domingo, 11 de março de 2012

Festival de Teatro de Curitiba

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As vezes a energia faz o encontros dos diferentes modos de ser, e os “campos” de Pierre Bourdieu classificados no Brasil como sem significância nos meios institucionais dos governos quando colocam o artistas dentro de uma atmosfera hostil da comercialização do produto artístico ou na correria do patrocínio e da coisa artística, como a coisa comercial com a divulgação dos produtos comercializáveis de forma artística. Que alguns até conseguem abranger a realização artística e comercial ao mesmo tempo, acabando de ajudar o político que sempre divulga a liberação de recursos para ser captado e na maioria das vezes os artistas não tem a habilidade ou a disposição para tal. E assim os recursos se mantem nos cofres públicos abarrotados de grandes olhos para usos indevidos. Um sistema fechado capitalista que no geral sempre o prejuízo é do artístico e a alienação cultural despontando no horizonte do rebanho. Alguns "campos" muitas vezes realizados com eficiência como os judeus na administração da coisa comercial que desfrutam de uma cama macia.
O produto artístico, qualificando como produto devido a necessidade do ganho financeiro que faz o moinho movimentar, no geral vem carregado de sonhos. Uma linguagem que se manifesta nos sentidos na busca do resplendor imortal. E ela começa na divulgação quando aqueles estabelecem uma eficiência que faz do evento, o evento do ano naqueles que não tem o costume do teatro.
Este ano uma coisa me chamou a atenção no “Guia Oficial do Festival de Curitiba” que por coincidência pode ser encontrados nos shoppings centers de Curitiba. Foi a divulgação da Nissan com uma breve história sobre a “Merda”, que é a saudação entre os artistas de teatro e espetáculos. Um trabalho que buscou a harmonia entre "os campos" e que compreende a sustentação do evento, me apropriando no blog pelo mérito da criação. Um texto com desenvoltura pontuando a leitura de todos os atentos ao Guia que segue abaixo:

Sobre os Veículos, O Teatro e o Produto do Sistema Fisiológico dos Cavalos. (Guia Oficial do Festival de Curitiba p.63)

Antigamente, uma boa peça era aquela que conseguia reunir uma boa quantidade de carruagens na porta do teatro, o veículo da época.
E até um quadrúpede sabe que carruagem precisa de um cavalo para puxar. O cavalo ficava lá esperando na porta do teatro, comendo campim, relinchando, espantando as moscas com o rabo, fazendo essas coisas de cavalo. Vinham o primeiro ato, o segundo ato, o intervalo e o cavalo, sem nada para fazer, se perguntava: comer ou não comer mais campim? Eis a questão. Aí já viu, né? O cavalo enchia a barriga, o sistema fisiológico trabalhava e a porta do teatro virava um toalete.

Desde então, começou-se a medir a qualidade de uma peça a partir de uma cadeia de acontecimentos: quanto mais pessoas na platéia, mais carruagens. Quanto mais carruagens, mais cavalos. Quanto mais cavalos, mais merda. Quanto mais merda, maior o sucesso.

Hoje, ninguém mais vai ao teatro a cavalo, anda a cavalo ou liga para cavalo. Os tempos são outros, o pessoal usa mesmo é o carro para ir ao teatro.
No máximo, no máximo, depois da peça, você pega o seu carro, acelera os cento e poucos cavalos, vai para o restaurante e pede um bife a cavalo.

Mas a merda do cavalo continua aí. Aliás, não mais na porta, mas nos palcos. Porque, antes de começar o espetáculo, os atores se abraçam e desejam merda uns para os outros. Uma maneira tradicional, irônica e até um pouco escatológica de desejar boa sorte.

É, caro Shakespeare, não foi só você que mudou a história do teatro. Os veículos também. Os de outrora, como se dizia outrora, transformaram a merda em boa sorte. Os de hoje, como se diz hoje, apoiam e divulgam o teatro. E a Nissan, como patrocinadora do Festival de Teatro de Curitiba, não poderia desejar outra coisa senão merda, muita merda ao festival.

“Vá com um Nissan no Festival de Teatro de Curitiba”. Está citação é minha e faltou colocar o autor do texto para completar a obra. Parabéns.

Correção do texto fica para depois.

carlos jansson

Náusea e Goethe no Teatro.


