quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O Véu de Maya


É engraçado o Nietzsche. Fala do Sócrates e agrada Platão, com razão fundamental. Ele é sincero e um livro aberto, não se preserva. Não dá para ser dialético nestas coisas. Falar tudo bem. Mas nunca dizer tudo. Ele ama alguns nomes e odeia outros. Foi Kantiano no seu principal objeto. Hoje tentam tornar imperativo certas coisas de uma consciência rasa que não se encaixa em nenhum deles. Uma bela porcaria de doentes.

Entrei nesta para melhorar o discurso para o teatro e agora estou diante de um espaço de angústia aberto a minha frente para o nada. Tem coisas pela frente mas não é mais interessante chegar lá. É um ruído só ou talvez aquele barqueiro confiando em suas tábuas no meio do mar. A imagem preferida de Nietzsche. Só que as tábuas já eram. Dizem que ele era otimista, só por que falava dos gregos? kkkk Pra mim ele era um coitado sobrevivente falando coisas para conquistar dignidade.

O Schopenhauer fala da destruição dos afetos que bloqueiam a capacidade. Nietzsche vai no sentido ao contrário que as diversidades e as perspectivas de afetos contribuem. Eu acho que nem um e nem outro. Pode-se controlar os afetos para aqueles não negativem o objetivo. É possível despertar este controle? É difícil e vejo que muitos não conseguem. Diante de vários relacionamentos decidi quebrar e chegar até o máximo do que alguém almejava atingir com as paixões. Gostei tanto de uma garota e deixei ela ser fatal sem que eu pudesse conquistar ela. Mas convivia com ela sabendo dos meus objetivos. Era tão fatal a loira ingênua que um cara se matou e numa outra situação o marido matou um cara que tava dando em cima dela. Tenho boas lembranças dela e até tive outros relacionamentos. Mas me preparei para não ser pego de novo. Isto não quer dizer que não quero. Só que tive um ganho na minha forma de ver o mundo. Com o afeto controlado provavelmente ela vai vir de forma serena se é que ela vai aparecer.

Agora ele é um homem diferente daquele no meio do mar revolto acreditando na sua embarcação. Ele é um entre meio a multidão. E os dois convivem no mundo. Estes dois eus num mundo solitário harmonizando Dionísio e Apolo.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Motorhead e o Mad Max Mineiro



Alguns anos atrás eu acompanhava os eventos do meu ator Roberto Marra com sua fiel proposta de encontros das bandas hardcode em Minas Gerais. Ele com seu evento que continua até hoje e com data marcada que segue uma divulgação abaixo, e eu com minha filmadora catando imagens das bandas e fazendo clips.
Eu não entendia nada das propostas musicais e achava maluco aquele povo se batendo no meio do salão. O máximo que eu fazia para me divertir era beber uma ou duas cervejas para não ficar bêbado e não comprometer as imagens, e pagava um monte de bebida para uma garota bonita e gostosa que sempre ia no evento.
Mas nesta do evento Crossover and General Metal XI que se encontra na sua 11ª edição do Marra tinha uma banda chamada Etnocídio, com o vocalista conhecido como Minhoca tocando uma música que me senti próximo dos deuses. A coisa foi arrebatadora. Fiquei maluco com o som e o Marra me explicou que aquela era uma música do Motorhead e se chamava "Ace of Spades". Hoje eu escuto a música. Mas a lembrança deles tocando vai ser sempre lembrado pela peculiaridade e a transcendência do Etnocídios. É como um fogo a musica que transborda e idealiza. Muito usada no jogo político, não na forma enganchada que muitos acreditam. Mas nos costumes como o americano e seus anos 60 revolucionou o mundo. Nesta ótica é possível dizer que o brasileiro gosta muito mais da musica americana que o americano por não entender as palavras e ter só o vulto do som na sua pureza auditiva sem o entendimento. Nela se tem o épico para alçar as aventuras de um herói em guerra. E o herói que usa a musica como vida tem os créditos e moradia no Olimpo, conseguiu mistificar toda uma comunidade.
Nem sempre o que é bom vem sozinho e uma aura é carregada num projeto ideal como foi a descoberta do Motorhead ter feito a trilha do filme Mad Max. Fui prestigiado pelos deuses por ter assistido no seu lançamento nos cinemas de um filme sem os vultos financeiros de divulgações. Hoje o filme é conhecido pelo mundo todo pela capacidade da obra. Costumo sempre estar nos lugares certos dos acontecimentos. Quer dizer, hoje não porque ando meio preguiçoso.
A foto da garrafa é do Minhoca do Etnocídio. Outra foto é de um maluco expressivo nas minha aventuras de imagem, e a divulgação do Crossover and General Metal XI em 12 de março de 2016 em Minas Gerais. É isto aí gente maluca. É claro que estou falando tudo isto diante da morte do Lemmy Kilmister, o vocalista e baixista da Banda Motorhead com a decisão pelo fim da banda. E pediram para seus camaradas quando escutarem a banda aumentem o volume todo. Rolava até uma das Bandas tocarem no Crossover o "Ace of Spades" em homenagem ao som dos caras.
Obrigado Etnocídio e Roberto Marra por me apresentar Motorhead na sua melhor qualidade. E que venham muitos Crossovers reunindo a moçada que gosta de boa música. Estou em Curitiba torcendo por vocês e com inveja de não estar ai curtindo.

