sábado, 4 de abril de 2009



Ainda bem que estão lendo o blog, senão ficaria preocupado. A intensão é aprender um pouco e refletir sobre os espetáculos deste festival. Com uma pitada de humor e desvendar universos compostos em palcos. É claro que uma crítica relativa de um olhar que pode ser generoso e pode ser cruel com aqueles que se posicionam sem ter o que mostrar. Uma crítica construtiva para aqueles que absorvam o olhar e buscam melhorar seus trabalhos. E o objetivo destas palavras é consagrar aqueles que buscam.

Falando em olhar, tem um versículo na bíblia em Mateus 18:9 que diz: “E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno”. Já vi que estou pecando por ter três olhos e que é título deste layout.

E falando em inferno, lembrei do Guilherme Assado Leme e seu inferno no palco para ser fiel ao Livro “O Estrangeiro”, do Existencialista Albert Camus, onde o acontecimento principal acontece na praia embaixo de um sol de rachar. Neste caso a ação aconteceu no inferno ao contrário da bíblia que coloca a ação que pode levar ao inferno. É a evolução!

O inferno é uma palavrinha incomoda. O pecado calcado na moral norteia os hábitos, costumes e culturas do ser humano. Os bichos devem ter muito pecado, porque não ficam escolhendo seus parceiros e parceiras ideais na cama. Enquanto isto percebemos que somos frágeis, solitários mesmo em companhia do outro, e principalmente morremos.
Até que ponto poderíamos assumir o homem natural de Jean-Jacques Rousseau numa selva onde todos morrem mas ele solitário, o homem, não vê o seu próximo morrer. Então não conhece a angústia da aproximação da morte para si.

O tema Existencialismo é muito amplo e faz parte na nossa filosofia contemporânea, com uns dos seus maiores representantes presente no Festival de Curitiba 2009, com a peça “Paredes Revisitadas” do Mercado Cênico da capital Campo Grande do Mato Grosso do Sul.

Um grupo consistente. Mas, meio perdido em Curitiba, sendo que achei eles numa rua e levei ao local das apresentações.
E não escaparam a regra deste ano, e poderiam economizar na vontade. Que não é negativo, e tem o lado romântico de mostrar o seu melhor. Uma energia que comprometeu o clímax quando foi necessário. E um tema que o silêncio e a melancolia falam por si. Por outro lado a peça agradou o público e o seu carisma foi um dos pontos chave destes artistas.
Os trabalhos Curitibanos poderiam se espelhar nestes grupos que vem de fora e tem um respeito por seu público, vínculado com o mito do Curitibano que exige um bom material e é crítico.

Devemos considerar que o espetáculo no Solar do Barão tem deficiência de luz, e no início do espetáculo o som tinha ruídos. Como o Teatro Universitário de Curitiba que a iluminação na maioria dos espetáculos cortava a cabeça dos personagens com uma sombra.

“Paredes Revisitadas” trás a tona o universo de “Quatro Paredes” de Jean-Paul Sartre, onde “o inferno é aqui”. São personagens que se consomem numa convivência, que é comum na intimidade dos relacionamentos onde uns conhecem outros, e aprofundam suas mágoas e ansiedades.

Com certeza o Mercado Cênico nas próximas apresentações se sentira mais a vontade em Curitiba. E com temas polêmicos que parece ser as suas veias artísticas, num caminho de descobertas sem o calor do Guilherme Assado Leme em “O Estrangeiro” do Albert Camus.
E cito Mateus 10:28: “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”. E este “aquele” da citação lembra o Nietzsche com sua transcendência do Homem.

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