sábado, 24 de dezembro de 2011

Panóptico de Bentham e os Estados Unidos



É engraçado como as coisas acontecem diante de um mundo que se acha dominado e no fim ele acaba se configurando em transformações. E tudo está na nossa cara, embora a maioria num niilismo reativo nem perceba. E os grandes personagem com suas máscaras num jogo de vaidade como seu o mundo fosse um palco para eles. Vejo o mundo como ele aparece numa constante busca de informações pelos jornais. O sistema fraquejado tenta se impor diante destas transformações que a cada pouco nos surpreende com as iniciativas das massas. As massas ainda são um corpo que por alguma razão está reagindo de forma enérgica. E não adianta dizer que ela é localizada porque não é. Ela se faz presente acima do argumentativo e da moral imposta num sistema que quer ser deus das nossas vidas. E o policial na torre do panóptico de Bentham já perdeu a sua função. O grande lider já não é lider de mais nada, a não ser por imposição.

Alguns movimentos históricos vem acontecendo com o grande vilão Estados Unidos como pano de fundo. E começo pela Coréia do Norte com a morte de seu lider Kim Jong-il em comparação com a morte do ex-presidente da Tchecoslováquia, Vaclav Havel. Enquanto toda a gang da cúpula americana estava no funeral de Havel a Coréia estava demonstrando que existe a possibilidade de uma política sem o controle racional de um mundo moldado nas massas. Esta comoção é raro acontecer e é saudável para impregnar a sustentabilidade do poder. O grande enigma é como o oriente vem tratando a política com a busca incessante do grande vírus da democracia corrupta do ocidente tentando penetrar. Há um convencimento do liberalismo num avanço na Revolução Francesa quando na verdade foi a manutenção de um canabalismo primitivo de diferenças predominando de um posicionamento conservador dos mais fortes. Não tem nada de avançado nisto a não ser a podridão política reinante que nós estamos vendo a olhos nu de uma verdade extramoral massacrante. O Havel que foi puxa saco do poder e agora merece sua recompensa com ingressos cobrados na porta do seu funeral, isto pela presença de celebridades como a Hilária Clinton e todos os seus demagógicos, e não perceberam a grandeza da história nos movimentos da nova história. A tentativa de manter o poder do Egito do seu lado diante da pólvora que é o oriente médio para que aquilo lá não exploda de vez. As mortes como de Sadam Hussein por enforcamento num procedimento para lá de medieval. O linchamento de Muammar Kadafi com o slogam dos quarenta e dois anos de poder ditatorial que os jornais por medida de consciência divulgavam para apagar o mal feito e que até se tornaram amigos do ocidente. É claro que os banqueiros ingleses precisavam sanar suas crises num mundo em crise financeira diante de uma família tão rica sujeita a sanções oportunistas e num potencial de país petrolífero estratégico no mediterrâneo.

O que eles não contavam era com a reação das massas como os kamikazes do Iraque. De um comunismo que está em decadência e já é a segunda economia mundial como a China que é a terceira guerra mundial de um silêncio inraivecido. E a mídia mostra sua incompetência sem um mérito a ser conquistado quando percebe os limites da realidade dos acontecimentos transformativos e ainda ficam com a velha moda da direita liberal que não fala mais nada com nada. Tudo neles é contraditório. Os discursos antigos e oficializados não convencem mais a nova história. Nada mais arquétipo do que a mídia regado por sentimentos falidos de uma moral sem boa vontade. O mundo esta mudando e a mídia precisa estar a frente da política desgastada. Ela não pode ser o eixo de sustentação quando perdeu suas referências. O grande pecado do século da mídia foi a divulgação da morte do Michael Jackson com sensacionalismo enquanto dois cientistas estavam divulgando a possibilidade do terremoto do Haiti e não foram ouvidos, e a consequência disto foi uma mortandade, que não deixa de ser um genocídio. Se a racionalidade de um mundo cientifico para um mundo melhor deveria ser o alvo de toda ocidentalização grega no contemporâneo. Este com certeza foi o maior erro desta ocidentalização irresponsável.