Crossover dia 12 de Março 2016

Minhoca do Etnocidio


terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Nietzsche e os Contemporâneos.


Já pensou se os teóricos do teatro lessem Nietzsche?: "O conhecimento mata a atuação, para atuar é preciso estar velado pela ilusão - tal é o ensinamento de Hamlet e não aquela sabedoria barata de João, o Sonhador, que devido o excesso de reflexão, como se fosse por causa de uma demasia de possibilidades, nunca chega a ação; não é o refletir, não, mas é o verdadeiro conhecimento, o relance interior na horrenda verdade, que sobrepesa todo e qualquer motivo que possa impelir a atuação". (NIETZSCHE, Nascimento da Tragédia).
Schiller fala da muralha com o coro e a defesa da ingenuidade. Então porque estes contemporâneos vem falar em consciência do ator no palco na linha do Diderot? Dizem que não há atuação e só performance. Com a ingenuidade é que se chega a sublimação.
Nietzsche fala do fim da tragédia e a tentativa de ressuscitar de Eurípides que agora leva o coro para o palco dirigido por ele, mudanças estruturais que leva a uma racionalização socrática. O mito acabou e segundo Nietzsche é o fim da religião, da tragédia. É claro que estou dando um sentido aqui para não entender que estou falando de religião, ou não, num aspecto da estética. "O que foi então que impeliu o artista ricamente dotado e incessantemente movido à criação a desviar-se de maneira tão violenta do caminho sobre o qual brilhavam o sol dos maiores nomes poéticos e o céu desanuviado do favor popular?" (NIETZSCHE, Nascimento da Tragédia). Os nomes poéticos que ele se refere dá entender que é o Ésquilo, Sófocles e até mesmo o Homero. Penso que os dois primeiros por serem das tragédias. E o "favor popular" é o coro agora que ganha consciência. Não sei de onde que tiraram que a consciência é rica. Meu, volta para trás. E Nietzsche até cita algo que ele não concorda como "tudo deve ser inteligível para ser belo" do "socratismo estético" próprio do Eurípedes entre outros conhecidos. "Inteligível" e consciência me parece ser da mesma família.
Podia até citar as páginas deste trem. Mas vocês não são os bons? Então danem-se. Vão ler o Nietzsche. Se não compreender nada o azar é seu.
Quando Nietzsche vai dizer que matou Deus, pode ser nesta situação da passagem dos medievais para os modernos com o aperfeiçoamento das ciências e as descobertas de um céu não perfeito cheio de estrelas, que leva ela a pensar isto. Acabou o mito, e a religião foi para as cocuias. Acho que isto já é um conhecimento geral chegando quase a todos, hoje. É, papai noel não existe! Mais uma religião pro saco.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Moral e Pecado do Ator



É visível os procedimentos de alguns talentos que se descobrem na arte do teatro. Eles agem quase sempre da mesma maneira ao perceberem um mundo novo em suas vidas. Se reprimem por perceber que a lógica das coisas não será da maneira das leis externalizadas desde que nasceu. As paixões interferem de forma acentuada neste momento. O artista não se reprime. Muitos vivem várias relações durante sua trajetória. Um exemplo é um global que acaba tendo várias famílias e a cada trabalho beija na boca de novos personagens. 

