domingo, 31 de maio de 2015

Amor impossível: Um texto aparentemente futurista ou não....



Lendo o texto do blog "Amor Impossível de Suely Rolnik" me deparei com a fala "espelho, espelho meu, existe alguém mais mulher do que eu?". E curioso de saber se é uma fala de Homero ou talvez da "Mimese". Um texto de uma abordagem certeira, porém...

É intrigante o caso de amor de Penélope e Ulisses numa separação que considero o episódio pai de todos no cavalo de Troia. Brinco muito com a Troia com meus alunos de ensino médio. E eles se divertem muito. Uma das brincadeiras é quando faço uma comparação com aquele email que eles recebem na caixa de mensagem dizendo que tem uma foto da Xuxa pelada, e eles abrem e o computador explode. Isto pelo tanto de vírus que infectou o computador. E assim começo a brincadeira. E todas as vezes as gargalhadas me enchem o espírito e potencializam uma aula agradável. Algumas piadinhas com o Ulisses apaixonado e o curso fica bem ilustrado. 

Mas se a desterritorialização foi colocado na primeira bíblia grega. Então como colocar ela como futurista se ela sempre existiu? Existe uma tendência de todo o conhecimento passando por um território do passado e do futuro. Não deixando de existir sem dar a ênfase de um futuro mau com orientações tendenciosas como discurso. Desfazer os gens gregos não quer dizer que lá já não havia ou o seu princípio foi no sentido dele. Se pode achar que a humanização ultrapassa o natural e talvez o natural queira se sobressair sobre a humanização. Adotando ela como um desenvolvimento e até "uma direção da marcha do mundo" beirando a ficção. Muito saudável por sinal.

O Amor impossível tem consistência. Mas acaba a consistência quando Penélope não reconheceu a mancha do Ulisses. Mas que amor é este? E aí o problema já não é do épico e sim do olhar de Homero com o complicador que eram histórias orais do aumenta um ponto no conto feita por um povo fazendo a leitura sobre os seus. E tendo uma desterreorialização e a democracia se aliando em pról de uma liberdade. Sendo que a liberdade contratual vem se mostrando uma falácia. 

sábado, 30 de maio de 2015

Estética e Arte Dramática.



Sempre fiquei incomodado com abordagens em aulas de estética com uma orientação pelas belas-artes. De cara os professores vinham com pinturas de renomados do passado como comparações e escolas. Traduzindo em alguma coisa na grandeza da filosofia. A típica aula que dava vontade de levantar e ir embora já que ela não me serviria para nada. Tal era o meu distanciamento. Não que eu não goste de pintura, sendo que meu início artístico foi as pinturas a óleo e poderia ser um grande pintor um dia se estivesse lá no passado. Os tempos hoje não sugere uma vocação deste tipo e sim para uma ação entre 4 paredes. Não pensem que é cama e sim um cenário repleto com movimento.

Agora ficou tudo muito claro quando inicie a leitura do texto "A obra de arte viva" do Adolphe Appia. E já de cara, no inicio do livro ele abre aquilo que faltava concluir:

"Existe, porém, uma forma de arte que não encontra o seu lugar nem entre as belas-artes, nem na poesia (ou na literatura) e que não constitui menos uma arte em toda a força do termo. Pretendo referir-me à arte dramática". (p.20)

Claro que isto é um problema na estética já considerando a arte poética nos moldes das tragédias gregas que desencadearam toda uma representação viva no prático humanizado. Suspeitando que tudo que fazemos está inserido nele nas formas de espelhamento. É um rompimento incomodo na estética. Se faço teatro e numa aula alguém vem me falar de pinturas é quase como se sentir esfaqueado diante da importância do primeiro. Como falei; sem tirar o mérito das pinturas que lembra muito as cópias do simulacro de Platão. Acho pouco confiável.  

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Fundação Cultural de Curitiba 2015




A Fundação recebeu 268 projetos de cênicas no "mecenato subsidiado 2015". E deles alguns vão ser aprovados por uma seleção criteriosa. Na verdade isto quer dizer que os projetos vão ter um equivalente de valores para existirem. O certo seria que todos fossem aprovados por ser uma iniciativa cultural artística de promoção de uma comunidade pulsando arte. Mas não é assim que as coisas acontecem. São poucos que chegam lá e as vezes são os mesmos de sempre como tem acontecido muito. Acredito que destes uns 10 ou 20 vão ter suas propostas aprovadas. E quase sempre não é pelo seu teor artístico e sim por ter se enquadrado em um edital cheio de especificações preconceituosas e burocráticas, jogando um balde de água fria em qualquer boa vontade artística e potencialização de um grande artista. 

