domingo, 12 de dezembro de 2010

Oxigênio: Cia Brasileira de Teatro - Sapateira Prodigiosa: George Sada








Curitiba ontem, no sábado de dezembro, fluía nas ruas do final de tarde com luzes que se acendiam e pareciam mais vivas. Os carros tinham uma velocidade diferenciada e arranques nos semáforos. O céu com o sol se escondendo atrás das nuvens parecia que estava coordenando aquele teatro de meditação de Descartes. Um olhar de um observador do terceiro andar numa janela envidraçada com uma vista panorâmica do espaço da Cia Brasileira de Teatro. O Oxigênio da revelação nesta meditação me levou a querer este olhar. Um espaço arquitetônico com mescla européia de uma indicação paradisíaca urbana. Quase um loft de uma noite acordada.

Fiquei sabendo desta peça “Oxigênio” através de um cartaz que dizia no Largo da Ordem, e era no Largo da Ordem. Ora, como pode um lugar no meu habitat que desconheço? Uma tal de Rua José Bonifácio. Nunca vi falar desta rua. E olha que tive dificuldade para achar a tal rua. Só que eu estava em cima dela e é a rua ao lado da catedral que tem a galeria Julio Moreira do Largo. Fico pensando se minha mãe e minha avó Margarida conheciam esta rua, sendo que iam toda a semana de carroça vender verdura neste ponto de encontro dos polacos? Você passa a vida num lugar e não sabe que ele tem uma forma.

O Loft da Cia Brasileira de Teatro pensado por um arquiteto é aquilo num espaço urbano conturbado, cheio de bêbados boêmios e traficantes de drogas. E só dentro que se descobre uma harmonia paisagística. Porque aquela esquina é o fim do mundo, merecendo um filme com concepção entre a querela de Voltaire com Diderot. Voltaire mostrando uma elitização dos costumes no seu teatro de sua época como o discurso contemporâneo do teatro hoje. Um teatro que parece um loft.

Mas neste céu paradisíaco existe o inferno, com o bem e o mal dos maquineus e orfeônicos, tema da peça Oxigênio, também. Logo mais explico este também.

A Cia Brasileira de Teatro vem sendo falada na mídia e isto sempre me incomodou por não conhecer esta companhia. E ela estava mais perto do que eu pensava. Estava na rua dela e na rua que é minha também. E a descoberta foi prazerosa, numa entrada e recepção lembrando os tempos que visitava os escritórios de arquitetura quando vendia persianas. Uma recepcionista agradável que já delineou toda estrutura do espaço, sendo que uma tecla do interfone era para a sala de ensaio, a outra para o escritório e a outra para a sala de um arquiteto. Não sei qual a relação deste escritório com o teatro, por enquanto.
Em cima da mesa do escritório tinha uns dez livros de textos de teatro em francês. Que o diretor esteve na França e comprou para traduzir e montar em Curitiba. E no dia seguinte apareci para assistir o “Oxigênio”. Fiquei nesta sala de espera no terceiro andar que dava para a rua descrita no início deste texto. E as expectativas na minha cabeça começaram a entrar em transição. E começou com meu encontro com o diretor, que até então, acreditava não conhecer. E o emaranhado começou a se desvendar. O sonho de descartes pleiteou a realidade.

O teatro contemporâneo envelhecido precisa da expectativa e da venda da imagem. E num sonho de segundo plano ele não é eficiente. Se cria uma imagem que cada um dos componentes do público vai criar por si só. Embora tenha este rebanho que anota as referências e aplaude como se fosse á glória.

O programa do espetáculo, digno de um livreto de ópera, trás as explicações dos caminhos tomados para a construção da obra. Um texto de Ivan Viripaev que parece ser um russo que se deu bem na França. Tem até um longa metragem em andamento. Embora o texto foi traduzido do russo pelo diretor quando estava na França. Mon dieu! Ainda quero ser o personagem Oskar do livro "O Tambor" de Günter Grass para poder quebrar todas as vidraças do mundo. 
Tratado como um russo nos moldes de Dostoievski e até uma citação no livreto para intimidar: “E quando você decidir dar lição no outros, primeiro se pergunte se você tem o mesmo talento que tinha um escritor russo, que sabia descrever tão bem a tragédia dos outros”. Citação que se repetiu na voz dos atores no espetáculo, também. E isto me lembro uma leitura dirigida pelo diretor Marcio de Abreu na Act, com o Luiz Melo num texto de Tchekcov. Tinha uma Nina nele que não deu certo. Não era a Gaivota, e nem era russo pela disposição de acreditar que podiam ter chegado a algum lugar. Não tinha a densidade russa e o glamour decadente da pré revolução. Nem lembraram que naquele lugar caia neve. A neve no tropical é muito questionável. E alguns acham que ainda podem fazer os textos europeus.    

