sábado, 24 de outubro de 2015

Efigênia Rolim e Diógenes



A algum tempo venho acompanhando a trajetória da Efigênia nas suas atividades que instiga a cultura curitibana. Embora com sua perversidade política atuante sem deixar margens para um artista com sua dignidade. Naturalmente os artistas são mais valorizados por aqueles nas ruas sensíveis percebendo o diferente e contribuindo na continuidade de uma mente aberta e a vontade no seu espaço. 

Em Curitiba e em qualquer lugar do mundo se é possível encontrar pessoas diferenciadas dotada de uma capacidade imaginativa nas esquinas. O antropólogo Lévi-Strauss fala que cada um está em uma encruzilhada. Isto não é novo no nosso meio e até respeitado como o caso de Nostradamus com suas profecias em épocas de alquimia, e Diógenes vivendo em um barril rodeado de cães desafiando o poder de Alexandre o grande. 

É intrínseco no humano e até catártico a possibilidade da libertação do mundo rigoroso para um mundo contemplativo como trabalhado na filosofia. E em um primeiro momento até Kant optou pela imaginação na sua "Crítica da Razão Pura" para depois estabelecer outras faculdades mais racionais. Interessante que morando só numa cidade Alemã ele tinha uma vontade cosmopolita com implicações influenciáveis de um mundo poluído de habitantes culturais. E se a Ilíada era cantada pelos rapsodos em esquinas de Atenas e em toda a Grécia então justifica seres em púlpitos contagiados de emoções em leituras bíblicas num tom poético. E se encontrar alguém na esquina e se desloca do corpo que paga um preço por isto e entra fascinado em devaneios, não se preocupe que é tudo um ciclo do cosmo que te inclui nela. E se você viu e instigou é por que você está nela e potencializando quem está fazendo a dar continuidade nesta trajetória que mistura arte, estética e loucura por ser diferente.  Mas não tão diferente assim sendo que te chamou a atenção e se identificou. Há um lugarzinho guardado em você para a loucura. 

A Efigênia tem sua arte. Mas ela é a poesia. Aqueles objetos feitos de papel de bala no figurino dela nos "Os Olhos Verdes da Neurose" que está em cartaz é só a materialização de um mundo que se apresenta para você. Não espero os psicólogos e filósofos porque estes não fazem filosofia e não vão assistir a peça. Mas espero você que compreende o que falo. 

Peça Teatral: Os Olhos Verdes da Neurose

Dias 06 e 11 de Novembro 2015 - 21h00
Investimento: R$20,00 (inteira) - R$10,00 (meia para estudantes, aposentados, professores). 
Local: Brechó Colete & Corselet - Rua São Francisco 51 - Largo da Ordem - Curitiba.




sábado, 17 de outubro de 2015

Básico para Ator em Cinema



Um básico no meio. Faço filmagens constantemente e vou passar um pouco da experiência direcionado ao cinema adotado geralmente nas produções mais profissionais. Isto no intuito de facilitar minha vida porque isto se torna cansativo para todos quando as coisas não sai no andamento normal.
O ator tem que ter pego o personagem e chegando para filmar tem que se preparar tomando a iniciativa sem ser mandado (geralmente tem uma roteirização do dia com todas as rubricas que deve fazer para a filmagem preparada um dia anterior, caso de novelas e até cinema, quem faz geralmente é o Assist. direção e era o que eu fazia na minissérie). Fazer a maquiagem (possivelmente vão ter os profissionais apropriados para isto. Nem sempre no cinema de hoje quase sempre digital) e ter todos os elementos do seu personagem sob domínio. Diretor não vai ficar com vc dizendo tudo que vc deve vestir e se maquiar. Só quando ele tem algum detalhe que ele quer priorizar.
A câmera de cinema no geral o aluguel para um grande trabalho que seja uma Arriflex deve custar um aluguel por dia de uns 20mil reais. Então pense que as coisas tem que ser dinâmicas e uma boa comunicação. Custa muito dinheiro e tudo é muito corrido. E todo estes cronograma serve para o diretor ficar descansado no final do dia. Se toda a energia for para a cabeça dele no outro dia a filmagem vai ficar uma merda. E tem coisas que nem dá para falar porque são na experiência que vc vai ganhar a dinâmica.
Depois que tiver com o figurino e maquiado vc vai para o set de filmagem para se ambientar e a marcação de câmera, luz e áudio. Para isto vai ter que estar aquecida e desenvolvendo seu personagem na medida que pode fazer isto para ficar a vontade com o personagem. Muitas vezes o diretor trabalha direto o personagem se for na área comercial com falas pequenas. Não diferencia muito do cinema.
Existe algo que é o respeito sobre o que vc faz como o tipo de não se comunicar com o pessoal que não seja da tua área do tipo um iluminador falando com o ator. Diretor só vai falar com vc na hora que for fazer o personagem. A cabeça dele vai estar no resultado e não em detalhes que não vão somar no total. O ator tem que ter consciência de que nunca vai entender o que se passa na cabeça do diretor naquele momento. A cabeça dele vai estar em coisas que as vezes nem lembra do ator. Ator e diretor em cinema é muito diferente de ator e diretor em teatro. Facilite tua vida na filmagem que o diretor vai te agradecer, se ele lembrar de você.
Pense que a cadeira mais confortável no set é do diretor. Se vc sentar só vai estar cometendo um suicídio profissional. A hora que vc sentar todos vão olhar para vc. kkkkkkkkk
E se perguntar que horas vai acabar a filmagem com certeza não entende nada de cinema e filosofia. O andamento das coisas de cinema anda num tempo e numa lógica que não dá para se enquadrar no cotidiano. A montagem dele tem um tempo próprio, e o mais louco de tudo que na edição vc pode mudar o tempo. 