O Brasil é um dos países que mais se cobra impostos no mundo. O governo pega o dinheiro numa iniciativa de promover serviços e fomentos. Inclusive da cultura. Só que se observar na realidade não é isto que acontece. Os impostos servem para inchar instituições que não cumprem aquilo que foram criadas no sentido de interceder no objetivo. E levando isto ao extremo de colocar que fazem o sentido ao contrário do proposto sendo que pegam muito dinheiro e dão pouco dinheiro ao fomento, marginalizando o resto que não são poucos. 

O artista investidor ou empreendedor pensa numa estrutura viável e de perspectivas futuras estabelecendo uma parceria com os meios institucionais de promoção cultural. Mas na verdade isto é uma grande armadilha. Os 268 projetos pagam impostos altos já que todos tem que ter empresas constituídas. Estou certo ou não? O pior é que estou certo. Todos tem empresas e sei muito bem da quantidade de impostos que são obrigados a pagar mesmo não tendo giro, já que a arte não tem características comerciais comuns de produto. E se entram no mecenato é numa iniciativa de socorro diante do desespero que se encontram. Querem um pouco do retorno daquilo que investiram e uma esperança renovada já que o governo é o principal desestimulante da cultura, mesmo dizendo-se o grande interessado. Tive uma empresa sem fins lucrativo. O sem fins lucrativo era no sentido de me verem com alguém que não tinha interesses comerciais e que não deveria pagar impostos como eles. Grande engano. Acabei pagando muito mais. 

Este artigo serve como algo que possa auxiliar aqueles que acreditam. Acreditar neste Brasil com tudo passando pelos políticos gordos é suicídio. A estrutura que o Brasil diz ter na área da cultura é uma grande mentira e só serve para alguns atrelados aos maiorais. Desconfie. Você está no Brasil. E hoje nós temos um presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli que foi assessor técnico da comissão de Educação e Cultura da Câmara dos deputados em 2010. Então não espere nada para não investir na sua própria infelicidade. Aceite o conselho de um amigo. 

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Apropriações Teatrais



Existem certas apropriações que agridem e são tratadas como simples metáforas para se dizer alguma coisa. Sem se ater ao desvio que ela possa causar e danificando o significado das coisas. Num estafe de conhecimento um doutor para ilustrar o seu apreço pela democracia colocou que os gregos se manifestavam durante as tragédia e com isto o Platão ficou avesso ao teatro. Claro que ele odiava os sofistas e até tinha a iniciativa de uma ágora pulsante. Não sei até que ponto as duas coisas se misturam. Só que a afirmação que liga a tragédia a democracia pode sair cara por um comportamento ou uma episteme que não são da mesma abrangência. Existia todo um aparato político sendo que tais empreendimentos eram patrocinados. Só que as tragédias tinham uma elevação que se aproximava dos deuses. Certo que certos deuses se humanizaram. E se as tragédias se tornaram uma convulsão de críticas e interferências acabam não batendo com as características de um ator aceitando o seu papel ameaçado nos palcos. Se isto aconteceu com certeza foi o final do teatro. E não é isto que vemos no fazer desta arte. 

Os modos contemporâneos que se assemelham a tais condições no teatro podem dar aberturas para um público se manifestar. Mas mesmo assim com seus limites. Podendo ser um teatro como Bertold Brecht de um eterna discussão política que se insere no tempo presente sem se perder dela e até épico. Queira o não ela continua sendo um forma das quatro paredes intuitiva. Uma forma de ver a vida espelhada e refletida. Esperar que este espelho que misture é um pouco demais. As tragédias ganham um teor enigmática e um vulto de vida própria intocável. Ela chama um auditório que se resigna diante dos fatos que transcendem a compreensão e delimita os atos humanos. O espelho não serve só para se maquiar. 