O Viripaev fez uma sala de limão com todas as questões sendo discutida, da contra-cultura, num mesmo texto. Uma carga enorme para os atores carregarem. Uma peça machista, levando em conta que também era sacra. Por que todos sabem que a bíblia é machista e o texto também o foi. O grande destaque foi o ator Rodrigo Bolzan e a fragilizada Patricia Kamis que teve de assumir uma frequência de atitude e agressividade masculina em cena. Uma manutenção de um ritmo desenfreado por medo de perder a cena do diretor. Era uma peça desfile show de rock, e teve até o momento que procurei contar quantos all star estavam circulando naquela sala. Alguns momentos pensei estar ouvindo meu pai pregando na igreja com tanta moral sendo dita, com tanta faca cortando as orelhas. Num mundo que já teve até o teatro absurdo não dá mais para suportar esta realidade massacrante do discurso. A peripécia esta toda errada. Não dá para pensar que o público define o objeto da arte na sua interioridade. O espetáculo tem que ser a interioridade, e não adianta o ator sentar no meio do público se o espetáculo não chegou no interior. O Viripaev Wenders não decolou como um anjo. O espetáculo tem que cuspir duração. E falando em tempo de espetáculo, alguns da platéia bateram palma achando que tinha acabado a peça. Para quem escreve o nome das coisas tão bem o espetáculo deveria continuar se chamando “Kislorod”, que traduzindo, segundo eles é “Oxigênio”. Mas, dá para entender os motivos.



Sapateira Prodigiosa  - George Sada - Cena Hum. 


        

Neste texto vou falar de outra peça, a “Sapateira Respeitosa” do Garcia Lorca que me lembrou o nome da “Prostituta Prodigiosa” do Sartre. A “Sapateira Prodigiosa” foi dirigida pelo George Sada do Cena Hum.
Sem vontade de fazer um artigo só para este espetáculo por que não tenho muito o que falar. Culpa de uma doutora especialista neste autor que criava uma aura com os atores, nos espetáculos dela, de uma dimensão dogmática esquisita.

A expectativa foi diferente neste espetáculo. Começando pela recepção que o atendente do quiosque de lanches resolveu me encher de café. Mas, não que isto tenha algum reflexo no espetáculo em termos de expectativa. Ainda assim esperava muito menos da Sapateira. Não houve uma pré seção de imagens para garantir que ele é bom. Uma flecha de Zenão mirada no meio do palco acabou atingindo meu peito. Um musical desenvolvido com tanta sutileza e destreza dos atores feito com milímetros de grandeza. E não acabou na medida de vibração dos aplausos. O diretor nos aplausos delineou o espetáculo com o devido valor os elementos de composição. Ali não teve diretor e sim um espetáculo que acabou e não acabou e foi muito rápido. Como uma bala doce na boca que acaba rápido. Uma duração.   


Carlos Jansson

domingo, 28 de novembro de 2010

Jean-Luc Lagarce na Chuva.



Estava na minha casa e esperava que a chuva viesse. Quer dizer, não foi bem assim. Era um calor dos infernos e estava a caminho do “Estava em Minha Casa e Esperava que a Chuva Viesse” no suntuoso prédio novo da Fap Pr. Agitado nas vinte horas e trinta minutos e ainda não tinha localizado o suntuoso. Foi uma bela impressão onde se farão belos espetáculos, principalmente, neste momento de expectativas de tudo novo e espaço virgem. Nada como algo virgem para se fazer história.

E para minha estréia não poderia ser melhor com “Estava na Minha Casa e Esperava que a Chuva Viesse” do tão aplaudido Jean-Luc Lagarce.