Mas numa cultura ocidental é normal se colocar uma "pedra no caminho" como Drummond. O corpo deve se reprimir e a moral deve prevalecer, isto porque no cristianismo o corpo deve sofrer. Se vive uma relação eternamente mesmo que estes corpos não se afinem num amor eterno. E quando percebe isto se tem um impacto e o recuo como se o teatro fosse pecado, e é o pecado. Ninguém falou que teatro é pecado mas o talento percebeu que a vida de um artistas se relacionando muitas vezes na ficção e na vida real estão no âmbito dos deuses e ele não se encaixa. Uma tremenda besteira porque o que não existe é esta moral perversa que reprime e o que ele pode estar fazendo é equilibrando sua natureza ao mundo a sua disposição equilibrando com a civilidade. Com certeza a vida dele vai se tornar melhor sem os condicionamentos de uma vida resignada nos padrões morais impostas. 

Não estou dizendo que se deve fazer tudo, mas se ter um equilíbrio para não se reprimir e deixar o sonho de lado por imposições de condicionamentos que não vão te servir para nada. As pessoas não vão te olhar pelo negativo, pelo contrário, vão te endeusar e o exemplo clássico disto é a referência que está tendo de grandes nomes de destaque que você gostaria de ser. Cuide das paixões momentâneas que são verdadeiras ciladas para o objetivo e da quantidade de moral que pregam na tua cabeça.

E achar que isto é simplesmente uma observação é um engano. É didático que envolve os mitos e as relações com os deuses numa simbologia. Não é apenas uma condição de vida prática. Nele se insere todo uma conotação de representação que vai alem dos nossos olhos. 















sábado, 24 de outubro de 2015

Efigênia Rolim e Diógenes



A algum tempo venho acompanhando a trajetória da Efigênia nas suas atividades que instiga a cultura curitibana. Embora com sua perversidade política atuante sem deixar margens para um artista com sua dignidade. Naturalmente os artistas são mais valorizados por aqueles nas ruas sensíveis percebendo o diferente e contribuindo na continuidade de uma mente aberta e a vontade no seu espaço. 

Em Curitiba e em qualquer lugar do mundo se é possível encontrar pessoas diferenciadas dotada de uma capacidade imaginativa nas esquinas. O antropólogo Lévi-Strauss fala que cada um está em uma encruzilhada. Isto não é novo no nosso meio e até respeitado como o caso de Nostradamus com suas profecias em épocas de alquimia, e Diógenes vivendo em um barril rodeado de cães desafiando o poder de Alexandre o grande. 

É intrínseco no humano e até catártico a possibilidade da libertação do mundo rigoroso para um mundo contemplativo como trabalhado na filosofia. E em um primeiro momento até Kant optou pela imaginação na sua "Crítica da Razão Pura" para depois estabelecer outras faculdades mais racionais. Interessante que morando só numa cidade Alemã ele tinha uma vontade cosmopolita com implicações influenciáveis de um mundo poluído de habitantes culturais. E se a Ilíada era cantada pelos rapsodos em esquinas de Atenas e em toda a Grécia então justifica seres em púlpitos contagiados de emoções em leituras bíblicas num tom poético. E se encontrar alguém na esquina e se desloca do corpo que paga um preço por isto e entra fascinado em devaneios, não se preocupe que é tudo um ciclo do cosmo que te inclui nela. E se você viu e instigou é por que você está nela e potencializando quem está fazendo a dar continuidade nesta trajetória que mistura arte, estética e loucura por ser diferente.  Mas não tão diferente assim sendo que te chamou a atenção e se identificou. Há um lugarzinho guardado em você para a loucura. 

A Efigênia tem sua arte. Mas ela é a poesia. Aqueles objetos feitos de papel de bala no figurino dela nos "Os Olhos Verdes da Neurose" que está em cartaz é só a materialização de um mundo que se apresenta para você. Não espero os psicólogos e filósofos porque estes não fazem filosofia e não vão assistir a peça. Mas espero você que compreende o que falo. 