domingo, 13 de novembro de 2011

O Gargalo do Buraco Negro: estética


Um dos princípios básicos de um montador de peças teatrais é questionar os elementos que compõe a pintura cênica no seu movimento. E isto não se resume ao momento dos atores exercitarem o seu trabalho. A pintura começa nas primeiras letras do autor do texto que deve ter uma vivência dos palcos no intuito de saber o que deve ser adequado para a montagem como a facilidade dos objetos de cena e a dinâmica do grupos no trato diretor e atores, os técnicos disponíveis já inerentes ao manuseios costumeiros do material, num palco diante das novas inovações já perpetrada, porque nem todos elaboram criações, sendo que uma maioria são de profissionais com hábitos nas suas práticas e o conhecimento do autor de seu público na aceitação da cena produzida diante de sua época. E diferenciando e destacando o diretor com sua prática desenvolvendo um texto simétrico, não sendo o caso de um autor que faz o texto para ler sem o manuseio da cena. E ainda destacando aqueles analistas que muitas vezes não tiveram nenhum contato e participam como meras pessoas do público que se sentem a vontade de intuir sobre o andamento do trabalho cênico, e não sabem nada dos elementos do organismo encenado na composição, se referindo a obra do autor sem se ater que apenas um sussurro do ator pode desintegrar o todo pretendido pela crítica no texto.

Problema semelhante é o do cinema, isolando a questão do movimento, cujas partes têm inúmeros técnicos manuseando fora da luz do diretor e autor. Principalmente na montagens dos frames na sala de edição ou a densidade dos instrumentos de tecnologia e a possibilidade de improvisação nos efeitos da duração da cena. Um técnico entre as dezenas em um set de filmagens pode estar condicionado por uma noite que conheceu uma Maria Joana, ou durante o trabalho esteja com ela em seus pensamentos. Uma arte feita por muitas mãos muitos a partes. Como o filme “O Absolutismo – Ascensão de Luis XIV” do Diretor Roberto Rosseline destacando a vida de Luis XIV e a imposição da moda aos nobres de sua corte num filme feito em 40 dias, quando no normal em um filme a captação de imagens leva a média de 120 dias, e assim pode estar afetado com detalhes não especificado na obra, como a tendência na moda da época de estilos Persas-turcas nas roupas, como as túnicas, que não foram nítidas no filme. O andar personalizado do ator diante do personagem Luis XIV com um chapéu vermelho em uma entrada na sua corte fora de propósito para pontuar a regra imposta pelo próprio rei no hábito de seus nobres de uma certa polidez civilizadora confusa, no filme. Diferente de uma politesse Voltareiano.
E pode ser determinantes nesta argumentação, também, o uso em quantidade, de cocaína dos elementos como nas filmagens do período do cinema novo no Brasil, relatado pelo professor e diretor de fotografia Admir da Silva que foi parte integrante na técnica. Como, por exemplo, o filme Rio Babilônia do cineasta Neville de Almeida, citado pelo professor. Neste caso específico fica a questão sobre o efeito das drogas no humano, que podem modificar uma obra de arte que servirá como referência de representação.    

Os parâmetros da produção humana são efêmeras e destituídas de uma essência que vigora o tempo todo da mesma forma. Ou a imagem tratada como duração-movimento que o tempo se sujeita ao novo olhar de Bergson e através do cinema-movimento comparado em Deleuze.

Ouço vozes, mas elas não estão me chegando em forma de movimento. E num sentido de chegar até ela estou me precavendo com referências paralelas como a “Naúsea” de Jean-Paul Sartre e aqueles chapéus se saudandos nas ruas de Paris, e “O Estrangeiro” de Camús, e até mesmo alguns filmes que mostram um sentimento próprio do francês na sua Paris. Apenas o contexto histórico do rei Luis XIV não marca a presença das sensações da época. Vou coroar esta impressão quando estiver em Paris, talvez. Porque era um dos meus objetivos visitar por uma temporada esta cidade, transitando entre teatros que sei fazer. E como estou num pais bem diferente das iniciativas culturais, assimilando por comparação, me vejo desprestigiado do fomento de uma cultura diante de um sistema de educação que privolegia aqueles que não vão chegar a lugar nenhum, num sistema de seleção de alienação formada nesta transformação de mundos, medieval para o moderno. Assim, como parei de escrever para teatro, os meus projetos começam a entrar num silêncio do homem natural. E aqui se percebe claramente o investimento feito pelo rei Luis XIV na França e a política daquilo que se diz estar acontecendo no Brasil na cultura e na corte política corrupta que deveria ser a vontade de todos. A justificativa de um professor diz, a escolha deve ser republicana. Mas uma escolha republicana para o nada ou o desistimulante já é o caminho para nadificação. De certa forma colocam o absoluto como uma mal, sendo que estamos com um mal maior de um homem que se degenera na sua cultura. Ao menos Luis XIV construiu uma coisa que chegou ao iluminismo e não deve ser visto por nossa história como um dos estadistas, feitas por espiritos de vencedores, que o apontam como um erro do processo histórico. Não estamos acertando nada nos nossos dias. E isto têm haver com a estética de uma época indo de encontro com nomes como Michel Foucault.