Tenho até medo de falar com a possibilidade de influenciar no repertório do espaço. Sair de casa num sábado em Curitiba e ter como opção uma peça de um dramaturgo da França talvez seja o sonho de muitos injuriados por estarem em locais adversos. E como um curitibano nato destes que só sabem falar mal e não sendo destes que vão e não entendem nada e ainda ficam de pé gesticulando suas mãos num fisiologismo, coisa que também faço por me sentir coagido, me sinto na obrigação de delinear algumas palavras contrárias da massa.

Foi uma introdução na soleira da porta com a atriz Lilyan de Souza que ruminava sobre o tempo e o tempo que lá fora ventava e tinha um ar de chuva, mesmo fazendo aquele calor dos infernos. Os lábios gesticulavam em gestos pequenos e bem expressivos numa colocação exata do olhar. E assim as portas do teatro se abriram e tudo começou a mudar com um efeito barato de alguém sentado que nunca se levanta, e por um segundo tenta se levantar com uma direção pouco perspicaz. Lembrei da “Gaivóta” de Tcheckov e pensei que deveria ser assim sendo que nunca assisti a esta peça encenada na minha cabeça. As dramaturgias ainda se confrontam e se percebe que o velho diante de uma contemporaneidade não ganha forma. Criticam Aristóteles e não percebem que a fenomenologia é um avanço se resolvendo tudo no real de forma muito mais próxima do entendimento do público. Não é desestruturar um texto na vaidade de autores e diretores que colocam o que bem entende, e atores na importância da atuação no palco menosprezando o resto. Falando de forma simples, o espetáculo é um objeto que tudo está intrínseco nele com a presença do público vivenciando na sua plena convulsão de um absoluto a la Bergson. É simples e lindo este pensamento metafísico. A maioria dos diretores deveriam pegar suas picaretas e ir cavar buraco nas ruas. Inverteram tudo e empobreceram o teatro.

Foi uma agradável descoberta do teatro Francês percebendo que eles fazem teatro. Até então tinha a noção do Jean-Jacques Rousseau que criticava o teatro francês com a idéia de que teatro não era bem administrável na língua francesa. E assim deu para perceber como deve ser uma dramaturgia a francesa. Um espetáculo sendo feito na língua francesa seria muito melhor do que neste ruído português. A parte principal desta montagem deveria ser a articulação das palavras e com um intenso trabalho de sonoplastia para neutralizar o efeito destrutivo do simbólico e feio português. Não esquecendo aqui um ator com seus gestos e olhares complementando a palavra, embora, a palavra no contexto geral tem a peculiaridade de ser muito menos que o gesto. Neste caso, deste espetáculo, se torna uma exceção.

Voltando a dramaturgia influenciado pelas querelas teatrais dos filósofos do século das luzes é possível pensar numa renovação constante impregnado de revolução, próprio da revolução francesa que no Brasil não existe e nunca existiu. Um bom exemplo foi Diderot que queria um teatro mais ativo de entendimento, que volta a ser a argumentação anterior que utilizei.

De certa forma a peça foi um grande monólogo com o eixo dela sentada e sussurros ladeando. Só um momento o sempre usado escalar de um grande muro bem a cara dos espetáculos de dança onde os atores querem escalar paredes por perceber o quão pequeno somos na nossa construção. Esta escala pode ser a necessidade de se chegar a deus ou a fuga deste mundo para o outro lado do muro. Agora me lembrou o conto "O Muro" do Sartre que não deve ter nada haver e se tem não vou parar para pensar nisto porque me deu preguiça de pensar. Mas, eu penso e montem sempre estes espetáculos porque meu sábado a noite foi ótimo, ou ótima. Sei lá, dane-se a língua portuguesa. Não vi um grande problema dramático e ainda gosto dos efeitos trágicos nos textos teatrais. Acho que escrevo melhor. O que seria do teatro sem as tragédias?


Faço a correção depois do texto. 


carlos jansson

sábado, 16 de outubro de 2010

Dolores Pós-Parto



Está em temporada a peça “Dolores Pós Parto” do Diretor Jester Furtado. Uma peça teatral destas redondas que prende do começo ao fim. Um diretor que cada vez mais vem se destacando e descobrindo a sua qualidade de produção. E apresentando no simpático Teatro Rodrigo de Oliveira nos finais de semana até o fim de outubro de 2010.

Destaco a qualidade num todo da peça, e para realçar, a brilhante apresentação da atriz Cida Rolim. Esta peça foi moldada para ela e escapa de um simples drama para uma atriz de tragédia. Destacando a atriz Natália Fantim com o papel de filha, no drama.