Peça Teatral: Os Olhos Verdes da Neurose

Dias 06 e 11 de Novembro 2015 - 21h00
Investimento: R$20,00 (inteira) - R$10,00 (meia para estudantes, aposentados, professores). 
Local: Brechó Colete & Corselet - Rua São Francisco 51 - Largo da Ordem - Curitiba.




sábado, 17 de outubro de 2015

Básico para Ator em Cinema



Um básico no meio. Faço filmagens constantemente e vou passar um pouco da experiência direcionado ao cinema adotado geralmente nas produções mais profissionais. Isto no intuito de facilitar minha vida porque isto se torna cansativo para todos quando as coisas não sai no andamento normal.
O ator tem que ter pego o personagem e chegando para filmar tem que se preparar tomando a iniciativa sem ser mandado (geralmente tem uma roteirização do dia com todas as rubricas que deve fazer para a filmagem preparada um dia anterior, caso de novelas e até cinema, quem faz geralmente é o Assist. direção e era o que eu fazia na minissérie). Fazer a maquiagem (possivelmente vão ter os profissionais apropriados para isto. Nem sempre no cinema de hoje quase sempre digital) e ter todos os elementos do seu personagem sob domínio. Diretor não vai ficar com vc dizendo tudo que vc deve vestir e se maquiar. Só quando ele tem algum detalhe que ele quer priorizar.
A câmera de cinema no geral o aluguel para um grande trabalho que seja uma Arriflex deve custar um aluguel por dia de uns 20mil reais. Então pense que as coisas tem que ser dinâmicas e uma boa comunicação. Custa muito dinheiro e tudo é muito corrido. E todo estes cronograma serve para o diretor ficar descansado no final do dia. Se toda a energia for para a cabeça dele no outro dia a filmagem vai ficar uma merda. E tem coisas que nem dá para falar porque são na experiência que vc vai ganhar a dinâmica.
Depois que tiver com o figurino e maquiado vc vai para o set de filmagem para se ambientar e a marcação de câmera, luz e áudio. Para isto vai ter que estar aquecida e desenvolvendo seu personagem na medida que pode fazer isto para ficar a vontade com o personagem. Muitas vezes o diretor trabalha direto o personagem se for na área comercial com falas pequenas. Não diferencia muito do cinema.
Existe algo que é o respeito sobre o que vc faz como o tipo de não se comunicar com o pessoal que não seja da tua área do tipo um iluminador falando com o ator. Diretor só vai falar com vc na hora que for fazer o personagem. A cabeça dele vai estar no resultado e não em detalhes que não vão somar no total. O ator tem que ter consciência de que nunca vai entender o que se passa na cabeça do diretor naquele momento. A cabeça dele vai estar em coisas que as vezes nem lembra do ator. Ator e diretor em cinema é muito diferente de ator e diretor em teatro. Facilite tua vida na filmagem que o diretor vai te agradecer, se ele lembrar de você.
Pense que a cadeira mais confortável no set é do diretor. Se vc sentar só vai estar cometendo um suicídio profissional. A hora que vc sentar todos vão olhar para vc. kkkkkkkkk
E se perguntar que horas vai acabar a filmagem com certeza não entende nada de cinema e filosofia. O andamento das coisas de cinema anda num tempo e numa lógica que não dá para se enquadrar no cotidiano. A montagem dele tem um tempo próprio, e o mais louco de tudo que na edição vc pode mudar o tempo. 

sábado, 10 de outubro de 2015

Ideologia e Modismo no Teatro.



Pontal do Sul
Algumas coisas que aparentam ser diferentes podem ser iguais no intuitivo. As separações que fazem no teatro que por mais que seja muito velho se pesquisa pouco. Claro que não o Aristóteles e sua lógica e poética. Estou falando do teatro e as novidades que apresentam como soluções de uma nova órbita de atuação. 