É quase uma necessidade contemporânea num texto que deve refletir na sua estrutura um pouco do cetismo diante da aversão ao real cientifico. Apresenta-se já direcionando aquilo que possivelmente venha acompanhado de uma descontrução da argumento.

Carlos Jansson

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Uma Noite de Cão



Sai para a rua, depois de um espetáculo daqueles que não trazem nenhuma novidade carismática, para mim. Foi uma tentativa de purgação para sexos indefinidos. Em plena peça teatral, a diretora resolveu projetar um vídeo, com dois homens que fazem um cachorro quente. E em vez de ser uma salsicha no meio do pão, era o pênis de um deles. Uma espécie de chupeta alternativa.

Eram nove e meia da noite. Com todo aquele pessoal em frente ao teatro, reunidos e comentando. E eu decepcionado porque minha opção sexual é mulher com buceta.

Quando estou chegando na esquina, ouço um tumulto. Um rapaz batia com os punhos fechados no capô de um Kadet preto, com violência, e gritava:

__ Sai daí seu vagabundo!!!

O carro com as lanternas ligadas e dando setas, tentando se movimentar. A namoradinha do rapaz, com sua voz aguda, deve ter pensado na falta que lhe faria aquele carro tão confortável. E aqueles programinhas longe das asas de seus pais.

__ Pelo amor de Deus, chamem a policia. Estão roubando o carro, o carro do meu namorado.

Não sei o que me deu? Não sei porque tomei uma atitude. Só eu, mesmo para uma coisa dessa. Sendo que tinha um grupo de rapazes próximo e muitos outros, que olhavam curiosos.

Lembrei que voltando na rua, na outra esquina tinha um posto policial, e desandei a correr, passando em frente ao teatro de novo. Nisto vem em sentido contrário ao meu, um rapaz com um cachorro branco. Passeando com um cachorro, aquela hora? 10:00 horas?

Só identifiquei o cachorro quando ele tentou me morder, me acompanhando na corrida por uns dois metros. Neste momento eu já estava me sentindo patético. Uma por estar correndo, e outra por ter de interagir com um cachorro.

O foco das atenções era todo meu, com todos os olhos que enxergavam um ser de carne e osso histérico, correndo. E aquele cachorro que não parava de latir. Já fui relatando o acontecido para o guarda que estava na porta. E com a respiração ofegante e gaguejando, ainda mencionei a possibilidade de dar em merda, porque o ladrão estava dentro do carro e o dono cercando o carro.

Voltando, chego na esquina e o Kadet não estava mais lá. Fiquei desorientado. O rapaz me falou que o dono do carro achou que, aquele era o carro dele, sendo que o dele estava mais na frente.

__ Não é possível! Dois Kadet pretos?

E eu, o patético, parado na esquina. Sai totalmente fora do meu equilíbrio. Invejei aqueles que não se abalaram com o apelo da garota. Estava tudo calmo. As pessoas andando normalmente, as mesmas que identifiquei naquele momento febril. E o cachorro branco ia à frente, farejando o chão, ao lado de seu dono.

A gente sempre se esconde atrás de um equilíbrio. Não quer se expor. Faz tudo de forma calculada, com gestos medidos para não ser avaliado de forma negativa.Situações como estas, as neuroses urbanas, fazem com que as pessoas se tornem frias, com recusas expontâneas. Isto porque acontecem experiências das mais variadas situações. Como eu, que da próxima vez, talvez, seja apenas um curioso cauteloso. Cauteloso porque têm muitas balas perdidas voando por ai.



