quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O Véu de Maya


É engraçado o Nietzsche. Fala do Sócrates e agrada Platão, com razão fundamental. Ele é sincero e um livro aberto, não se preserva. Não dá para ser dialético nestas coisas. Falar tudo bem. Mas nunca dizer tudo. Ele ama alguns nomes e odeia outros. Foi Kantiano no seu principal objeto. Hoje tentam tornar imperativo certas coisas de uma consciência rasa que não se encaixa em nenhum deles. Uma bela porcaria de doentes.

Entrei nesta para melhorar o discurso para o teatro e agora estou diante de um espaço de angústia aberto a minha frente para o nada. Tem coisas pela frente mas não é mais interessante chegar lá. É um ruído só ou talvez aquele barqueiro confiando em suas tábuas no meio do mar. A imagem preferida de Nietzsche. Só que as tábuas já eram. Dizem que ele era otimista, só por que falava dos gregos? kkkk Pra mim ele era um coitado sobrevivente falando coisas para conquistar dignidade.

O Schopenhauer fala da destruição dos afetos que bloqueiam a capacidade. Nietzsche vai no sentido ao contrário que as diversidades e as perspectivas de afetos contribuem. Eu acho que nem um e nem outro. Pode-se controlar os afetos para aqueles não negativem o objetivo. É possível despertar este controle? É difícil e vejo que muitos não conseguem. Diante de vários relacionamentos decidi quebrar e chegar até o máximo do que alguém almejava atingir com as paixões. Gostei tanto de uma garota e deixei ela ser fatal sem que eu pudesse conquistar ela. Mas convivia com ela sabendo dos meus objetivos. Era tão fatal a loira ingênua que um cara se matou e numa outra situação o marido matou um cara que tava dando em cima dela. Tenho boas lembranças dela e até tive outros relacionamentos. Mas me preparei para não ser pego de novo. Isto não quer dizer que não quero. Só que tive um ganho na minha forma de ver o mundo. Com o afeto controlado provavelmente ela vai vir de forma serena se é que ela vai aparecer.

Agora ele é um homem diferente daquele no meio do mar revolto acreditando na sua embarcação. Ele é um entre meio a multidão. E os dois convivem no mundo. Estes dois eus num mundo solitário harmonizando Dionísio e Apolo.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Motorhead e o Mad Max Mineiro



Alguns anos atrás eu acompanhava os eventos do meu ator Roberto Marra com sua fiel proposta de encontros das bandas hardcode em Minas Gerais. Ele com seu evento que continua até hoje e com data marcada que segue uma divulgação abaixo, e eu com minha filmadora catando imagens das bandas e fazendo clips.
Eu não entendia nada das propostas musicais e achava maluco aquele povo se batendo no meio do salão. O máximo que eu fazia para me divertir era beber uma ou duas cervejas para não ficar bêbado e não comprometer as imagens, e pagava um monte de bebida para uma garota bonita e gostosa que sempre ia no evento.
Mas nesta do evento Crossover and General Metal XI que se encontra na sua 11ª edição do Marra tinha uma banda chamada Etnocídio, com o vocalista conhecido como Minhoca tocando uma música que me senti próximo dos deuses. A coisa foi arrebatadora. Fiquei maluco com o som e o Marra me explicou que aquela era uma música do Motorhead e se chamava "Ace of Spades". Hoje eu escuto a música. Mas a lembrança deles tocando vai ser sempre lembrado pela peculiaridade e a transcendência do Etnocídios. É como um fogo a musica que transborda e idealiza. Muito usada no jogo político, não na forma enganchada que muitos acreditam. Mas nos costumes como o americano e seus anos 60 revolucionou o mundo. Nesta ótica é possível dizer que o brasileiro gosta muito mais da musica americana que o americano por não entender as palavras e ter só o vulto do som na sua pureza auditiva sem o entendimento. Nela se tem o épico para alçar as aventuras de um herói em guerra. E o herói que usa a musica como vida tem os créditos e moradia no Olimpo, conseguiu mistificar toda uma comunidade.
Nem sempre o que é bom vem sozinho e uma aura é carregada num projeto ideal como foi a descoberta do Motorhead ter feito a trilha do filme Mad Max. Fui prestigiado pelos deuses por ter assistido no seu lançamento nos cinemas de um filme sem os vultos financeiros de divulgações. Hoje o filme é conhecido pelo mundo todo pela capacidade da obra. Costumo sempre estar nos lugares certos dos acontecimentos. Quer dizer, hoje não porque ando meio preguiçoso.
A foto da garrafa é do Minhoca do Etnocídio. Outra foto é de um maluco expressivo nas minha aventuras de imagem, e a divulgação do Crossover and General Metal XI em 12 de março de 2016 em Minas Gerais. É isto aí gente maluca. É claro que estou falando tudo isto diante da morte do Lemmy Kilmister, o vocalista e baixista da Banda Motorhead com a decisão pelo fim da banda. E pediram para seus camaradas quando escutarem a banda aumentem o volume todo. Rolava até uma das Bandas tocarem no Crossover o "Ace of Spades" em homenagem ao som dos caras.
Obrigado Etnocídio e Roberto Marra por me apresentar Motorhead na sua melhor qualidade. E que venham muitos Crossovers reunindo a moçada que gosta de boa música. Estou em Curitiba torcendo por vocês e com inveja de não estar ai curtindo.

