domingo, 21 de setembro de 2014

Estilhaços e [...] algo assim



Um domingo como deveria ser todos os domingos. Todos os dias deveriam ser domingo e dia de criança brincando. Os animais brincam, as crianças brincam e os adultos pensam que amadureceram. Mas basta chegar o domingo para aqueles adultos voltarem sua atenção a criança em si quando arrastam o cachorro e rolam com as crianças no gramado.

Elenco do Estilhaços e [...] algo assim
A peça que assisti “Estilhaços e [...] algo assim”, neste domingo a tarde no Sesc da Esquina em Curitiba resgata este tom natural primitivo das brincadeiras. Interagem com elas num grande bacanal da alegria e afazeres infantis. A marca principal é a participação deles na peça, incluindo os pais que muitas vezes não tiveram a oportunidade de se soltar quando criança. As imagens soltas e incentivadas pelos atores no jogo.

A colocação de um jogo infantil estabelecido na natureza animal que se reflete em outros animais, que não da nossa espécie, vem universalizado. Tanto que um adulto sabe ser criança como uma criança e volta sempre a suas origens primitivas. Um cachorro morde a orelha de um outro na brincadeira sem machucar representando que estão com raiva um do outro, e as crianças interagem nesta sintonia. 

Um ator é abençoado duplamente quando estabelece este nexo. Pode parecer sem sentido isto. Mas ele é que faz a separação tênue entre natureza e cultura humana. E toda a nossa criação não vem das necessidades humanas como pode parecer. Ela vem desta possibilidade de brincar como um sonho da vida em contemplação. Principio básico para a cultura. Pode-se até criar pela necessidade imposta sem ser as grandes descobertas pelo sonho. A nossa racionalidade é um devaneio, um ser desperto no mundo.  

Nenhum comentário: