deslocamento. O fantasma no deslocamento absorve só a curvatura que não se concretiza na dispersão. O fantasma está na sobreposição inicial com sua forma nítida absoluta. A tendência transcendente regado de idealismo busca incessantemente a construção da imagem fora dela. Somos fantasmas nos vendo num núcleo de seres proliferados numa superfície que se manifesta. Seria tão claro se perguntar como enxergamos o outro e as coisas. Como o autista tem o desvio das coisas e dos outros.

Na sobreposição o primeiro plano é o conhecimento e memória, e no segundo é percepção imediata. E no deleite fantasmagórico existe as linguagens. Está que nos leva a bancarrota, diante de linguagens como a música universal, dos assobios dos ventos. Poesia é isto. E nada como a poesia na natureza com ela sendo poesia da natureza também.

¹ Para os externalista (relação causal com o líquido água e água e o nosso entorno comum) é uma condição que satisfaz a mente, supondo que tal composição inundou Heráclito numa falta de potência e explicação do mundo. Sentiu sua mente pequena diante da complexidade e necessidade para preencher a busca de escape deste mundo. Preso numa órbita muito maior do que aquilo que possamos pensar. Condição que afeta nossa liberdade. Sentidos, natureza das coisas e angústia. 

O bom da internet é que você pode falar um monte de bobagens. 

Depois apago ou continuo.

carlos jansson