A grande diferença dos nossos teóricos é que não se envolvem numa vida prática já que os tempos experimentais são fontes de novas filosofias. Repetem-se em espelhos metafísicos já propagados seu fim. E muitas vezes falam coisas sem o grau epistêmico necessário. O teatro não é tão aberto ao ponto de colocar a democracia como sua origem. Ele se afunda em poços interiorizados numa singularidade avesso ao absoluto. Até como arte intuitiva se chega a uma obra com o belo. Mas colocar o teatro a serviço da democracia acabou forçando demais. Pode ser até que tenha exemplos para se mudar o sentido das coisas. Que é bem difícil. Já sei que vão me dizer que o teatro arena era por uma democracia. Só o que ninguém fala é que Jean-Jacques Rousseau colocava a democracia para um grupo de habitantes pequeno. E se te falarem que estamos numa democracia, desconfie.


domingo, 24 de maio de 2015

A Máquina Teatral



Vivemos uma vida que se pode dizer intensa. Por mais que não se queira fazer nada se faz alguma coisa. Existindo momentos de verdadeira contemplação naquilo que se faz aprender a andar de bicicleta. Era uma já usada e resistia ao tempo e nele pude constatar a qualidade do vento no rosto pedalando pelas ruas. É como Artur Azevedo num dos textos dele colocando a experiência de uma criança no início do século no Rio de Janeiro andando de bicicleta em épocas que ela estava sendo inventada. 

Richard Lindner: Boy com Máquina
É possível se notar uma grande diferença entre estes que fazem artes e aqueles que não fazem e se dedicam a uma vida prática. Vida prática na filosofia é mais ou menos aquilo que Nietzsche coloca com uma falta de valorização da vida. Um condicionamento ruidoso que no geral o sistema impõe diante de uma consciência capitalista que para ser feliz é necessário o consumo. 
Só que deveriam se libertar e perceber que nossas vidas nem sempre se enquadram dentro daquilo que estabelecem como uma onda a ser seguido. E neste caso os artistas no geral se enquadram como libertados. 

Os animais brincam. Os homens buscam as brincadeiras num intuito de ser contrário ao pessimismo da realidade. Dá para perceber que é uma causa da natureza se manifestar de forma otimista. E aqui se misturam aqueles que pensam não ser artistas. Toda a produção tem um efeito artístico. Uma bricolagem. Muda-se um cano de água para facilitar um manuseio. Se coloca uma luz para iluminar as noites. São padrões da vida. 

No teatro se tem as técnicas para um desenvolvimento dos palcos no trabalho dos atores. Que hoje se confunde muito com a inércia tecnológica de que avançamos na representação com seus usos. E quase sempre se confunde nas alternativas deixando o público a desejar um espetáculo totalizado em uma obra. Não um exato absoluto e sim ele com suas intuições que aproximem o público com uma elevação artística. Existe um poder nas coisas feitas que não se deve diluir para uma desconstrução que não seja a obra. Um modismo na tentativa de trilhar um modismo que não sustenta uma arte que precisa manter sua identidade. A representação vai continuar existindo e diante de um mundo prático excluí o simulacro que as técnicas viabilizam. Ainda somos máquinas práticas sujeitas a uma esquizofrenia limite. A cura não se viabilizou e não é os artistas que vão conseguir implantar um chip de transcendência.

O teatro com suas características ganha um glamour quando ela mantem sua personalidade dentro de um espaço que lhe é delimitado. Isto ajuda na visualização de uma profissão que alça degraus nas pesquisas dos espelhos que somos. Não há um grande objetivo a ser alcançado nas tecnologias senão aquelas que auxiliam a obra. Dar um passo além disto e dar um passo atrás no brilho desta arte. Confundir não melhora em nada. 


sábado, 23 de maio de 2015

Crítica Teatral e o Jornalismo Cultural



Muitas vezes o espetáculo se sente órfão numa espécie de solidão. O público almejado não é aquele que a direção gostaria de ter. Uma das realizações principais é de ter os seus como os amigos, a família ou um grupo específico diante do tema da obra como público. Tal empreendimento não se realiza e é mais fácil desenvolver um trabalho na perspectiva de ser surpreendido com um público alternativo, para não se frustrar. Aquelas pessoas amigas, as mais amigas com certeza vão ter uma justificativa de trabalho ou estavam viajando. Mesmo que o ingresso seja gratuito. 