Quando Goethe escrevia na Alemanha a Europa passava por um índice maior de suicídios, na real foi uma epidemia. Talvez não fosse o objetivo dele perder seus leitores. É claro que uma leitura da época não é a mesma de hoje. Ninguém se mataria por ler Goethe hoje. E aqui fica a confirmação do tempo anacrônico na integra. Realmente é necessário contextualizar a época. 
Um dos meus alunos reclamou que minhas aulas de filosofia é recheado de história. É claro que é um equivoco, não do aluno, e sim dos anos anteriores que não proporcionavam uma filosofia histórica, com uma filosofia temática arriscando nas opiniões e divagações sobre os temas, e se ater aos textos sem a referência interpretativa do momento do autor. 
Escrevi o texto Lágrimas de Goethe potencializado pela leitura da Náusea de Sartre. E vejo que a leitura dele não é aceito por grandes nomes. É claro que é um texto que chegou a suplência de um prêmio e leitura na Casa da Gávea com elenco de primeira. Mas a constatação que tive é a falta de leitura com a atenção ao efeito do texto. Algumas atrizes, que premiado com a leitura pelos nomes que representam, simplesmente chegaram a sublimação na leitura, constatado com a forma de contactar o autor e a forma de expressar a impressão sobre o texto. Claro que o texto é feito para a mulher no mundo e a morte é a morte na (da) essência com passagem para uma existência, não saudável. Na estética melancólica empática.
É um texto que venho experimentando o olhar sobre ele. Sei que montado vai ser sucesso porque no palco ele vai ficar muito mais visível e a atriz que fizer vai ser reconhecida como grande nome do teatro. Mas ao mesmo tempo fico decepcionado com pessoas que não leram Sartre. Ou se leram não fazem a menor idéia do que seja a opção existencial de nós no mundo. Acho que tenho um ar maléfico do Goethe que pode ser traduzido como forma de pensar a iniciativa da vida. 
Pensando bem é engraçado a minha trajetória como escritor de textos para teatro. A primeira peça foi uma adaptação do Machado de Assis, que montei várias vezes e vou continuar montando e sempre melhorando o texto. O segundo texto foi um plágio de um autor português e acabei ganhando um prêmio. Quer dizer, o autor português era bom mesmo ao ponto de ganhar o prêmio em outras paragens. Claro que um plágio no bom sentindo, que é revisitar o autor na sua visão sobre o texto. O terceiro prêmio foi autoral com uma grande soma e é ele que me potencializou para o “Lágrimas de Goethe”. Sei que ele é bom devido ao clímax destas atrizes que leram o texto e uma ovação numa leitura em Minas Gerais. O que me intrigou foi ter passado o texto para Vera Holtz que já fez “O estrangeiro” de Albert Camus, e ela não ter dado uma opinião. Quer dizer, nem deve ter lido. Porque o Brasil não tem a cultura da leitura (na fase do letramento medieval, sendo que nem o oral existe para achar a precipitação do passado com o presente, para um mínimo de dignidade cultural) e na própria leitura já vem carregado de preconceitos diminuindo o grau das palavras. Perde uma visão por preguiça mesquinha ou só lê livros do Paulo Coelho e afilhados.

faço a correção do texto depois

carlos jansson

sexta-feira, 9 de março de 2012

Cão vira lata: personagem da vida.



Uma garota ficou em pé ao meu lado sentado no ônibus. Ela tinha uma pasta de papel sugerindo uma certa importância de procedimentos nele. Ela era macia com um sorriso confortável no mundo, quando passou um senhor com um saco de latinhas esbarrando nela. Logo ela com a mão direita passou a mão no ombro esquerdo quando possivelmente uma das latinhas ainda tinha líquido dentro ou coisa assim. Ela me olhou com um sorriso querendo dizer alguma coisa. Talvez eu tenha dito – Personagens da vida – enquanto me identifiquei com aquela expressão, e a expressão do personagem. Ele de calça tergal usada nas décadas passadas como referência de alguém oficializado no comércio e com sua voz postada que poderia ser um vendedor ou um comerciante, adiantou que aquele movimento precipitado era para descer no próximo ponto. Uma lucidez de alguém que achei que ia começar a assobiar uma canção enquanto esperava o ônibus chegar na próxima estação. Uma ignorância plausível de um mundo ameno não querendo despertar. Claro que antenado ao mundo entre parênteses caótico de empresas que criaram o personagem num exército de latinhas. Empresas que ligam ao mundo de lideres deficientes de qualquer valor a dignidade da vida num eminente tempo de confrontos entre tribos envolvendo bilhões no rebanho, alheios a guerra entre impérios tendo como fim os persas exauridos. Ainda não sei o que pensar destes personagens se é que eles existem, e do meu personagem no mundo. São centelhas de vidas pipocando num mundo energizado. Não sei se sou o mesmo deitado no chão vendo a cor do coturno acertando meu corpo no haal da receita federal em Curitiba e jogado para fora e em seguida os meus pertences escada abaixo. Sei que não posso pegar no varão do ônibus com a mão esquerda em conseqüência disto com a finalização do meu artigo digitado, com uma mão lesionada. Somos gente no mundo com o caos aparente, ludibriado por uma racionalidade funcional. Esta dupla sintonia com uma delas promovendo o fim da vida.