Seguindo a intuição me parece que há uma aproximação do que seja o teatro de Aristóteles com os pós modernos no palco. Começando com Althusser na sua citação:

"um exemplo bem concreto": todos nós temos amigos que, ao baterem a nossa porta e, ainda com esta fechada, ao perguntarmos quem é?, respondem (porque"é evidente"): sou eu!. De fato, nós reconhecemos que é ela ou é ele, Abrimos a porta é verdade que é mesmo ela quem estava batendo".

Nele se refere ao reconhecimento ideológico. Você pode conhecer próprio do Aristóteles e reconhecer ideológico como a idéia de Platão. Isto porque o fenômeno não se apresenta por inteiro e marca uma repetição e o que prevalece é a idéia sem fundos. O Aristóteles transforma isto em verossimilhança que pode-se traduzir como verdade semelhante. Verdade semelhante não quer dizer que é igual. 

Os pós modernos tem a pausa estátua nos palcos. E diz que isto é uma redução fenomenológica. Poxa, isto é o que esta sendo falado. Com o detalhe que esta redução vai chegar exatamente ao mesmo lugar sendo que o fenômeno não se apresenta na integridade. Você pode ter um entendimento ao modo Kantiano e mesmo assim ele jogado no a priori se desmancha no efêmero. Não se chega na verdade. Então por que o teatro quer ser tão egocêntrico a ponto de chegar primeiro neste paradoxo? 



Necessidade de Teatro.



Foto: Dasein - Pontal do Sul
Dentro de uma visão do homem que representa se pode perguntar pela necessidade de teatro. Está necessidade de se atualizar. Um teatro que hoje e por algum tempo vem passando por uma crise. Crises no sentido de ter uma gama de interessados em fazer teatro. Tem algo no teatro que instiga e chama. Ao mesmo tempo conciliando com a crise do público que é cada vez menor. Mas ele não morreu e vive 2.500 anos. Se não morreu ele é vivo e não cabe tentar matar como alguns querem fazer. 

Existe teatro para diferentes públicos hoje e até para não público. Muitos nem percebem que o cinema e a televisão tem teatro sendo que a base dele é o ator em ação. Vivemos o teatro no plano da necessidade muito mais intenso do que aparenta ser. Tanto para o público como para o fazer teatro. Mas a pergunta não foi esclarecida do que seja a necessidade de teatro? 

Uma das loucuras do teatro é perceber a quantidade de grupos e atores no Festival de Teatro de Curitiba. Estou falando loucura porque a necessidade de teatro não foi esclarecida. É uma grande orgia que deveria ser regado a vinho. É claro que existe interesses que levam a este evento como acontecimento que também se encaixa no desdobramento da pergunta da necessidade.  

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Diderot e o Ator



Uma das coisas que me ficou muito claro no trabalho do ator e encenador é como abordar o texto de teatro numa montagem. Longe das loucuras das teorias pós dramáticos, com certeza as experiências que vou passar são concretas e vividas, sem contestação. 

O texto no inicio da montagem tem seu lugar significativo porque é dela que vai sair as primeiras visualizações imaginárias para ser moldadas. Mas com o passar do tempo na quantidade de ensaios o texto some. E agora é o ator moldando seus personagens. Questão de quantidade as vezes é relativo porque o tempo longo se tem a meditação. Mas na prática quanto mais se fizer o trabalho de ação, mais se tem um resultado de conjunto e do trabalho do ator transbordando. 

Diderot no "Paradoxo" coloca o cansaço na quantidade de ensaios para fugir do texto e assim a qualidade venha a aparecer. Alguns confundem quantidade pois tudo tem seus limites e o encenador deve perceber até que ponto pode chegar num ensaio. Muitos atores inocentes perguntam quando começa o ensaio e quando termina. E como é artista geralmente chega muito atrasado (não estou falando dos problemas do Rush dos ônibus e do tempo chuvoso que justifica). Mas perguntar quando termina é de atores iniciantes. Isto demonstra que a evidência se realiza percebendo que os atores maduros assimilam este fato no cotidiano dos ensaios. Então não é só o encenador que percebe este detalhe. 

