domingo, 22 de março de 2015

Elis Regina e Chico Buarque e a depressão do Brasil.



Ultimamente se tem falado muito sobre a cantora sem realmente colocar o que era o seu tempo e fora de seu tempo. Não se fala da depressão da Elis Regina que já declarava que as coisas mudaram.
Um sentido óbvio é perceber as vendas dos discos em épocas da ditadura de um povo entorpecido. O Arena vivia seus melhores momentos e o Chico era aquele que se fez na ditadura. É um erro pensar o povo da época com consciência de ditatura. E tem gente falando que era o mundo e o fundo quando na verdade existia uma atmosfera pulsando Chico e Elis. Viver exilado na França também não era tão ruim. A França pagava salário para eles. Estou procurando um exílio deste nem que seja para viver na Pont Neuf.

Com o momento da transição da ditadura para a democracia as coisas já tinham mudado o seu discurso. E ficou evidente a transformação e a constatação da Elis Regina na sua volta. Ela mesma em declaração já falava de algo mudado. E mudou. Basta ver o Chico Buarque com todo o nome construído na época, se ele lançar um disco hoje com certeza não vai vender o tanto que venderia naquela época ou o sucesso no vulto de sua obra.
E a tese é que o entorpecimento não deixava ver o político na música. Enquanto na transição era discurso de novos momentos e aquela música já não dava conta da nova realidade. Elis já não era uma cantora e sim uma representante de um simbolo político, como o Chico também. Foram acordados do entorpecimento. E aconteceu a depressão da Elis Regina com a fatalidade e o envolvimento com a cocaína, e dá para aliar ao seu momento depressivo. Estou falando num âmbito popular e não é específico da política das gravadoras.

Acho estranho a forma que se referem a uma pessoa no passado mantendo só os feitos e sem se ater ao momento que ajuda a explicar os feitos. Existe sempre uma mentira no Brasil ganhando proporções oportunistas de um mundo prático sem o aprofundamento necessário.
É um grande erro falar que o povo combatia a ditadura. E estes falantes aí vendendo bem a democracia para serem os galos no galinheiro já se davam bem com a ditadura. 
Hoje a gente tem mais consciência política de que as coisas não vão bem e melhor. Só nestes primeiros 3 meses do ano de 2015 já foram mortos 40 pessoas com balas perdidas. Existiam problemas lá. E existem problemas hoje. Então nada mudou tanto assim para se achar que lá era o ruim e agora estamos muito bem. A transformação para melhor não vem desta dicotomia e as mudanças para melhor é quase um utopia. O mundo não é feliz.

E sinceramente, não gosto das músicas da Elis Regina. Mas gostaria de ver um povo consciente e respeitando a memória dela. O que eu vejo não é bom. Vivi lá e não gosto de mentiras. A quem serve tudo isto? Pode até ser alguém aproveitando a oportunidade de aprovar projetos de leis de incentivo para ganhar em cima da memória dela. Acredito até que achei os motivos agora. É hora de contar a história a maneira clássica isto porque o povo uma hora vai começar a desconfiar destas formas elogiosas quando sabem que a vida não é toda estrela. Outra coisa é falar tão mal do passado se o presente é uma decadência só. Têm gente que vai ficar com a pulga atrás da orelha.

O mesmo entorpecimento que faz os brasileiros amarem as músicas da cantora americana Rihanna, sem entenderem uma sequer palavras do que ela diz. 




Um comentário:

EDIR VIEIRA disse...

Gostei da reflexão, e considero pertinente suas conclusões. Abço