Outra solidão dos espetáculos é o reconhecimento. Aquele olhar de alguém do meio que venha dizer que você faz parte de uma escola artística e sua proposta é uma pesquisa apropriada. No geral as pessoas vão pelo entretenimento e provavelmente vão falar pouco sobre o que viram. A vida prática filosófica de um mundo em movimento com os detalhes sem os critérios, inseridos numa atmosfera comum. 

São etapas de uma reflexão nas montagens que não devem ser negligenciadas num amadurecimento de grupo sabendo o que esperar do trabalho. São inúmeras as situações que podem se apresentar e fragilizar a iniciativa. As armadilhas do que esperar de um trabalho pode ser desgastantes num processo. Uma vez fui divulgar a minha peça num evento cultural e o produtor mandou um segurança me expulsar da frente do espaço. Um segurança que não mediu esforços para fazer o seu trabalho sendo que no dia da apresentação da minha peça me encontrava cheio de dores.
Não se pode esperar muito de um desenvolvimento cultural no Brasil. Existe aquele olhar que nós somos europeus quando assumimos uma desenvoltura cultural com um refinamento ético e moral, sendo que somos brasileiros de um povo singular sem ser cópias. Aqui as coisas são diferentes e o de fora é só uma utopia de um mundo melhor. 

A estratégia de divulgação de uma peça é necessária e faz parte do sucesso já que os grupos no Brasil não contam com os recursos e fomentos que dizem dar. Deve-se esperar um mínimo para se satisfazer com uma média não esperada. É como filósofos que condicionavam suas vidas num padrão de não se esperar muito para se satisfazer com o pouco. Isto é uma tática e não uma regra já que o sucesso vai vir com toda a certeza. Faz parte do amadurecimento evitar frustrações e as vias do crescimento no trabalho. É uma arte do brilho. Não merece ser ofuscado.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Celulares no espetáculo teatral



Uma das grandes preocupações neste momento tecnológico, onde as pessoas deliram em gastar fortunas num aparelho que cabe na mão, se tornou centro de debates e críticas do seu uso em salas de espetáculo. Ele é tão importante para os atores pedindo aquele silêncio cheio de transcendência entre a cena e o público que acaba tendo um discurso inicial com a mensagem "desligue seus celulares".

A interferência de um espetáculo não é novo. Sempre existiu e é bem possível que lá na Grécia o público já se manifestasse durante as peças.
Num dos momentos mais intensos na passagem do mundo medieval para o modernos nas penas dos grandes filósofos iluministas e também dramaturgos existia tal preocupação. Não era o celular é claro. Nesta época era a quantidade de pessoas interessadas e as disposições do público nos teatros. Quem olha os filmes da época pensa que os teatros eram suntuosos. Mas não era bem assim. 

Segundo Voltaire reclamando que era tanta gente que deixavam "3 metros de espaço livre para os atores" prevalecendo os longos discursos devido a falta de espaço para as ações. É engraçado que ele coloca a falta das ações teatrais no sentido de suprir as deficiências dos poetas e entreter os olhos quando eles são incapazes de encantar os ouvidos ou comover o coração". Quem fala isto é o maior dramaturgo da época, o Voltaire.

Uma das grandes vitórias foi um conde custeando os grupos que não precisavam mais do público. Isto me lembra a lei de incentivo do cinema no Brasil patrocinando os filmes, sendo que o lucro dos autores estava na lei e não precisava de público nas salas de cinemas. Do jeito que a cultura do Brasil anda pelo jeito não mudou nada, e os velhos caciques continuam fazendo seus filmes.

A grande ferramenta do teatro é o público. Sem ele não é possível as palmas que sapateiam a alma dos artistas numa grande dança nos céus. E possivelmente o público se manifestando de alguma maneira também vai ser o inverso com a interferência naquilo que Aristóteles postou entre o público e a peça teatral. Há uma singela alteridade nisto que não dá para tacar um celular na cabeça de um espectador.

Se é um ator lembre-se que a química de um celular na mão e assistindo uma peça de teatro quer dizer que existe uma afinidade dos novos tempos para algo não superado. O palco é ainda palco da vida e das grandes artes. Tudo se modifica e o teatro resiste. Não devemos competir com as transitoriedades. Mas não esqueça da mensagem no inicio da peça do "desligue seus celulares". Dificilmente alguém não vai desligar. O respeito ao teatro diz isto. 





quarta-feira, 20 de maio de 2015

Democracia e Desobediência Civil



Por um critério o título não cabe a uma proposição lógica. Se prevalece a liberdade não precisa da desobediência nas ações. Os costumes seguem normalmente por não haver uma imposição. Na filosofia isto fica muito claro. 