Tive um caso de ensaiarmos uma peça e ela estava transbordando e dias antes da apresentação os atores deram motivos para não precisar ensaiar mais até a apresentação. E era uma seleção que passaram. Mas, a reclamação é que não saiu como nos ensaios. 
Eu tinha alertado para o fato porque não me é novo isto. Ao contrário, nos dias de apresentação é que eles deveriam ensaiar muito. Neste caso não é uma questão só do texto e sim da ação mais ontológica no palco. Acho razoável a experiências de fazer pequenas pré estreias como estou fazendo com a peça "Os Olhos Verdes da Neurose", apresentando para amigos e escolas. Amadurecer a fruta se come ela com gosto de açúcar. 

Estes que confunde a quantidade de ensaios pode ser possível que um seja o Zé Celso do Teatro Oficina. Dizem que os ensaios dele levam em média 3 dias. E aparentando uma orgia dionisíaca. Quem não gostaria de uma coisa desta? Até Erasmo de Roterdã estaria perdido neste mundo. Mas ele tem a coisa do contemporâneo e nisto sinto que fugiu um pouco da minha proposta. 



domingo, 4 de outubro de 2015

Futebol e Política no Brasil



Ficam falando da história como se ela não prestasse para nada. No mínimo lembrando das desgraças que o homem pode fazer. Querem um futebol dos anos 70 que não conseguem fazer. Isto deve ser preguiça de pensar. Isto é ser contemporâneo. Não vi vantagens nenhuma.
É necessário se ter o futebol para se ter um nacionalismo. Este vírus a ditadura encaixou e não tem quem ache o antídoto. Como que vou vestir a camisa da seleção e pular na frente da televisão adorando meu país? Já tentaram fazer uma copa que seria o ideal e virou uma piada com os 7x1. E o Brasil em vez de se nacionalizar acabou numa baita crise institucional.
Já deu para constatar que o Brasil unido não funciona. Deveriam separar em 3 partes. O sul. O centro com Rio, SP e Mg que são potencias por si mesmo. E o nordeste com seu amazonas. Três características diferentes e fortes em si mesmo. O sul, basta ver suas riqueza e países como o Uruguai que se sustenta com independência. O amazonas com o potencial natural. E valorizando as suas diferenças cada um poderia tirar dela o melhor dos seus potenciais e se ajudar. Agora. Ficar nesta bagunça não vai levar o brasileiro a lugar nenhum. Vai continuar a orgia política. Uma lógica nos discursos do futuro político cheio de heroísmo que todos sabem que não vão se realizar. Pelo contrário, só decepções. 


Pontal do Sul



quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A Perversidade do Teatro Contemporâneo



Pontal do Sul
Vocês ficaram doidos achando que o ator vai absorver as loucuras e a metafísica desvairada que querem dar sentido para o teatro e o ator em cena. É isto que é atuar ou o papel do ator no atuar? Nenhum ator vai conseguir materializar isto num palco. Estão tentando desvalorizar o teatro fazendo teatro. Mas que coisa absurda. 

Primeiro o ator vai ter que entender o que é "redução fenomenológica" para fazer diferenciações entre "abbau" e "épochê" de Husserl. Entender Heidegger para se chegar em Jacques Derrida na sua "desconstrução" e os pertencimentos. Isto é impossível para o ator desenvolver numa ação ou tirar a ação do ator para que a encenação transfira algo para o público. 

Eu pensei em fazer pesquisas para o teatro e agora vejo que é algo impossível de se fazer. Cercaram o teatro num sentido de destruir que não deixa margens. O ator com sua arte não faz ideia do estrago que estão fazendo. Idealizam os diretores e doutores e não percebem a maldade e a falta de respeito com esta profissão. O tal discurso de quebrar a metafísica na filosofia chegou no teatro e eles não tem generosidade de perceber o ator no teatro. Pesquisam toda a atmosfera que envolve e não penetram na disposição de se fazer o teatro com o ator respaldado. Entre a teoria do teatro e a prática existe um abismo tão fundo que não dá para visualizar. Complicaram mais que Kant com Kant complicando na sua velhice com o Crítica do Juízo. Acharam bonito complicar e fazem dele suas vaidades intelectuais chamando os artistas de idiotas de forma subjetiva. 