Um textinho de 8 anos atrás. Foi no Largo da Ordem e o teatro é o Londrina dentro do Memorial.


carlos jansson

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Cinema movimento

Ninguém fala e é velada a pesquisa do movimento-ação na duração do cinema dos Glaubers Rocha. É tido como os grandes caras com seu cinema, e fazem uma propaganda danada sem se ater ao efeito cocaína no cara no instante de sua produção. Combatem o trem, mas veneram o trem em forma de mito. E dizem que tem gente pensando. 
Na estética, Jacques Derrida diz que temos apenas rastros do passado para a imagem-ação. Mas, será que exitem rastros nos Glaubers de um universo de imagens como matéria não existente? Será que foi aí que a duração se perdeu na química?
A montagem no cinema é podre, e sem esta de dizer que filme é uma arte de alguém. Existe um vácuo. Solucionado quando se desfazer a burocracia no fazer com o autor-diretor for aquele que absorva todo o mecanismo de uma tecnologia, que cada vez mais facilita o manuseio. Os equipamentos estão disponível a custos razoável, e já não se justifica os assaltos aos cofres públicos de heróis, que ainda não provaram suas existências.
A questão de roteiro, atuação de atores, planos de câmera, disposição do dia da filmagem, questão de fisiologia dos técnicos e suas manias, a vaidade da direção e depois o conforto da cadeira na edição com seu montador levando em conta o sua rotina, somado com o diretor que agora olha a tela e tenta dar forma aos movimentos com suas devidas durações, sujeitas a cortes daquela mão no mouse com um ar pessimista na construção de qualquer coisa artificial que esteja sendo pensada sem ser integral. E o movimento entre cortes que muitas vezes tem inserido uma bandeira, acaba sendo mais nojento. 
Deveria-se perguntar o porquê do Brasil não conseguir fazer um cinema de uma imagem previligiando seus artistas e sua cultura como moldura de um mundo de um imaginário a ser seguido, ou até mesmos os questionamentos que o cinema permite do movimento ação pisando solo brasileiro? É bem fácil de ver isto, bastando perceber quem são aqueles que assumiram a postura de construtores desta técnica e observando como se relacionam com este nosso mundo com o tom de dependência arcaíca e falta de comprometimento com o movimento. Eles podem estar muito bem. Mas, são pobres naquilo que pensaram em fazer.
A "cocaína" fica por conta de comentários de técnicos da época, que faziam parte das estruturas.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Passeio Público



Num dia de sol como está sexta-feira próximo do verão, nada melhor do que dar um passeio por um bosque de Curitiba aproveitando o frescor das árvores e o canto dos pássaros. O sul do Brasil favorece estas iniciativas por ter um clima de constante verde. Em tempos que uma máquina digital é capaz de capturar inúmeras imagens de uma atmosfera de natureza bucólica. Quase uma naturalização num primitivo transformado para o contemporâneo.
Correto das Cobras e Gruta dos Pinguíns

Uma das principais chaves de discusão nos séculos do iluminismo é a condição do homem natural que interfere no natural. E até que ponto o natural é natural, com uma questão levantada no depto de filosofia sobre a "cerca de concreto" no Passeio Público de Curitiba que não é feita de madeira, e sim, de concreto. Causando admiração de alguns na constatação, e me indagaram sobre minha opinião. Só sei que tem um límbo no rio cortado pela ponte que deve incomodar a administração do Passeio, e para mim é algo que lembra do impressionismo na natureza da França da época. Existia uma preocupação de imagem em representar de forma interpretativa uma realidade natural num constante interesse de manifestar qual era mesmo o olhar que tinhamos das cores e até que ponto realmente percebemos ela. Buscando ser contagiado por uma manisfestação de energia da natureza que interfira no humano como é o lúdico de Federico Fellini.

O Passeio Público tem um lúdico numa redoma de mistério que não faz parte do universo burguês numa construção da sua imagem por décadas. Pode-se pensar que lá encontraremos as prostitutas, num olhar generoso. De interioranos que ainda não perceberam a dimensão do status que lhe confere se sentir agraciado com toda aquela manifestação de natureza pontuada de um climax, sem perceber a interferência. Alguns comércios oportunistas de um investimento que não se transformou numa grande expectativa empresarial. Tudo como se o Passeio deveria e é para aqueles destituído de poder em direção ao natural descobrindo uma Curitiba com particularidades.

Cada cidade tem sua praça e algumas travam uma bela agitação de energias transitantes como festas e socialização. Algumas são pontos daqueles que procuram uma realidade fantástica das drogas. Outras são solitárias, servindo apenas como carreiros para encurtar caminhos. E algumas são apenas para adornar igrejas católicas, num processo que vem desde Carlos Magno.

