terça-feira, 18 de julho de 2017

Febre da igualdade e a igualdade funda a desigualdade


Este título tirei de um prefácio do texto O mestre ignorante de Jacques Rancière¹. E ele tem muito a ver com nossos dias no Brasil.

Nos governos de esquerda ficou muito claro o investimento na educação, com novas universidades e um indivíduo aberto para uma nova captação do saber. Sair da ignorância e do superficial é algo profundo como meta da igualdade em alto nível. Um grande acerto da esquerda. Mas isto tem consequência:  

O acesso ao conhecimento leva a desigualdade também. Alguns se tornam mais preparados e aqueles que não buscaram ficam mais ignorantes diante destes olhos. E isto acaba numa intolerância prática com aqueles que vivem do comércio e numa bifurcação para o consumismo, de repente, se vê numa burguesia desprestigiada de novo. Lembrando da revolução burguesa francesa. 

Um outro lado é a "febre da igualdade", termo tirado do mesmo prefácio que leva uma população a um patamar mais elevado na sua qualidade de vida e de consumo. E agora na polêmica da passagem de classe pobre para abastecida. E aí o namoro com a classe burguesa é consequência. O indivíduo precisa se ver potencializado para a conquista e nisto defende o futuro e não o seu presente. E isto bate com a demagogia política com as promessas de futuro e desprezo pelo passado. Então tudo que se fez e se conquistou já não vale mais nada. Infelizmente é o sentimento predominante hoje no Brasil. E a atmosfera de um caos se estabelece e a revolução dos desiguais é suprimida para restabelecer uma ordem burguesa. 

¹ Filósofo francês, um professor intelectual com grande visibilidade no mundo. Professor da universidade da Universidade de Paris VIII. 

Os absurdos da representatividade democrática em coluio com o jurídico


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