Seria um conselho razoável que os artistas jogassem tomates em intelectuais. Eles não contam a verdade sobre o desprezo que eles tem por esta arte. E os caras se acham bonitinhos. Eles são perversos e vendidos por ideologias americanas e européia. São ideologias que não trabalham o teatro. Trabalham a serviço das ideologias mesmo, com suas filosofias corrompidas. Se aprofundem que vão chegar exatamente onde eu chequei. Vá atrás da tal "desconstrução" no teatro do Derrida. É nele que se apegaram e que agora fala em nome do teatro. Até os Europeus falam que não serve para a América do Sul, mas como são doentes fazem dele uma moda a ser imitado nas pesquisas. Putz, vou largar isto. É uma arte ingrata.  


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Camila Morgado fala sobre interpretação.



Uma entrevista com a atriz Camila Morgado e Yago Rodrigue Alvim para o Jornal Opção, em uma das falas cita a peculiaridade de ser ator e com os pés no palco. Coloca:

Yago _ Quais as diferenças de atuação e interpretação no teatro, televisão e cinema?
Camila _ É uma pergunta muito frequente. Na área de atuação e interpretação não tem cartilha, pois nós falamos do indivíduo e o indivíduo não tem cartilha. Existe diferença, sim, entre teatro, televisão e cinema, porque são linguagens diferentes. Comecei pelo teatro e ele é muito do ator; é a linguagem que mais é do ator, pois, quando acaba a direção, acaba cenário, figurino, tudo, só fica o ator. É um trabalho muito artesanal. E como existe uma diferença de perspectiva — você está no palco, diante o público e é muito o agora — o ator tem que ser muito expressivo para o público enxergar e compreender o que ele está dizendo. No cinema não; o olho humano é da câmera. O cinema é do diretor. Mas isso não é regra. Às vezes, o cinema pode ser grande e o teatro pequeno. A televisão é um folhetim, você conta uma história que vai todo o dia para a casa das pessoas. É uma história mais simples. As pessoas vão para casa e estão fazendo as coisas, parando vez ou outra para ver. Então, é uma linguagem mais simples. Você não pode dificultar muito, senão a linguagem não se aproxima do público. Ainda assim, “qual a diferença?”, eu não sei se tem, mas essas coisas que citei influenciam.


http://www.jornalopcao.com.br/opcao-cultural/atriz-camila-morgado-o-ator-tem-que-ser-vertical-tem-que-se-aprofundar-nas-questoes-do-individuo-42771/


Camila Morgado

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Derrida

Ilha do Mel 
No teatro brasileiro é impossível incutir pensamentos do tipo Derrida. Ele coloca que "a escrita cênica não é aí mais hierárquica e ordenada; ela é desconstruída e caótica, ela introduz o evento". 
Assistindo uma média de umas 50 peças em cada edição do festival de teatro de Curitiba não vejo ninguém puxando ferro no palco fazendo uma performance. Não há individualidade em cena e sim um aglomerado de ações que formam a cena ou o movimento, como quiser. 
Eles pensam que o moderno agora assimilado com a ciência que leva as tecnologias possibilita o brasileiro usar artifícios no palco para um espetáculo vultuoso. Mas nós não temos estas parafernálias. E o que sobra é uma antagonismo com tais teorias. Com quase na totalidade as peças são sem recursos. Para quem as teorias servem?
Ultimamente ando desprezando até a luz no palco, embora insubstituível. Não dá para ser que nem o Biscoito Biscaia que usa All Star, Skate, Whisky nos palcos com novas teorias, e através dele até consegue uns incentivos. Só falta colocar um cartaz em cena de "se beber não dirija". 
Estes dias estava na praia e fiz uma cena do "As Mãos de Eurídice" que já dirigi no passado. E ele não tem linearidade nas falas. Apresentei para a minha família e não deu certo. Minha irmã falou que não entendeu nada. Isto quer dizer que estamos num mundo prático, de razão prática. Acrescentando uma superficialidade ideológica carregada pelo "laissez faire, laissez passer". Ele sim existe e o artista deve se comunicar com a massa propondo a alteridade. Se não aquilo que é do "laissez faire" acaba não colocando o pão na mesa do artista. Estamos no Brasil, nunca esqueçam disto. Um aparente muito ruidoso de uma subjetividade perversa.
No texto "A Encenação Contemporânea" o Patrice Pavis fala que a "Grã-Bretanha ou nos Estados Unidos, o interesse pela teoria pós-moderna ou pós-estruturalista na universidade, pela desconstrução derridiana nos anos 80, raramente foi acompanhada por consequência no meio teatral". Mas se o teatro anglo-saxão não acompanhava então o Brasil como fica? Será que é aquela disputa entre teoria e prática? Quem ganha com isto?