O cenário muito bem elaborado e convidativo ao quadro dramático com uma pequena sobra no figurino da atriz principal numa puxada de foco desnecessário. Uma narrativa inicial que sempre mostra um artificialismo. Mas, que nesta peça acaba sendo essencial para compreensão do que vem a seguir e não comprometendo o todo dramático.

O nível de acerto do diretor Jester Furtado é cada vez mais evidente. Vejo o Jester como um diretor em construção, e assim deve ser sempre. Pensando nos detalhes e no corpo que faz sentido para o público ter um produto cultural correspondendo as suas expectativas. É uma peça que emociona e dificilmente alguém vai sair dela sem ser tocado.

O texto bem escrito beira ao drama e ao mesmo tempo a tragédia. Tem um final que o público gosta e se emociona. Na minha definição caminhou para uma indecisão da atriz quando deve aceitar uma transcendência da alma. Como filha, não sente a angústia da mãe e se contenta com reminiscências cômoda confundindo a ação da atriz. Uma bela atriz, dedicada entre as falas em espanhol e o trabalho gestual mais importante que as palavras sendo ditas no palco. E não deveria ser de outra maneira. As duas coisas estiveram bem. Mas seria ótimo se o dogma não estivesse presente.

É um espetáculo num teatro que é o mais bem cuidado, pelo amor a esta arte pelo também diretor Rodrigo de Oliveira. Que em breve estará em cartaz com um espetáculo contando com globais que já faz parte do seu elenco. São estas energias que deveriam se dissipar mais no nosso meio.

Jornalista Carlos Jansson

terça-feira, 23 de março de 2010

Lilla Janvier e Gil Emannuel em "Exílio"





Franceses no Brasil


Um ano atípico no Festival de Curitiba 2.010. Talvez pelas mudanças geradas e o aumento de espetáculos que acaba em muitas desistências, e assim uma desestruturação no cronograma do Festival. Méritos para o festival que parte de um principio democrático e abertura para tudo e todos. Isto resulta em bons espetáculo e alguns nem tão bons assim.


A dramaturgia está sendo pontuada e nítida para os observadores, como o Till,a saga de um herói torto que prolonga o Fausto de Goethe com seu filho e da Margarida que ganha vida numa passagem entre o medieval e o moderno com o problema do mal da época na filosofia. Um belo espetáculo como já era esperado, e uma dramaturgia engasgada. A Dulcinea’s Lament que é a Dulcinéia do Dom Quixote, que sem ele o vácuo é inevitável em cena.

É percebível que os espetáculos não sabem trabalhar com a mídia e os jornalistas não tem um cuidado especial com os espetáculos. Trabalham num fisiologismo básico de saber quais os espetáculos estão cotados para serem as vedetes sem se preocupar com a chama potencializadora que vai fazer o novo de qualidade. Como o laboratório que fiz com o grupo Les Batteurs D’Estrade na peça Exílio. Uma peça linda de morrer com propostas inovadoras dentro do Clown.

O Clown no Brasil é direta com imagens resumidas no intuíto de agradar o público de imediato. A inovação deles foi o tratamento da imagem sem a devida e esquizofrênica idéia da presença no palco. O elenco formado pelo Gil Emannuel e Lila Janvier são talentos interessados na qualidade e penetração da imagem criada. O clown está envolvido na história sem se preocupar com o público como falei. E talvez seja esta a parte poética de que tanto falaram. Eles têm mais poesia do que eles possam imaginar.

O cinema francês têm uma nostalgia no romance de casal, e eles fazendo um par harmônico viajando pelo mundo buscando intercâmbio. Uma peça que fala de descobertas a dois, cheio de emoções e vindo da França é o tempero perfeito para um paraíso de Adão e Eva.



