quarta-feira, 1 de abril de 2009

Em todos os festivais têm aquele comentário de que a quantidade não corresponde a qualidade. Pensando desta maneira é certo que se tudo fosse qualidade não haveria nada para melhorar.
O festival tem um formato que deu certo e perfeito ele não é. Não cabe perguntar o que esta sendo feito nos bastidores ou questionar algo que se mantem por tanto tempo e com a visibilidade que têm.
Um outro olhar sobre a quantidade é o fomento e a grande festa do Teatro Brasileiro. E como diz o ditado: "time que esta ganhando não se mexe".


Foi destaque o Grupo tibanaré de Cuiabá no "Espetáculo Porto" contando sua história e danças na concepção do livro "Porto" da poeta Luciene Carvalho e Rômulo Fraga. Usando instrumentos originais de sua região; a viola de cocho, ganzá chamado de reco-reco, o tamboril. Com uma vontade e uma riqueza do Siriri e Cururu da cultura do Mato Grosso. Após a apresentação abriram espaço para opinões e foi pontuado pequenas deficiencias de luz.
Com certeza eles sairam deste festival com a lembrança de momentos bons, o intercambio, a viagem cultural e energizados para próximos trabalhos.
Este sim é o Fringe.

Enquanto alguns querem uma seleção elitizada para o festival como foi "A Mulher que Ri", cotada com uma das melhores, onde a diretora na coletiva repetiu pelo menos 20 vezes a palavra "memória", e em um determinado momento um jornalista fez uma pergunta e ela soltou esta: "a memória é simples de entender". Se ela estava argumentando a memória e depois desqualificou, era porque não tinha nada a dizer.
Em quase todas as falas na peça o ator pronunciava a palavra "mãe". A história era de um filho que estava entre ir embora ou ficar com os pais. O pai perdeu o emprego por ter aderido a uma greve. Que nem de longe lembrou a peça “Black-tie”. Teve um momento que sairam procurando uma moeda removendo tacos no chão, e foi muito esquisito. Acho que estavam fazendo menção catártica aos mendigos nas ruas. E para quem esta acostumado a ser interceptado por mendigos em desespero, fica uma grande diferença de atuação, de um ator que acabou de sair de um hotel com sua roupinha nova. E as falas longas do ator era trucada e de difícil compreenção. E peças com narrativas priorizadas, se sobressaindo a ação dramatizada, são de péssimo gosto. Dá a impressão que falta direção.

Se pelo menos fosse o Guilherme Leme da peça "O estrangeiro" embaixo de um forno de luz no palco. Porque se ele tivesse que fazer 5 apresentações naquela condição, com certeza, poderia mudar o nome para Guilherme Assado Leme. Senti, sentado nas primeiras filas, um calor que queimava minha pele. E para enxergar o ator tive que colocar uma proteção dividindo o ator com a luz em questão. Era muito forte e o ator deve ter sentido a sensação do inferno no palco.

Brincadeiras a parte, "O estrangeiro" foi surpreendente. Esperava um pouco menos do que no livro e agora me sinto na obrigação de ler de novo por perceber que não tinha percebido certos detalhes. Embora, uma amiga jornalista ficou com a sensação de um "nem daí para nada" do personagem como destaque, não dando a dimensão de Albert Camus proporcionou no livro.

A peça muito bem dirigida, pela diretora Paranaense Vera Holtz, e com certeza marcou o Festival de Curitiba 2.009.

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