Este artigo se complementa com o vídeo "Maria da Penha" no youtube que fiz em julho de 2.010. E a base dele é o histórico do conhecimento que vem sendo produzido de uma forma metafísica é claro. É algo que se acrescenta com informações do passado.
No caso Bruno o desenrolar da argumentação sobre os culpados do assassinato da Eliza Samudio foge um pouco do trivial da justiça quando se trata de fazer valer a punição sobre o feito. Provavelmente é o tipo de argumentação que nem vai passar pela cabeça dos promotores e da defesa do caso, no julgamento.
O crime não é isolado a poucas pessoas, e sim, um crime da humanidade, já que vem sendo escrito desde os textos gregos. Ele é um infanticídio levando em conta que o principal motivador foi o filho em comum a ambos. O diferencial no contemporâneo é que ele se encaixa no drama burguês. E aqui está a identidade ou personificação do "Drama Burguês".

E falando em anacrônia diante da natureza humana, o Pierre Clastres no seu livro "A sociedade contra o estado" no artigo "O arco e o cesto" coloca que os índios Guaiaqui tinham uma proporção de dois homens para cada mulher. E nem por isto o suícido e o infanticídio eram pensandos. Razão disto é a possíbilidade de cada índio homem "ser" um caçador.
No princípio de que a natureza determina diante da razão contingênte fica uma fina película da episteme. Que na própria ordem da cultura se manifesta uma episteme natural condicionante de um descontínuo, próprio do homem. Que no geral o homem tem maltratado esta ordem. O real traduzido para o poético é sair da terra para nuvens cambaleante que fica sujeito as lembranças e o mito da existência. A existência é um tempo vivido que pode ter extensão na lembrança de uma sociedade que ela se configurou. E com isto ela ganha dimensão. Medéia sempre vai ser superior ao caso Bruno, e que justifica a crença dos deuses no nosso mundo.
No caso Bruno o foco do desfecho foi desviado e o incrível disto tudo é que a criança foi poupada. Mas, a forma do crime ultrapassou a barreira do trágico com a Eliza sendo destroçada e jogada para os cachorros. E o patológico do "Drama Burguês" que é o trágico com o acréscimo do elemento poder do dinheiro na normatização de valores vigente desviando a atenção dos executores para um outro desfecho da realização da façanha. Demonstra que este elemento leva a humanidade a um demasiado stress com resultado incalculável.
Aqui fica uma demonstração da ulteridade humana que pode atingir o indivíduo independente de sua formação ou qualquer coisa que seja. Não adianta só cobrar do indivíduo sendo que ele é propício a todos. A moral e os bons costumes não têm nada com isto. O que desencadeia pode estar acima do indivíduo quando ele é acusado de ser o mentor do feito. E é principalmente na literatura dramática que o gancho se materializa.
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