As vezes a natureza dos parques ganha mais ou menos interferência como outros princípios ou moralizante. Basta lembrar que esteticamente fica encaixado no moderno alienante quando se percebe que além de uma cerca de concreto que deveria ser de madeira, existe um posto policial para policiar a conduta humana dos frequentadores que são animais em convívio, e não devem agir com critério de animais. Por uma ou outra razão adota uma postura para o geral de um contraste absurdo não percebido. Pagamos um preço pelo social que limita o olhar da individualidade natural de um ser que busca liberdade cada vez mais quadrada aos seus sentimentos instintivos humanos.

Nada como o sorríso do pipoqueiro diante de uma criança que no passado, num esforço das tias, o passeio se tornou instigante por ter um coreto com um corredor de vitrines com pequenos quadrados do habitat de cobras das mais variadas cores. Quebrando assim um medo no principal ponto do passeio público que não via problemas nenhuma em expôr as cores tão instigante de pesadelos numa noite mal dormida. E embaixo, no redondo do coreto das cobras, no centro do Passeio Público, uma simulação de caverna e um pequeno córrego com pinguíns mergulhando e andando nas pedras adornadas com concreto. Pinguíns com asas pretas perfilados num andar pelas pedras como nas calçadas das ruas de Curitiba agarrados com suas gravatas verticais em dias gelados. Só não sei se os pinguíns eram felizes.

Sei que têm um monte de erro. Faço a correção depois.

Créditos da Foto da Ponte:

Autor: Mathieu Bertrand Struck  ( Da foto da ponte no Passeio Público ). Desculpa a demora, não tinha visto. 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Mídia e o Festival de Teatro de Curitiba


Neste festival fui mais pelo lado do desempenho das peças priorizando os trabalhos dos atores. Deixando de lado o pretensioso que alguns gostam de agregar aos seus trabalhos. E consegui gostar de todas as peças, inclusive “As Colheres Assassinas” com sua disposição de vir a este universo com pesquisa filosófica. Estão no caminho certo.

Não vou falar das minhas desilusões e contradição da peça da Stoclos e nem das peças da Mostra que os méritos foram equivalentes ao trabalho e a atuação dos atores. Se chegaram lá é porque mereceram. E todos corresponderam ao propósito.

A intenção na minha pesquisa foi perceber onde a arte se manifestaria com mais amplitude, independente da experiência já adquirida. E algumas coisas marcaram com força. E o nome do festival eu não sei. Só sei que ela estava na peça “Pai” de Ribeirão Preto.

Aqui vai a minha impressão sobre ela: Quem interpreta tem a obrigação de fazer sua estória vibrar. E ela junto com a atriz coadjuvante que nem sei se era para ser coadjuvante fez a estória transbordar e ter um brilho instigante. Ela adotou uma postura nova na sua interpretação e conseguiu agregar a arte. Mudava a intenção da fala como se dizendo: era para ser assim, mas eu estou fazendo diferente, e melhor. Nos pontos de exclamação da fala não colocou exclamação, por exemplo. E os gestos pequenos e expressivos. A voz penetrante e agradável.
O princípio básico é perceber se o ator cresce no palco. E ela não cresceu, ela desmontou o palco.

O exagero fica por conta de um artigo de blog  diferente dos artigos num jornal impresso que tem de ser imparcial percebendo seu leitor. Sendo o crítico do jornal apenas um release dos espetáculos com pouca coisa das suas próprias convicções. E que todo o charme esperado de um artigo no jornal se desfaz  no olhar do artista quando percebe que foi apenas uma divulgação superficial do que ele mesmo acredita do espetáculo. As vias para o crítico de teatro ou das artes não está no jornal impresso que não dá esta isenção.

Recebi a seguinte intimação da assessora de imprensa do Festival de Teatro de Curitiba falando dos ingressos reservados para os grandes jornais com matérias e só eles tem acessos a todos os espetáculos por escrever sobre eles nos jornais. Como se o trabalho de infra que faço de visitar os pequenos e fazer os vídeos que chegam a 160 mil acessos na internet hoje não fossem nada. Prefiro ficar com esta camada em efervescência do que estar num patamar pretensioso. Não generalizando porque assisti alguns espetáculos divinos da Mostra. A minha dúvida é sobre o trabalho da Stoclos que é cercado de palmas e a contradição de um episódio do produtor diante de uma conterrânea da Stoclos na porta do teatro. Uma alienação total que deve ser o assunto da peça em questão. Não vou ser agradável e bater palmas para quem trata mal as pessoas.  

