As vezes as coisas se complicam quando deveriam ser fáceis para facilitar nossas vidas. O difícil fica como uma aura de uma grandeza sublime. Quando o sublime se apresenta nas substâncias simples. Cada vez mais o mundo aguarda que as coisas se resolvam de forma mais branda e natural. Os paradoxos são só uma alteridade reflexiva da vontade de uma nova ordem que instiga. É assim no Paradoxo de Diderot com a impressão que se deve ler muito sobre o assunto para se chegar a um resultado. Claro que não dá para tirar o mérito de estudiosos e intelectuais como o nosso papa Franklin de Mattos no seu livro "O Filósofo e o Comediante" que ataca na veia o assunto.
No artigo da Dra Maria das Graças no seu artigo "Moral e Espécie: Diderot e o Paradoxo do Homem Virtuoso" que num pequeno artigo ela desvenda toda a trama do paradoxo. Que nada mais é o olhar que se tem sobre o espetáculo sob o ponto de vista do público e do crítico. São dois pontos de vistas diferentes. Claro que tem toda uma análise de comportamento de atores nos palcos e na vida. Mas se resume a isto.
Diderot, Voltaire e Rousseau não falaram nada novo nas observações sobre os atores e os espetáculos, como também não é velho. É questão atualizada e vai ser pós contemporânea daqui alguns séculos. O espetáculo e os seus tem especificidade já alertada em Aristóteles que nunca vão se perder. O olhar do espetáculo é assim, de muitas maneiras (podendo ser subjetivas). E alguns como os críticos trocam de lentes para enxergar de forma objetiva e as vezes cruel.
No Festival de Teatro de Curitiba um espetáculo chamou a atenção pela abordagem na divulgação. Acreditando, por ser em Curitiba a modéstia e a humildade deve prevalecer diante de possíveis produções mais grandiosas. E existe um grande engano, como o espetáculo "Estação dos Passageiros Invisíveis" de Juíz de Fora em Minas Gerais.
 |
Estação da Galeria Julio Moreira em Curitiba |
Um espetáculo daqueles que ficou invisível no debate de importância de sua dramaturgia. É importante que os grupos estejam atentos ao contato com outros para passar o trabalho que estão fazendo. Mas nem sei se era bem isto que eles queriam. E o contato foi tímido ao ponto de ter ficado em dúvida se veria a peça. Como tinha trem, que é um transporte charmoso e muito usado na dramaturgia para passar um caminho infinito e romantizado, me convenci.
Foi assistindo que percebi que o trabalho é amadurecido em pesquisas e assessorados na dramaturgia. Uma situação de usuários de craque numa estação de trem. As falas dos personagem muito bem trabalhadas para não carregar com o termo "nóia" dos usuários. A trama consistente nela mesma e com um final esvaziado próprio de uma grande dramaturgia que não precisa dos chavões aristotélicos. O meu último espetáculo do Festival de Teatro de Curitiba de 2015 bateu palmas. Um tema novo para a dramaturgia sendo que o problema destes usuários é recente e muito bem lapidado. Algo próprio dos nossos dias com pessoas falando sozinhas pelas ruas com seus celulares. Por coincidências as pessoas falantes sem celular pelas ruas deixaram de existir. Não vejo mais. E os usuários com suas conversas impregnadas de absurdos encaixado e recorrente nas cidades. Até mesmo de Juíz de Fora, embora não seja uma cidade pequena e a história é baseada em fatos reais. E por favor, na próxima sejam mais ousados.
INMundos Cia Teatral
Texto: Rafael Coutinho
Direção: Leonardo Cunha
Elenco: Bruno Quiossa, Pri Helena, Rafael Coutinho.