sábado, 10 de outubro de 2015

Ideologia e Modismo no Teatro.



Pontal do Sul
Algumas coisas que aparentam ser diferentes podem ser iguais no intuitivo. As separações que fazem no teatro que por mais que seja muito velho se pesquisa pouco. Claro que não o Aristóteles e sua lógica e poética. Estou falando do teatro e as novidades que apresentam como soluções de uma nova órbita de atuação. 

Seguindo a intuição me parece que há uma aproximação do que seja o teatro de Aristóteles com os pós modernos no palco. Começando com Althusser na sua citação:

"um exemplo bem concreto": todos nós temos amigos que, ao baterem a nossa porta e, ainda com esta fechada, ao perguntarmos quem é?, respondem (porque"é evidente"): sou eu!. De fato, nós reconhecemos que é ela ou é ele, Abrimos a porta é verdade que é mesmo ela quem estava batendo".

Nele se refere ao reconhecimento ideológico. Você pode conhecer próprio do Aristóteles e reconhecer ideológico como a idéia de Platão. Isto porque o fenômeno não se apresenta por inteiro e marca uma repetição e o que prevalece é a idéia sem fundos. O Aristóteles transforma isto em verossimilhança que pode-se traduzir como verdade semelhante. Verdade semelhante não quer dizer que é igual. 

Os pós modernos tem a pausa estátua nos palcos. E diz que isto é uma redução fenomenológica. Poxa, isto é o que esta sendo falado. Com o detalhe que esta redução vai chegar exatamente ao mesmo lugar sendo que o fenômeno não se apresenta na integridade. Você pode ter um entendimento ao modo Kantiano e mesmo assim ele jogado no a priori se desmancha no efêmero. Não se chega na verdade. Então por que o teatro quer ser tão egocêntrico a ponto de chegar primeiro neste paradoxo? 



Necessidade de Teatro.



Foto: Dasein - Pontal do Sul
Dentro de uma visão do homem que representa se pode perguntar pela necessidade de teatro. Está necessidade de se atualizar. Um teatro que hoje e por algum tempo vem passando por uma crise. Crises no sentido de ter uma gama de interessados em fazer teatro. Tem algo no teatro que instiga e chama. Ao mesmo tempo conciliando com a crise do público que é cada vez menor. Mas ele não morreu e vive 2.500 anos. Se não morreu ele é vivo e não cabe tentar matar como alguns querem fazer. 

Existe teatro para diferentes públicos hoje e até para não público. Muitos nem percebem que o cinema e a televisão tem teatro sendo que a base dele é o ator em ação. Vivemos o teatro no plano da necessidade muito mais intenso do que aparenta ser. Tanto para o público como para o fazer teatro. Mas a pergunta não foi esclarecida do que seja a necessidade de teatro? 

