Cultura do Absurdo
No geral o brasileiro têm Curitiba como uma cidade padrão. Mas, como toda cidade têm seus problemas dentro de uma ordem política que cada vez vem satisfazendo menos os cidadãos que a compõe.
E se a energia da cidade se torna caótica é porque esta é a soma de insatisfação que muitas vezes indicam para a necessidade de um estado mais policial sendo que a falha se encontra na conjuntura do estado que não acompanha as demandas ou se
posiciona numa política maquiavélica para provar o seu poder.
Cada vez mais se sabe que a cultura é um bem invisível com suas formas simbólicas que torna os “modus” e conflitos se assentarem num espírito de reciprocidade, que faz ver a importância do estado como organizador de uma comunidade de cidadãos. Mas, quando isto esta defasado, trás o transtorno entre o cidadão no seu ambiente com um estado apático e procurando se impor.
São detalhes que fazem a diferença, como a estrutura da Fundação Cultural de Curitiba que mantêm um sistema distanciado numa postura de que faz e não deixa ser visto como é gerido. Apresenta editais que são verdadeiras aberrações, que na verdade cada edital são dois editais.
Enquanto outros mecanismos semelhantes de demanda apresentam editais dinâmicos e dentro do espírito dos artistas; como formulários em Word com tamanho de 400 kb e edital de aproximado 200 kb. O edital do "Leituras Dramáticas Oraci Gemba" da Fundação Cultural de Curitiba apresenta 1.522 kb e o outro complementar do mesmo edital com 1.488 kb. Com um formulário a ser preenchido cheio de logomarcas para demonstrar seu peso político com 3.218 kb. Se for um artista que tem um computador mais velho com certeza sofre, e qualquer transferência de mídias de tais procedimentos devem ser bem analisado para a possibilidade de não dar certo, como uma de minhas experiências.
Dentro de dois editais, que no olhar da Fundação Cultural é apenas um, se pode esperar todas as exigências e imposições que o artista simplesmente fica atônito. No edital "Leituras Dramáticas Oraci Gemba" em primeiro lugar já colocam que ela será distribuída para bibliotecas, demandando de forma subjetiva que a sua avaliação tem que ser no contexto de uma universalidade do tema para abranger todos os gostos, mesmo colocando que o artista pode optar por adulto e infantil. O texto deverá ser entregue em três vias encardenadas juntando com os documentos, aparentando os volumes de processos judiciais. Visto que os tamanhos citados acima dos downloads demonstram que o custo de papel e impressão dos textos onera o artistas, que ainda por cima, e uns 95% dos esperançosos são eliminados nas avaliações da comissão julgadora, acarretando em desestímulo. Além do mais a exigência incisiva da postagem em Sedex com o custo que acarreta em inviabilidade para o artista que procura se manter a duras penas.
Para uma cidade ecológica, uma entidade cultural deste porte, tinha que ter a responsabilidade de perceber o desperdício e rezar a cartilha conforme a insistente propaganda de cidade modelo, que eles divulgam.
Mas, o que mais chamou a atenção no edital é o item 2.9. "Cada projeto deverá conter obrigatoriamente proposta de contrapartida
social, consistente na realização de ações de difusão artística, capacitação e/ou aprimoramento técnico, que incluam ciclos de debate, leituras dramáticas, cursos continuados, intervenções no espaço urbano, workshops, dentre outras. Na análise das propostas, serão valorizados a abrangência das ações, em termos quantitativos e qualitativos, e os elementos qualitativos constantes dos currículos dos executores destas ações”.
Aqui demonstra o caráter político que o artista deve se submeter para ter seu trabalho valorizado com R$10.000,00.
E ainda por cima, o artista deve apresentar um orçamento para gastar este valor, deixando claro que não é para premiar o texto de teatro, o tempo de reflexão e o tempo que o artista levou escrevendo. O que deixa claro é que a instituição quer que o artista trabalhe para a divulgação do estado que esta "dando" os recursos, e este resultado se submeta a resignação dos procedimentos. Se é que o artista neste momento vai ter tempo de trabalhar a sua produção artística, ou se ele tem a especificidade social que pode ser a diferença no conteúdo do texto teatral. Destacando a peculiaridade de muitos artistas que tem problemas de aceitar a convivência social e política.
O vício grave deste sistema vem impresso no edital com a possibilidade do artista apresentar até três nomes para avaliar o seu projeto. E aquele artista que tem a esperteza de colocar um laranja acaba tendo um resultado favorável, que vem dos resquícios de um coronelismo manipulando a seu favor dentro do estado. Fora que a Itália vem combatendo a máfia e no Brasil ela se torna um procedimento oficializado, sem nenhum problema.
Tais procedimentos citado e outros, mostram um sentimento de superioridade do estado, visível, diante da inferioridade dos artistas que tem pouco respaldo na valorização do seu trabalho. Tanto em Curitiba como nacionalmente. Visto o montante econômico de grande porte, e sua cultura vem sendo marginalizado por um status político. Bastando ver os nomes culturais que representam e são referência no Brasil.
Como um autor de texto e sabendo das produções do passado, venho pedir um mínimo de respeito e dignidade diante desta ótica esfacelada da produção contemporânea de um teatro local. Já adiantando a minha impossibilidade de participar dos editais “Leituras Dramáticas Oraci Gemba” com inscrição do dia 23 de setembro á 08 de janeiro de 2009, devido a falta de sensibilidade de perceber o artista na sua modesta participação do fomento cultural.
foto 1: Logomarca da Fundação Cultural de Curitiba
Foto 2: Sede Fundação Cultural de Curitiba no Largo da Ordem
Foto 3: Prefeito Beto Richa e Presidente da Fundação Cultural de Curitiba.
Carlos Jansson