Este laboratório foi importante para perceber como a cultura do Brasil lida com as culturas de outros países, levando em conta que as promessas de grandes nomes da Europa passaram por Curitiba. Isto porque tive o cuidado de saber os seus objetivos e as suas ligações na Europa. Como a Lila Janvier que já tem trabalhos firmados com outras companhias na França e não precisa ser um grande psicólogo para perceber o seu potencial. E o Gil Emannuel com uma leitura inteligente acima da média com o que acontece ao seu redor. O que propiciou uma boa comunicação pela facilidade de absorver o português e ter morado em Portugal por algum tempo. Aqui é que está o maior problema da mídia Brasileira onde um francês assimila a língua portuguesa com facilidade e não há troca de informações de diferenças culturais. E as diferenças são radicais, como por exemplo o título do espetáculos deles que se chama Exílio. Este Exílio tem um significado totalmente diferente da nossa compreensão. Para eles é poético, e para nós é lembranças de políticos que foram exilados em golpes na América do sul com transferências de governos.



Percebi na Lila Janvier e no Gil Emannuel uma pitada de mágoa com a imprensa brasileira que não soube ver a busca de intercâmbio de alguém que sai do seu país em direção ao Brasil e não tem reconhecimento. Mas, isto é coisa da arte e principalmente do teatro. E do governo Brasileiro que discursa e não tem nenhum comprometimento com a cultura de seu povo. Provavelmente eles serão a nova geração de grandes artistas na Europa que terão uma imagem única do Brasil. Este Brasil sem propósito. Este Brasil de uma superficialidade Foucaultniana. Sinto por estes franceses de uma nova geração que não tem um ímpeto imperialista, que deveriam ter, numa nação que não sabe se dirigir.


Carlos Jansson
Jornalista, licenciado em História
Pesquisa atual: O Problema da Teodicéia de Leibniz á Bayle, na filosofia da Universidade Federal do Paraná.
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sábado, 20 de março de 2010

Lei de incentivo do estado do Paraná.

Minas Gerais é um dos maiores focos de produção artística do Brasil, e tudo graças a Lei de incentivo a cultura do estado de Minas Gerais. Estou falando do estado e não a lei Rouanet e Ancine federal que é normal para todos, e nem os municipais. É o estado de Minas que tem sua Lei de fomento.

O Paraná não tem lei de incentivo a cultura.

Por favor artistas, se olhem no espelho e percebam as suas fragilidades. Porque, diante da angústia acabam se degladiando. Sendo, que a origem do problema é a falta de recursos e fomento do estado do Paraná. A produção paranaense se destaca pela quantidade e infelizmente esta abaixo da qualidade no geral. A situação é horrível de quem vem de fora e enxerga vocês. Façam alguma coisa, por favor.
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Violência (O)Acidental

 
Em tempos urbanos contemporâneo é natural do cidadão diante de tantas informações pensar sobre o objetivo desta corrida desvairada no seu universo particular. Uma tecnologia que acelera o tempo satisfazendo o olhar limite de sua vida e a fragilidade caótica que leva ao desequilíbrio entre a paz e a violência. Aqui poderia ser citado o Panóptico de Foucault com referência ao filme "Cidade de Deus" com o problema central da barbárie não só nas comunidades e cidades como nos estados que vem assimilando a gravidade dos novos dias.

A filosofia medieval já considerava que o erro não está no ato e nem na lei. O desvio da vontade está entre os dois. E na medida que a lei aumenta indicam que o erro no ato aumenta. Leis que geralmente são feitas num fisiologismo político na concepção de "vontade de todos " e "vontade geral" do Jean Jacques Rousseau. Sendo que um é feito por todos e para todos de uma população, e o outro é feito para alguns pensando em regrar todos de uma população visando um bem maior para defender eles deles mesmos. A democracia sabe usar bem este expediente numa forma de se manter e ainda impor utopias argumentativas fisiológicas de legisladores que muitas vezes cometem erros que são verdadeiros absurdos aos nossos olhos.

Se o defensor religioso Leibniz conseguiu responsabilizar Deus na sua metafísica sobre a maldade do mundo, então já podemos responsabilizar o estado pela má sorte do cidadão no sistema.
E olha que ele era um religiosos convicto.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

TILL - Galpão

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O que vejo pela frente é um enigma. Um marketing release falando tudo de bom sobre o Till - Galpão.

Então vamos ver!!!

Vindo de Minas e voltando a memória do que foi a Kultur da Alemanha contra uma civilização embriagada burguesa no intuito de estabelecer um domínio colocou o moderno do jeito que quis. Estransburgo se tornou americanizado nos modos franceses. Esqueceram que Nietzsche que foi meio nazista na propaganda americana e Kant nem é grande coisa, e uma infinidade de pensadores que sairam de lá nem tiveram tanta influência sobre a intelectualidade contemporânea. Quero ver este povo falando a língua alemã?