Uma das loucuras do teatro é perceber a quantidade de grupos e atores no Festival de Teatro de Curitiba. Estou falando loucura porque a necessidade de teatro não foi esclarecida. É uma grande orgia que deveria ser regado a vinho. É claro que existe interesses que levam a este evento como acontecimento que também se encaixa no desdobramento da pergunta da necessidade.  

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Diderot e o Ator



Uma das coisas que me ficou muito claro no trabalho do ator e encenador é como abordar o texto de teatro numa montagem. Longe das loucuras das teorias pós dramáticos, com certeza as experiências que vou passar são concretas e vividas, sem contestação. 

O texto no inicio da montagem tem seu lugar significativo porque é dela que vai sair as primeiras visualizações imaginárias para ser moldadas. Mas com o passar do tempo na quantidade de ensaios o texto some. E agora é o ator moldando seus personagens. Questão de quantidade as vezes é relativo porque o tempo longo se tem a meditação. Mas na prática quanto mais se fizer o trabalho de ação, mais se tem um resultado de conjunto e do trabalho do ator transbordando. 

Diderot no "Paradoxo" coloca o cansaço na quantidade de ensaios para fugir do texto e assim a qualidade venha a aparecer. Alguns confundem quantidade pois tudo tem seus limites e o encenador deve perceber até que ponto pode chegar num ensaio. Muitos atores inocentes perguntam quando começa o ensaio e quando termina. E como é artista geralmente chega muito atrasado (não estou falando dos problemas do Rush dos ônibus e do tempo chuvoso que justifica). Mas perguntar quando termina é de atores iniciantes. Isto demonstra que a evidência se realiza percebendo que os atores maduros assimilam este fato no cotidiano dos ensaios. Então não é só o encenador que percebe este detalhe. 

Tive um caso de ensaiarmos uma peça e ela estava transbordando e dias antes da apresentação os atores deram motivos para não precisar ensaiar mais até a apresentação. E era uma seleção que passaram. Mas, a reclamação é que não saiu como nos ensaios. 
Eu tinha alertado para o fato porque não me é novo isto. Ao contrário, nos dias de apresentação é que eles deveriam ensaiar muito. Neste caso não é uma questão só do texto e sim da ação mais ontológica no palco. Acho razoável a experiências de fazer pequenas pré estreias como estou fazendo com a peça "Os Olhos Verdes da Neurose", apresentando para amigos e escolas. Amadurecer a fruta se come ela com gosto de açúcar. 

Estes que confunde a quantidade de ensaios pode ser possível que um seja o Zé Celso do Teatro Oficina. Dizem que os ensaios dele levam em média 3 dias. E aparentando uma orgia dionisíaca. Quem não gostaria de uma coisa desta? Até Erasmo de Roterdã estaria perdido neste mundo. Mas ele tem a coisa do contemporâneo e nisto sinto que fugiu um pouco da minha proposta. 



domingo, 4 de outubro de 2015

Futebol e Política no Brasil



Ficam falando da história como se ela não prestasse para nada. No mínimo lembrando das desgraças que o homem pode fazer. Querem um futebol dos anos 70 que não conseguem fazer. Isto deve ser preguiça de pensar. Isto é ser contemporâneo. Não vi vantagens nenhuma.
É necessário se ter o futebol para se ter um nacionalismo. Este vírus a ditadura encaixou e não tem quem ache o antídoto. Como que vou vestir a camisa da seleção e pular na frente da televisão adorando meu país? Já tentaram fazer uma copa que seria o ideal e virou uma piada com os 7x1. E o Brasil em vez de se nacionalizar acabou numa baita crise institucional.
Já deu para constatar que o Brasil unido não funciona. Deveriam separar em 3 partes. O sul. O centro com Rio, SP e Mg que são potencias por si mesmo. E o nordeste com seu amazonas. Três características diferentes e fortes em si mesmo. O sul, basta ver suas riqueza e países como o Uruguai que se sustenta com independência. O amazonas com o potencial natural. E valorizando as suas diferenças cada um poderia tirar dela o melhor dos seus potenciais e se ajudar. Agora. Ficar nesta bagunça não vai levar o brasileiro a lugar nenhum. Vai continuar a orgia política. Uma lógica nos discursos do futuro político cheio de heroísmo que todos sabem que não vão se realizar. Pelo contrário, só decepções. 


Pontal do Sul