Com a lei seca o brasileiro ficou condicionado a uma lei criminalizando qualquer atitude para aqueles que fazem uso das bebidas. Mas isto se estendeu para o rigor das leis de trânsito como o uso do cinto de segurança e o uso das cadeiras de criança. Até aí não há nenhum problema. 

No Paraná um deputado bêbado em plena época de votação das leis contra as bebidas no trânsito matou dois cidadãos. Sendo que as leis são feitas pelo legislativo e os deputados são os membros votantes que elaboraram as leis. Na mesma carona se descobriu os deputados daquela assembléia, quase todos, com carteiras de motorista que deveriam ser devolvidos e caçados pela quantidade de irregularidades no trânsito. E aqui começa o problema daqueles que tinham que ser o exemplo fazendo as leis. 

A mídia no geral em suas pautas de reportagens sempre usam ongs para conscientização dos cidadãos para terem um bom senso no trânsito. Só que o trânsito tem suas leis impostas e toda conscientização do uso das ferramentas previstas por lei já não precisam de conscientização no tom de liberdade. Não existe a liberdade já que é sujeito a punição. E a dubiedade é visivelmente contraditória podendo conviver. Se existe a ditadura do trânsito é inviável a conscientização plena com o uso da imposição. Mesmo falando de leis para benefício comum. Leis são feitas para impor ao comum uma regra. E não pode haver um mesmo discurso como se fosse duas coisas no uso de uma mentalidade prática e numa reflexão que se pode chegar na contradição. Os sentidos filosóficos não permitem. E isto se transforma em uma demagogia.

O grande problema da democracia é a demagogia vigente. Não há um dispositivo para bloquear o seu uso indiscriminado. Tudo leva a um sentido contrário que a população percebe. O discurso político não tem objetivos e sim da distorção do objetivo. E abre brecha para a corrupção. 

A sociedade pensada numa atmosfera da ciências sociais é uma consciência coletiva. E de certa maneira um espécie de inconsciente prevalecendo. Quando a mídia faz usos destas demagogias ela perde os valores de uma comunicação de qualidade. Uma comunicação que é entre o público e o espetáculo. Quando ela carrega o espetáculo deprimente nas costas acaba sendo responsabilizado pelos atos dos tais. E o pior de tudo isto é que ninguém percebe a responsabilidade pela condução das ações diante da cidade. Cidade aqui numa conotação antropológica do homem grego. Estão transformando nossas vidas num inferno e continuam com as demagogias. 

Democracia e demagogia são da mesma família sem leis que separem ela. O cidadão percebe e sem saber promove uma reação com a desobediência civil. Muito dos casos de acidente a mídia carrega a responsabilidade pelo mal uso da comunicação. Porque não tem a percepção do uso das armas que carrega nas mãos. E uma desobediência que não é de um ou dois. Todos percebem. Não eu claro, que se dirigi um carro por um quilômetro por ano foi muito. Não preciso deste discurso que compromete uma civilidade contemporânea burra.

Democracia não existe. E as próprias condições e discursos da democracia dizem isto. É só colocar na lógica que tudo que é acaba sendo o inverso. Existem pesquisas do simulacro pertinente neste caos. Pode ser que existiu democracia no Brasil. Mas os próprios mecanismos enquadraram ela. Não existiu na transição de 1988, com aqueles que viveram lá sabem das posturas e movimentos políticos da época, e não são estes que falam ser. O Brasil tem que ter um mínimo de verdade para ser viável. Eliminar todos os discursos que relativizam o objeto. O Brasileiro anda cansado do discurso que não dá certo e que acaba invertendo as polaridades. É muito impostos para pouco serviço útil. 


terça-feira, 19 de maio de 2015

Charlie Hebdo



O cartoonista Renald Luzier resolveu parar de trabalhar no jornal Charlie Hebdo apresentando mil justificativas para isto. Mas uma me salta aos olhos que é a pauta de leis na França determinando espionagem agressiva de sua população para combater o terrorismo. 