Porque Mineiro só sabe falar do tanto que captou nas leis de incentivo, e eu também sou um anônimo que não enxergo nada quando estou entrando, mas quando estou saindo eu quero arrebentar com as estruturas dos maus intencionados. Vim de Minas e sei como funciona a política e quero ver se política e cultura estão entrelaçados.

Se é que vou assistir? Como foi o Calígula do Thiago Lacerda que no caminho do Largo da Ordem até o Teatro Guaíra da apresentação da peça, um ator do nordeste que descia comigo me falou tão mal da peça que acabei indo assistir "Inveja dos Anjos", que acabei repetindo a dose no dia seguinte.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Gazeta do Povo

Curitiba têm daqueles dias cinzas de domingo que leva o leitor ao seu refúgio caseiro. Após o almoço vem a vontade de ler um jornal comprado no armazém ao lado de casa. Tudo isto é comum a uma grande parte de Curitibanos que querem entrar em sintonia com coisas novas que possam estar acontecendo e saber um pouco mais sobre as mudanças no cotidiano da cidade. Tão básico e tão difícil para um jornal perceber as vontades de seus leitores.

Chegando na mercearia já tem a vista em cima do balcão um calhamaço que faz lembrar que vai passar a tarde toda lendo coisas interessantes de se saber. Um valor diferenciado da semana, proporcional ao volume e peso da quantidade de papel.
Ao sair do
armazém já acontece o inconveniente de cair um almanaque amarelo de propagandas no asfalto molhado das Casas Pernambucanas com o título “Hoje eu Quero”.

Umas das primeiras coisas é iniciar a leitura no banheiro que logo de cara da de encontro com a capa do Viver Bem com uma garota sentada em um
banquinho que lembra o meu trono. E aquela expectativa de não conseguir ler nem o começo do jornal antes de chegar no papel higiênico. E aqui foi meu engano e frustração de uma leitura na tarde de domingo de Curitiba. E como não vou ler vou escrever a minha sensação dos caminhos do jornalismo contemporâneos. Porque isto não é novo atualmente. Não há nada que chame a atenção para uma leitura. É claro que respeitando a diversidade e sabendo que muitos até acham alguma motivação.

É visível a superficialidade de coisas que nem são novas.
É como no outro lado as pessoas não soubessem utilizar as peripécias e a abrangência dos assuntos para tornar catártico e dar uma substância em forma de essência absoluta ao jornal ao ponto do leitor pegar o calhamaço e perceber que ele foi proveitoso. Será que sou eu que me intelectualizei demais num mundo que nos surpreendemos com tanta gente parecida em conhecimentos apesar da diversidade? Sugere que a impresa esta perdida neste emaranhado entre a superficialidade contagiante com a diversidade frustrante, e nele não sabem o que fazer para chamar a atenção. Se é o caso de chamar a atenção, porque senti uma falta de compromisso em proporcionar uma boa leitura.

De um modo geral a impresa esta em crise. Os
layout estão forçadamente políticas na concepção de agradar aqueles mais próximos ou radicalizam por outro lado colocando fotos e artigos banais e plásticos. Não tem uma caracteristica própria personalizada. Basta abrir e já encontra milhões de propagandas que dão a dimensão dos lucros de um jornal que acaba sendo caro se pensar que não ganham só os R$3,50 do leitor.
As matérias vão desde os interesses
paulistas, cariocas e até mesmo da cultura italiana com Fellini no Caderno G. Nada contra o Fellini com sua obra, mas será que não dá para virar o disco? Tudo é muito repetitivo quando não americanizado.
A foto de capa do Caderno dos Automóveis tem uma grande moto destas que nem 1% do total de
Curitiba vai ter um dia, quem dirá a porcentagem de leitor do jornal. Qual é a verdadeira intenção da foto de capa? Por aí dá para perceber que o jornal não é bem intencionado com seus leitores. Querem passar algo de frustração para aqueles que olham e percebem que não vão chegar no paraíso. Nem vou comentar a foto do Caderno dos Imóveis, que no geral só têm conteúdo Curitibano no jornal nestes dois cadernos porque é onde o povo quer vender ou alugar e assim os endereços são em Curitiba. Porque o resto é só banalidades de cotidianos a mais de 100 kilômentros que não interessa ou porque é a tendência do jornal fugir da realidade de sua região para não se enquadrar numa inferioridade de que lá fora acontece e aqui não, então vamos falar lá de fora porque eles são mais interessantes. Estou falando alguma mentira?


