Claro que a contribuição de Bauman envolve uma atmosfera estética de um cosmo que vivemos. Desde o "Véu de Maya" de Schopenhauer e Nietzsche entre outras contribuições tão presentificadas como as tábuas no "Paradoxo da Nau de Teseu". Nada se modificou no ser a não ser as tecnologias e a ciência mais atuante que vem entorpecendo nossas expectativa de vida e desafiando a existência dos deuses. E Bauman faz um retrato deste nosso tempo na forma líquida. Deus fica por minha conta.
Mas o interessante aqui é a reportagem esclarecedora da Folha de São Paulo do artigo de Fernanda Mena. E duas citações marcam uma orientação que foge um pouco do discurso do pós guerras mundiais. É como se dissesse que não é bem assim. Eu vivi lá e sei como as coisas se deram ou a mulher dele viveu. E uma voz daquele que foi vítima e judeu destinado ao holocausto. Lembrando que a Hannah Arendt também tem uma posição em sentido próximo.
As citações são "O holocaustos só havia sido possível graças à tecnologia e a burocracia típica da modernidade".
Estes efeitos se assemelham muito ao andamento das questões da imigração e a xenofobia na Europa hoje. Tanto que até os fascistas que eram coisas superadas deram o ar da graça. As disputas por territórios já é histórica com os êxodos. Coisa que não é nova na nossa história e tem até um livro na Bíblia. Mas o que levou a este desencadeamento na modernidade foi a ambientação disto que Bauman fala na sua citação.
No livro Modernidade e Holocausto ele cita - o holocausto "tinha seu próprio código, que tinha que ser decifrado primeiro para tornar possível a compreensão" e o "holocausto foi no auge da nossa sociedade moderna e racional" (BAUMAN, p.10 e 12). Código que os imigrantes do norte da África devem estar tentando entender junto com a complexidade dos acontecimentos na Europa. E ele fala de uma janela que se deve olhar para entender. E por falar em Janela lembrei que vou estar com minhas peças de teatro no Festival de Teatro de Curitiba 2017. E uma das peças se chama "Janela para Casmurro" com um efeito estético sobre o olhar de Machado de Assis. A outra peça se chama "O Urso de Tchekhov" do Tchekhov que foi referência mundial da literatura e do teatro.
A outra citação da Folha: "Israel era nacionalista e nós estávamos fugindo do nacionalismo" Isto quando Bauman foi morar em Tel Aviv e não se acostumou. Aqui nesta citação é para mostrar que as coisas neste endereço são cíclicos. Com maior ou menor intensidade eles se repetem. É como a guerra que nunca deixou de existir na humanidade e já era anunciada por Tucídides e outros.
Gosto mais da outra direção mais vivida no momento que cabe dentro da estética que vem de uma colocação do Frued no livro de Bauman; O Mal-estar da Pós modernidade de mesmo título do livro de Frued que diz "o anseio da liberdade é contra a civilização como um todo". E neste momento estamos com um governo e uma rebeldia passiva que não faz deslanchar a economia e o estado de bem estar no Brasil. Estamos com uma mancha sem ver quando tudo vai ficar branco e puro, sem possibilidade de organizar o ambiente. A democracia se esvaziou e o volante ficou sem rumo. Há uma náusea persistente. Ficou difícil ser Brasileiro. Bauman fala que Walter Beijamin posiciona esta modernidade com o "signo do suicídio" e Frued como o "instinto da Morte". Tempo triste o nosso.
Fontes:
BAUMAN, Z.
Modernidade e Holocausto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
BAUMAN, Z.
O Mal-estar da Pós Modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
FOLHA DE SÃO PAULO: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/01/1848245-morre-aos-91-o-filosofo-e-sociologo-polones-zygmunt-bauman.shtml
 |
Zygmunt Bauman |
As citações são "