Hoje é normal se ver situações parecidas dentro das instituições legislativas pelo mundo que aquilo que é combatido tem efeito contrário nas cidades. Um exemplo disto foi o episódio do ex deputado Carli Filho no Paraná com seu Volvo importado voar e degolar dois cidadãos jovens. O ex estava bêbado, numa época de confecção da lei seca em um momento do uso do bafômetro, e feito por deputados. Não é bem o caso das leis da França. Mas vai no mesmo sentido. 

É bem provável que o cartoonista caiu na realidade por ver o combatido virando lei. A liberdade das pessoas ameaçada no combate ao terrorismo. Sendo que o jornal prega a liberdade e não a espionagem dos cidadãos. E é engraçado que isto é óbvio. Mas as demagogias políticas não conseguem enxergar. 

As leis costumam não respeitar a infra estrutura e normalmente agem como se ela não existisse. Ou confunde como se a infra estrutura e a super fosse a mesma coisa valendo para a super quando ela só vai ser imposta na infra numa condição de estado militar. E diante de tanta corrupção isto ficou evidente para o povo. A opressão se tornou regra comum e sendo atingidos sem perceber a estrutura caótica dos estados.

E tudo isto num estado que se tornou referência na política mundial ocidental. A Revolução Francesa é um ícone, um exemplo vigente da organização ocidental. Se nela apresenta um vício então acaba delatando um ruído no fazer político.
Até algum tempo atrás se acreditava numa situação contratualista que os pesadelos da violência fosse coisa do passado. As guerras já teriam sido ultrapassada por uma mentalidade mais humana. E o choque foi descobrir que continuamos no fundo do abismo. A mortandade é uma realidade nos nossos dias. E ela se tornou um fazer comum sem o susto diante do diferente. Não que a guerra seja algo diferente para nós neste mundo representativo. Mas o absurdo voltou e presumo que a inércia caótica existente é o lixo humano que não pode ser removido. 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

A Falência e o Sebrae Cultural.



Pela primeira vez vejo uma reportagem com alguém do Sebrae admitindo que o pequeno empresário não tem noção dos deveres que uma empresa tem. Ela tem que pagar impostos. Mostrou uma empreendedora confeiteira com lindos doces estilizados e falida. Foi muito engraçado. O capitalismo continua sendo perverso. Otimismo nele é algo que alguém do meio, experiente, não pode levar em conta. 

No meio cultural é ainda mais perverso. Como uma das minhas experiências de montar uma empresa sem fins lucrativos. Veja, sem fim lucrativos. Isto devido ser uma iniciativa artísticas que nem sempre se encaixa na neurose comercial. E até pode arrecadar alguns fundos com leis de incentivos. Mas é uma grande cilada. A arrecadação não é continua e descobri que não estava isento dos impostos. E era impostos de tudo que jeito. Até aqueles que os normais não pagam eu pagava por ser diferenciado. E a pressão dos funcionários burocratas responsáveis por arrecadações era que eu deveria me tornar muito mais comercial. Mas como vou me tornar um todo comercial se minha atividade era artística? Pergunte para ver se eles entendiam minha iniciativa e as contradições? Nada. 

Há um grande abismo entre aquilo que colocam como fomento a cultura com iniciativas institucionais no Brasil. Quem se deu bem é porque tem um grande esquema como suporte. Aqueles que se aventuram estão fadados ao fracasso. E assim é a cultura no Brasil. E para o Sebrae chegar ao ponto de mudar o recado é sinal de um Brasil falido.

Claro que hoje eu saberia lidar com muito mais serenidade e não descarto o uso dos meios. Mas com certeza vou adiar o máximo sendo que não quero sustentar os vagabundos do poder. Não vou sair correndo feito um louco caindo no jogo deles que arrecadam muito mais do que fomentam. As instituições de fomento são apenas corporações viciadas em si mesmas e não estão nem aí para os objetivos daquilo que foram criadas. Vai abrir uma empresa? Fique ativo que neste território só existem lobos. As vezes uma artista pensa que sua arte vai ser muito mais reconhecida e acaba numa grande depressão e até revoltado como já fui.