Louis
Armstrong não tem lado B? Quando a gente escuta muito o lado A começa a gostar do lado B também. Não tem lado B?





As notícias do mundo já foram vistas de forma mais interessantes em outros canais de notícias. Não se define nem entre direita direito e nem esquerda e nem coisa nenhuma. Falar de mulheres que não são pegas em Bafômetro talvez seja a grande matéria, com a polêmica nas diferenças de sexos e das leis como um jornal educador. Só que não falavam antes. Os filhos já não podem acompanhar os pais nos bares, como se os pais não tivessem a responsabilidade e nisto vai acabar em uma lei ditatorial com deputados de má reputação fazendo as leis. Será que o jornal não percebeu que tem aliados que transfere a pouca credibilidade para os jornais. Até uma tabelinha de deputados foi confeccionado para priveligiar uns e denegrir outros. Coisa do poder mesmo, mostrando as intenções do jornal e quem ele esta servindo. Isto é muito baixo para um jornal que quer se considerar de alto nível.

Este foi um texto com a
caracteristica leitmotiv com um final mais acelerado num impulso diante das lembranças de minha frustração a cada caderno do jornal, e assim, ao estar escrevendo elas ficam mais evidentes. Vou ficar por aqui e com uma posterior correção porque também não quero ficar lembrando de algo que é quase inútil.
Um bom domingo para vocês.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Dossiê Fernando Henrique.

Quem não se lembra de um possível dossiê do Fernando Henrique quando era presidente? Esta certo que se falava num suposto dinheiro no exterior. E hoje sabemos um pouco mais sobre o assunto diante do fato da segunda família do Ex-presidente. De uma família que estava no exterior.

Imaginem o custo para abafar o caso. Custo que levou o PT a se apossar do poder no Brasil. Pode não ter sido o principal degrau desta escalada. Mas ela foi com certeza uma moeda de troca. Não é atoa que o PSDB está tão minguado.

Como o Brasileiro é ingênuo neste negócio de eleições, com certeza já esta pensando que não vai acontecer nada na próxima gestão. E a imprensa esta toda calada com notícias de deslizamentos e tragédias urbanas de forma insistente. Mas os boatos que correm no meio das informações é que ele será tão pior como os gatos do passado.

E não se enganem com a imprensa, principalmente de São Paulo, que já foi responsável por massacres na Revolução de 32 quando soldados tinham notícias otimístas enquanto estavam sendo massacrados, e avançando. Foram dois mil soldados que tiveram a ilusão de estarem vencendo quando estavam sendo mortos.

As meras desistências do jogo político atual não são por avaliação do que será melhor para o Brasil, e sim, para evitar um pertubador retrato de algo contraditório no alto escalão. E mesmo assim a raposa quer permanecer por lá. Se isto acontecer o Brasil vai ser um dos piores espíritos políticos de uma fragilidade tão grande que será melhor morar na África onde a dignidade vai se sobressair. A moral política já está degradada e se acontecer vai se tornar tão frágil que qualquer um vai chegar por aqui e determinar como as coisas serão.

O bom de ser um artista sem projetos aprovados por enquanto (que são escassos porque no geral eles se enquadram em escolhas políticas e com seus donos) e vendo as atrocidades sobra tempo para refletir e viabilizar os meios de mostrar as máscaras que no geral não são vistas. E no meio jornalístico os boatos e os episódios ventilam. É claro que com uma imprensa que não diz tudo pelas razões de um sempre maior poder que determina conforme o montante em questão.

Qual a razão de ninguém falar sobre a antiga polêmica que povou os jornais da época sobre o suposto dossiê do Fernando Henrique? Agora não é mais o Fernando Henrique, mas as razões do silêncio de quem esteve por trás e está.

E vocês mulheres, porque será que a Dona Ruth Cardoso morreu do jeito que morreu? Será que eles não têm consciência de suas atrocidades? Tudo vai ficar em silêncio? Que preço está mulher pagou para viver ao lado de um presidente atolado e negociando um escândalo? Infelizmente é este o nosso Brasil.