sexta-feira, 1 de maio de 2015

O Bom Velhinho Armando Maranhão.


Hoje lembrei de alguns momentos daqueles que mereceriam um documentário pela presença de um grande nome num movimento passando pela cabeça como num cinema. Épocas do Largo da Ordem de uma anacronia que não volta mais. O tempo refazendo em novas ordens o colorido cósmico cosmopolita curitibano. As vezes penso que algo avançou e talvez esteja numa mesma dinâmica, só com as cores mais brilhante do presente. O tempo envelheceu a foto.

Foi no saudoso Teatro Cultura do amigo Amauri Ernani e Paula Giannini num simpático espaço e uma energia pulsando no teatro do Largo da Ordem ganhando o sol em tardes frias. Era passagem obrigatória chegar para um papo teatral. O princípio de tudo. Um local abençoado que foi palco do filme "Oriundi" com atuação do Anthony Quinn, Paulo Betti, Paulo Autran e outros maiorais do nosso cenário cênico. Tempo do meu deslumbramento no contato com produções em películas da produtora Sir Laboratório do Percy Tamplin, e que pude acompanhar a produção do filme.

As vezes a empolgação de estar inserido num universo paradisíaco nos leva a situações sintomáticas como aquela apresentada pelos vícios ou a características dos artistas por Diderot, na busca de desvendar o paralelo da representação dos palcos com a atitude das ações cotidianas de seus artistas impregnados de espírito livres. E fui vítima deste estress de um instante quando o velhinho Armando Maranhão, figura maior do teatro Paranaense da época, como um papa a ser consultado foi convidado para dar um parecer sobre uma peça no ensaio. Era eu e ele na platéia. Ele como convidado e eu como entrão.

O ensaio finalizando e os atores angustiados para saber do Armando Maranhão as considerações sobre a peça. E na sua maturidade com uma certa timidez procurou não ter grandes posições acabando por frustrar de certa maneira o elenco. E no meu achomentro de estar fazendo cinema me coloquei no lugar dele fazendo considerações que me arrepiam só de lembrar.

Um dos vícios dos iniciantes que o tempo mostrou por inúmeras experiências é a vontade de opinar e até se colocar no lugar do outro num trabalho artístico. Um grande erro diante da possibilidade do olhar artístico do gosto subjetivo de Kant. Se até o Armando maranhão não colocou sua posição, como que eu poderia falar algo quando na verdade eu fugia das aulas de dramaturgia do Jul Leardini no curso de cinema? Não tinha produzido nada. Mas já me achava dono de um saber.

Umas das coisas que mais acontece, e quem tiver um pouco da experiência de teatro vai dizer o mesmo, é quando você convida um amigo para assistir o ensaio de sua peça. E se você perguntar para ele o que achou depois de ensaiar querendo motivar o grupo, com certeza vai descobriu no amigo uma vontade imensa de ser um grande diretor. Já sendo o diretor. Até mais que você.
Um dos cuidados do diretor deve ter no convite para assistir o ensaio é que o convidado não consiga abortar todo o processo construído. Porque ele vai tentar! As vezes o silêncio é um bem desejado. E um cala boca é bem vindo.



 

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