Se usa muito a estratégia da vontade de uma filosofia contemporânea num envolvimento de uma consciência capitalista. E este é o grande erro do espírito moderno. Vai chegar o dia que as pessoas vão parar de pensar que para ser feliz tem que ter muitos bens para um conforto que nunca se materializa. Tudo bem que já não se trabalha como na Revolução Industrial e assim as coisas vão se transformando numa acomodação de vida mais intensa e natural. 


domingo, 10 de maio de 2015

O Novo Ultraje Imperial de Lau Bark



Uma temporada de apresentações sem contar com a grande mídia e com casa cheia. Foi assim a peça "O Novo Ultraje Imperial". Com qualidade e uma tentativa de agradar diante de uma cidade como Curitiba avesso as comédias. Como uma tradição de ser de poucos risos, a peça conseguiu arrancar gargalhadas numa característica não comum aos nossos. É de se pensar o fazer do teatro Curitibano quase abortando a comédia num menu de opções. Foi uma aventura perigosa que deu certo. Lembrando de uma das minhas primeiras peças no Teatro Bom Jesus com uma comédia de Molière, com uma atriz muito engraçada, e num dado momento não aguentei e deu uma gargalhada. Uma namoradinha não pensou duas vezes para me dar uma grande cotovelada. E de lá para cá o meu olhar sobre as comédias ganhou uma conclusão.

Peça Teatral O novo Ultraje Imperial - Temporada 2015
A peça é texto e direção do Lau Bark na estrutura da Escola Dramática do Estadual. Escola que vem tendo uma regularidade graças a iniciativa de manter uma formação de atores como foi o Tony Ramos que todos sabem de sua trajetória iniciada nesta escola. Mas percebo o bom trabalho de continuidade do professor Lau Bark com muitos espetáculos e lançando novas caras no cenário teatral.

O elenco é exigido e com a qualidade de uma escolha de talentos. Alguns despontam pelo talento e outros pela vontade de ser que acabam chegando juntos na aventura de ser. Alguns descobrem o talento no percurso e nem sempre aquele trabalho é o seu melhor espelho do talento, revelando ele em outros espetáculos. Mas na contagem geral o trabalho foi de qualidade com eles desenvolvendo seus papéis muito bem. O teatro deveria ser medido como os pilotos que medem horas de voo medindo o tempo de palco. E a experiência dos primeiros momentos ganhando o espaço ficcional com luzes é a porta para o paraíso das artes. Tem nomes que já nasceram diamante que nem precisa lapidar. Só precisam saber que estão no caminho certo. E para descobrir é brilhando nas luzes do palco no maior número de vezes.

Uma das coisas que saltou os olhos foi a qualidade do figurino de Marcelo Sales. Fez a peça ganhar conjunto num belo espetáculo no Teatro Auditório Mini Guaíra de Curitiba.


Elenco:
Josh Berveglieri, Pedro Paulo, Gabriel Moreira, Karina Hernandes, Wendel Leite, Gustavo Veloski, Alice Trapajós, Gabriel Marques, Fernando Eufrásio Jr., João Valdera, Laura de Prá e Mayara Claudino.

Iluminançaõ: André Vaghetti. Assist. Direção e Operação de Iluminação: Milena Plahtyn.

Texto e Direção: Lau Bark


domingo, 3 de maio de 2015

Fátima Ortiz em Ensaio para um Adeus Inesperado



A Fátima Ortiz é um dos principais nomes do teatro Paranaense, e Brasileiro. Um trabalho reconhecido e com a qualidade na formação de atores da escola Pé no Palco. Sempre recomendo a escola por ver aqueles por aí com um amadurecimento e qualidade visível. 

Tem alguns espetáculo que não deveria estrear no Festival de Teatro de Curitiba e o "Ensaio para um Adeus Inesperado" foi um. Não é uma questão de qualidade e sim de processo. A Fátima estava insegura errando e repetindo palavras. Isto não quer dizer que ela estava abaixo da média. A presença dela é forte mesmo atuando com generosidade. Generosidade é algo que ela tinha de abolir de sua cartilha. Pisar sobre cabeças é o dom das mulheres. Navegar por mares conhecidos que ela sabe os ventos que levam. E pode não significar qualidade e comprometer o todo do trabalho. Se é para ser um monólogo, que seja. 

A Fátima Ortiz me lembra a postura da Margit Carstensen em "As Amargas Lágrimas de Petra Von Kant" do Fassbinder, na peça. Com a peça dele o "Gotas D'água Sobre Pedras Escaldantes" com um cenário complicado para o teatro Guairinha no Festival com uma curadoria perfeita, menos no "Numax". Uma peça imperdível de um tema complicado que o Fassbinder faz ser universal. A mesma especificidade que ele usa em "As Amargas Lágrimas" e cai como uma luva. E a Fátima se encontra a um passo atrás da Margit no "Ensaio para um Adeus Inesperado" nesta apresentação. São comparações do tipo que faço pelo trabalho e daquilo que estou vendo. Como por exemplo o menino de 16 anos, o Biscaia com seu vício popular que não consegue popularizar por não conseguir romper e ficar mais velho. 