Crossover dia 12 de Março 2016

Minhoca do Etnocidio


terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Nietzsche e os Contemporâneos.


Já pensou se os teóricos do teatro lessem Nietzsche?: "O conhecimento mata a atuação, para atuar é preciso estar velado pela ilusão - tal é o ensinamento de Hamlet e não aquela sabedoria barata de João, o Sonhador, que devido o excesso de reflexão, como se fosse por causa de uma demasia de possibilidades, nunca chega a ação; não é o refletir, não, mas é o verdadeiro conhecimento, o relance interior na horrenda verdade, que sobrepesa todo e qualquer motivo que possa impelir a atuação". (NIETZSCHE, Nascimento da Tragédia).
Schiller fala da muralha com o coro e a defesa da ingenuidade. Então porque estes contemporâneos vem falar em consciência do ator no palco na linha do Diderot? Dizem que não há atuação e só performance. Com a ingenuidade é que se chega a sublimação.
Nietzsche fala do fim da tragédia e a tentativa de ressuscitar de Eurípides que agora leva o coro para o palco dirigido por ele, mudanças estruturais que leva a uma racionalização socrática. O mito acabou e segundo Nietzsche é o fim da religião, da tragédia. É claro que estou dando um sentido aqui para não entender que estou falando de religião, ou não, num aspecto da estética. "O que foi então que impeliu o artista ricamente dotado e incessantemente movido à criação a desviar-se de maneira tão violenta do caminho sobre o qual brilhavam o sol dos maiores nomes poéticos e o céu desanuviado do favor popular?" (NIETZSCHE, Nascimento da Tragédia). Os nomes poéticos que ele se refere dá entender que é o Ésquilo, Sófocles e até mesmo o Homero. Penso que os dois primeiros por serem das tragédias. E o "favor popular" é o coro agora que ganha consciência. Não sei de onde que tiraram que a consciência é rica. Meu, volta para trás. E Nietzsche até cita algo que ele não concorda como "tudo deve ser inteligível para ser belo" do "socratismo estético" próprio do Eurípedes entre outros conhecidos. "Inteligível" e consciência me parece ser da mesma família.
Podia até citar as páginas deste trem. Mas vocês não são os bons? Então danem-se. Vão ler o Nietzsche. Se não compreender nada o azar é seu.
Quando Nietzsche vai dizer que matou Deus, pode ser nesta situação da passagem dos medievais para os modernos com o aperfeiçoamento das ciências e as descobertas de um céu não perfeito cheio de estrelas, que leva ela a pensar isto. Acabou o mito, e a religião foi para as cocuias. Acho que isto já é um conhecimento geral chegando quase a todos, hoje. É, papai noel não existe! Mais uma religião pro saco.