As vezes a energia faz o encontros dos diferentes modos de ser, e os “campos” de Pierre Bourdieu classificados no Brasil como sem significância nos meios institucionais dos governos quando colocam o artistas dentro de uma atmosfera hostil da comercialização do produto artístico ou na correria do patrocínio e da coisa artística, como a coisa comercial com a divulgação dos produtos comercializáveis de forma artística. Que alguns até conseguem abranger a realização artística e comercial ao mesmo tempo, acabando de ajudar o político que sempre divulga a liberação de recursos para ser captado e na maioria das vezes os artistas não tem a habilidade ou a disposição para tal. E assim os recursos se mantem nos cofres públicos abarrotados de grandes olhos para usos indevidos. Um sistema fechado capitalista que no geral sempre o prejuízo é do artístico e a alienação cultural despontando no horizonte do rebanho. Alguns "campos" muitas vezes realizados com eficiência como os judeus na administração da coisa comercial que desfrutam de uma cama macia.
O produto artístico, qualificando como produto devido a necessidade do ganho financeiro que faz o moinho movimentar, no geral vem carregado de sonhos. Uma linguagem que se manifesta nos sentidos na busca do resplendor imortal. E ela começa na divulgação quando aqueles estabelecem uma eficiência que faz do evento, o evento do ano naqueles que não tem o costume do teatro.
Este ano uma coisa me chamou a atenção no “Guia Oficial do Festival de Curitiba” que por coincidência pode ser encontrados nos shoppings centers de Curitiba. Foi a divulgação da Nissan com uma breve história sobre a “Merda”, que é a saudação entre os artistas de teatro e espetáculos. Um trabalho que buscou a harmonia entre "os campos" e que compreende a sustentação do evento, me apropriando no blog pelo mérito da criação. Um texto com desenvoltura pontuando a leitura de todos os atentos ao Guia que segue abaixo:
Sobre os Veículos, O Teatro e o Produto do Sistema Fisiológico dos Cavalos. (Guia Oficial do Festival de Curitiba p.63)
Antigamente, uma boa peça era aquela que conseguia reunir uma boa quantidade de carruagens na porta do teatro, o veículo da época.
E até um quadrúpede sabe que carruagem precisa de um cavalo para puxar. O cavalo ficava lá esperando na porta do teatro, comendo campim, relinchando, espantando as moscas com o rabo, fazendo essas coisas de cavalo. Vinham o primeiro ato, o segundo ato, o intervalo e o cavalo, sem nada para fazer, se perguntava: comer ou não comer mais campim? Eis a questão. Aí já viu, né? O cavalo enchia a barriga, o sistema fisiológico trabalhava e a porta do teatro virava um toalete.
Desde então, começou-se a medir a qualidade de uma peça a partir de uma cadeia de acontecimentos: quanto mais pessoas na platéia, mais carruagens. Quanto mais carruagens, mais cavalos. Quanto mais cavalos, mais merda. Quanto mais merda, maior o sucesso.
Hoje, ninguém mais vai ao teatro a cavalo, anda a cavalo ou liga para cavalo. Os tempos são outros, o pessoal usa mesmo é o carro para ir ao teatro.
No máximo, no máximo, depois da peça, você pega o seu carro, acelera os cento e poucos cavalos, vai para o restaurante e pede um bife a cavalo.
Mas a merda do cavalo continua aí. Aliás, não mais na porta, mas nos palcos. Porque, antes de começar o espetáculo, os atores se abraçam e desejam merda uns para os outros. Uma maneira tradicional, irônica e até um pouco escatológica de desejar boa sorte.
É, caro Shakespeare, não foi só você que mudou a história do teatro. Os veículos também. Os de outrora, como se dizia outrora, transformaram a merda em boa sorte. Os de hoje, como se diz hoje, apoiam e divulgam o teatro. E a Nissan, como patrocinadora do Festival de Teatro de Curitiba, não poderia desejar outra coisa senão merda, muita merda ao festival.
“Vá com um Nissan no Festival de Teatro de Curitiba”. Está citação é minha e faltou colocar o autor do texto para completar a obra. Parabéns.
Correção do texto fica para depois.
carlos jansson