Durante o tempo que venho tendo uma convivência com atores sempre tive algumas diferenças que me mortificavam. Não entendia as razões de tais procedimentos e muitas vezes achava estar fazendo algo de errado no processo. Claro que não isento uma maior atuação que possa fazer uma situação se tornar favorável. E muitas vezes já venho pensando antecipadamente as ações visando sanar a diferença já visualizado no evento num futuro-presente.
Embora não muito discutido a relação ator e sua atividade sempre foram lembrados em lampejos de textos críticos. Franklin de Matos por exemplo tem uma pesquisa dos atores no teatro iluminista com um olhar de Diderot.
No geral temos um olhar diferenciado aos artistas que vivem mais ou menos aquilo que é conhecido de uma criada gozar o primeiro filósofo ocidental, o Tales de Mileto, por ficar olhando para cima e esquecer o buraco no chão e cair. O artista no geral é um visionário contemplativo do tipo que faz das relações um devir intuitivo não se pautando a regras rígidas estabelecido de controle.
Eles estão errados? Mas de jeito nenhum. Isto é a beleza do processo de entrega a sua arte e a ferramenta de produção. Tem mais que ficar solto e gozando a vida estética no seu melhor brilho.
Existe porém um detalhe que se procura com o amadurecimento e a tentativa que as coisas ganham mais consistência na realização que é o profissionalismo. Mas não é só o detalhe de pegar um registro como o Drt. E sim um orgasmo consciente de grupo e de liderança nos propósito estabelecidos para que eles ganhem glória. O princípio de união de grupo e de equipe num trabalho é uma arma para que o trabalho como um todo pulse vibrações que venham ser captados por um público. Um público que não aplaude só com as palmas e a ovação, como também na estrutura do orgânico do grupo. Um exemplo disto é o operador de luz atrás do pano e uma pré produção do espetáculo, e em todas as etapas.
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Foto em Pontal do Sul em 2009 |
Sempre vejo o ator como um displicente que não se interessa por nada a não ser aquilo que ele faz e vai fazer. E aí mora o perigo sendo que um diretor não vê o ator por aquilo que ele representa no palco, apenas. Hoje diante desta "falha trágica" muitas coisas estão sobre a mesa. O diretor conta com o ator como um membro importante na sua estrutura num dinamizador de potências. Me arrisco a dizer que a qualidade do ator já não é na sua capacidade no palco e sim como ele se relaciona com o mundo. Atrás da característica que ele cria dos personagens do palco tem o dele de uma generosidade tanto no palco como na convivência potencializadora ampliada além palco que carregam a energia alimentando a ação no seu todo.
É louvável e desejado o ator que tenha a displicência e que não se apegue a morais enraizadas nas hipocrisias no modo de viver. Que ele brinque com a vida e ele rompa com as leis estabelecidas. Mas que acrescente a isto o respeito por aqueles a sua volta num gesto de generosidade como o combustível que vai fazer rodar o carro. Que seja um espírito livre que geralmente é o impulsionador destes artistas. E buscando um absoluto como obra que vibra nas salas de espetáculos. Claro, não tenho muito o que reclamar porque já estou escolado. E conto com aqueles que moldei ou vieram e fazem parte da minha casa.