Voltando a falar de coisas boas, vamos falar da menina. Ela é o grande nome da interpretação neste festival, e como espetáculo pontuo a pesquisa da NPC-artes do Alberto dos Santos que desta vez veio com alguns elementos óbvios no cenário e um espetáculo um pouco mais modesto. Mas, não tira a sua grandeza de perceber que o espetáculo é a cara do seu diretor. Tenho dúvidas quanto a esta predileção e acredito se for contestado. Agora a menina não. Embora seja mais uma que vai se perder neste nosso Brasil da Dilma que vai vender porcos na China. O neste Paraná que seus espetáculos não sublimam por falta de estrutura de continuidade. Têm produção, mas falta respaldo.
A menina pode ser uma atriz do Fassbinder de um futuro que promete e deveria estar entre os grandes nas mídias de novela. Só que a cultura brasileira não dá esta chance a si mesma.

Falei muito e este é um resumo do meu sentimento sobre este Festival e sinto por não ter assistido a muitos espetáculos. Poderia até ter uma convicção diferenciada. Foram a média de três por dia. E três tem tudo haver com o nome desta página. 

Faço a correção depois.  

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Caso Bruno e o Teatro

Este artigo se complementa com o vídeo "Maria da Penha" no youtube que fiz em julho de 2.010. E a base dele é o histórico do conhecimento que vem sendo produzido de uma forma metafísica é claro. É algo que se acrescenta com informações do passado.

No caso Bruno o desenrolar da argumentação sobre os culpados do assassinato da Eliza Samudio foge um pouco do trivial da justiça quando se trata de fazer valer a punição sobre o feito. Provavelmente é o tipo de argumentação que nem vai passar pela cabeça dos promotores e da defesa do caso, no julgamento.

O crime não é isolado a poucas pessoas, e sim, um crime da humanidade, já que vem sendo escrito desde os textos gregos. Ele é um infanticídio levando em conta que o principal motivador foi o filho em comum a ambos. O diferencial no contemporâneo é que ele se encaixa no drama burguês. E aqui está a identidade ou personificação do "Drama Burguês".

Em outras épocas o inconveniente era afastado simplesmente com a morte do filho, e assim se fez com a Margarida no Fausto. Que tem haver com o meu texto "Lágrimas de Goethe" que pretendo montar em breve. A morte de uma criança podia ser algo de conseqüências e causas nem pensadas, numa anacrônia.

E falando em anacrônia diante da natureza humana, o Pierre Clastres no seu livro "A sociedade contra o estado" no artigo "O arco e o cesto" coloca que os índios Guaiaqui tinham uma proporção de dois homens para cada mulher. E nem por isto o suícido e o infanticídio eram pensandos. Razão disto é a possíbilidade de cada índio homem "ser" um caçador. 
No princípio de que a natureza determina diante da razão contingênte fica uma fina película da episteme. Que na própria ordem da cultura se manifesta uma episteme natural condicionante de um descontínuo, próprio do homem. Que no geral o homem tem maltratado esta ordem. O real traduzido para o poético é sair da terra para nuvens cambaleante que fica sujeito as lembranças e o mito da existência. A existência é um tempo vivido que pode ter extensão na lembrança de uma sociedade que ela se configurou. E com isto ela ganha dimensão. Medéia sempre vai ser superior ao caso Bruno, e que justifica a crença dos deuses no nosso mundo. 

No caso Bruno o foco do desfecho foi desviado e o incrível disto tudo é que a criança foi poupada. Mas, a forma do crime ultrapassou a barreira do trágico com a Eliza sendo destroçada e jogada para os cachorros. E o patológico do "Drama Burguês" que é o trágico com o acréscimo do elemento poder do dinheiro na normatização de valores vigente desviando a atenção dos executores para um outro desfecho da realização da façanha. Demonstra que este elemento leva a humanidade a um demasiado stress com resultado incalculável.

Aqui fica uma demonstração da ulteridade humana que pode atingir o indivíduo independente de sua formação ou qualquer coisa que seja. Não adianta só cobrar do indivíduo sendo que ele é propício a todos. A moral e os bons costumes não têm nada com isto. O que desencadeia pode estar acima do indivíduo quando ele é acusado de ser o mentor do feito. E é principalmente na literatura dramática que o gancho se materializa.