Eu sei que na próxima apresentação que eu assistir o passo dela é outro sem as generosidades e sem medo de ser ela e navegando seguro. E eu vou brincar de ver a Margit ao vivo porque é a única que pode chegar lá. A história é muito boa e bem contada e pode ganhar uma luz a mais para preencher todos os espaços com a Fátima. Gostaria de falar do cenário e o figurino. Mas o artigo acabou por ser domingo e tem o almoço de domingo.  

Exposição fotográfica: “Mãos de Fátima”. Fotógrafo: Edu Camargo. 

Serviço: Exposição fotográfica: “Mãos de Fátima”. 
Fotógrafo: Edu Camargo. 
Produção: Laiz Zotovici. 
Maquiagem: Carmen Rodrigues. 
Realização: UV Studio. Local: Memorial de Curitiba


sexta-feira, 1 de maio de 2015

O Bom Velhinho Armando Maranhão.


Hoje lembrei de alguns momentos daqueles que mereceriam um documentário pela presença de um grande nome num movimento passando pela cabeça como num cinema. Épocas do Largo da Ordem de uma anacronia que não volta mais. O tempo refazendo em novas ordens o colorido cósmico cosmopolita curitibano. As vezes penso que algo avançou e talvez esteja numa mesma dinâmica, só com as cores mais brilhante do presente. O tempo envelheceu a foto.

Foi no saudoso Teatro Cultura do amigo Amauri Ernani e Paula Giannini num simpático espaço e uma energia pulsando no teatro do Largo da Ordem ganhando o sol em tardes frias. Era passagem obrigatória chegar para um papo teatral. O princípio de tudo. Um local abençoado que foi palco do filme "Oriundi" com atuação do Anthony Quinn, Paulo Betti, Paulo Autran e outros maiorais do nosso cenário cênico. Tempo do meu deslumbramento no contato com produções em películas da produtora Sir Laboratório do Percy Tamplin, e que pude acompanhar a produção do filme.

As vezes a empolgação de estar inserido num universo paradisíaco nos leva a situações sintomáticas como aquela apresentada pelos vícios ou a características dos artistas por Diderot, na busca de desvendar o paralelo da representação dos palcos com a atitude das ações cotidianas de seus artistas impregnados de espírito livres. E fui vítima deste estress de um instante quando o velhinho Armando Maranhão, figura maior do teatro Paranaense da época, como um papa a ser consultado foi convidado para dar um parecer sobre uma peça no ensaio. Era eu e ele na platéia. Ele como convidado e eu como entrão.

O ensaio finalizando e os atores angustiados para saber do Armando Maranhão as considerações sobre a peça. E na sua maturidade com uma certa timidez procurou não ter grandes posições acabando por frustrar de certa maneira o elenco. E no meu achomentro de estar fazendo cinema me coloquei no lugar dele fazendo considerações que me arrepiam só de lembrar.

Um dos vícios dos iniciantes que o tempo mostrou por inúmeras experiências é a vontade de opinar e até se colocar no lugar do outro num trabalho artístico. Um grande erro diante da possibilidade do olhar artístico do gosto subjetivo de Kant. Se até o Armando maranhão não colocou sua posição, como que eu poderia falar algo quando na verdade eu fugia das aulas de dramaturgia do Jul Leardini no curso de cinema? Não tinha produzido nada. Mas já me achava dono de um saber.

Umas das coisas que mais acontece, e quem tiver um pouco da experiência de teatro vai dizer o mesmo, é quando você convida um amigo para assistir o ensaio de sua peça. E se você perguntar para ele o que achou depois de ensaiar querendo motivar o grupo, com certeza vai descobriu no amigo uma vontade imensa de ser um grande diretor. Já sendo o diretor. Até mais que você.
Um dos cuidados do diretor deve ter no convite para assistir o ensaio é que o convidado não consiga abortar todo o processo construído. Porque ele vai tentar! As vezes o silêncio é um bem desejado. E um cala boca é bem vindo.