domingo, 6 de setembro de 2015

Estética Relacional



Felix Gonzales-Torres

Priorizando os anos 90, a estética relacional tenta dar um vigor novo a interpretação artística como um amparo social. Coloca os dois como um ser semelhante de busca e entrelaçados. Uma grande generosidade para um sentido social com as duas sendo a mesma. Confiando a realidade como o acontecimento artístico deslumbrada. Uma subjetivação interessada em descobrir na estética o caos com um interstício do fazer. Talvez nem tanto o caos e sim uma melancolia plana de cores. O individual vem agarrado a alguém buscando uma existência comoda e com acontecimentos como arte.  

Toda a generosidade interessada do nosso mundo vem carregado de uma vontade de poder. Como o não fume. E passa ser pauta de entrevistas para pessoas falarem que deixaram de fumar devido as doenças em tempos que já não se fuma. E os mesmos são aqueles que se beneficiam com taxas de impostos sobre o fumo ou eram aqueles das propagandas de cigarros na mídia. E este é o problema que enfrenta a estética relacional com o uso do seu formato para uma generosidade interesseira. São estruturas por trás querendo conferir status de heróis, de boas intenções quando nelas os interesses são visíveis. Você pode deixar de beber e até fazem leis para coibir sendo que o próprio deputado bebe e provoca o acidente na rua. 

Quando Rousseau falou que o homem vive sozinho muito melhor com certeza tinha percebido que ninguém liga para ninguém. A não ser aos seus próximos como um autor que não recordo o nome afirma. Se você é negro ou branco, ou homossexual não é significativo. Se você tira de um para dar ao outro está sendo preconceituoso da mesma forma e em proporções iguais. Cuidar da tua individualidade ainda é o norte humano. Existe o contato e ele é feito por tua disposição e não porque existe um interstício generoso. 


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Consciência e inconsciência



Tem umas coisas que acontecem no dia a dia impregnados de consciência estragada. São repetições para uma conduta insistindo em um costume justificando uma lei. E no campo político isto fica martelando para a manutenção do campo político como se a consciência não tivesse aceitado ela e precisa ser lembrada. Que saco. Não fume, porque fumar causa câncer no coração.
Se sabe que a consciência é pobre e a prática o termo por si só se define. Experimentar é útil e saudável. Mas não está transbordando num universo preenchido que nela se encontra todas as sublimações e genialidades. Nela a psicologia mergulhou e nascem os monstros e as contemplações.
Acho que sou um bom professor diante de uma caminhada alimentando esta faceta, mesmo estabelecendo uma cobrança no consciente. Dou muito mais que o óbvio cobrando o óbvio. Claro que tentando resgatar o inconsciente que insiste em ficar anônimo. Sacanagem isto, ia facilitar um monte nossa vida. Já pensou alguém no teatro não conseguindo enxergar ela? Primeiro vão ter que enxergar a subjetividade Kantiana e a partir dela construir um conhecimento, acho.
O Alexandre Nero nesta semana deu toda a pinta que não chegou lá num comentário sobre o improviso. E falou do preparador de atores dele falando sobre o improviso que pelo jeito é só um preparador para alguma coisa. É, coisa já é alguma coisa.
Este jogo na dualidade se degladiando pensando agora que pode ser o Dionísio e o Apolo. E pode ser outras tantas coisas porque o mar é infinito. Putz, tá chovendo. O meu humor não deve estar bem.

Pontal do Sul e Ilha do Mel


terça-feira, 25 de agosto de 2015

A exaustão do mundo



É engraçado que ninguém consegue dimensionar o instante cosmológico de nossa era. O espírito burguês cansou com o discurso político moralista cometendo muitos erros. Não estou falando do homem rico de propriedades que se convencionou como burguês. A política nas cidades travou e sua dinâmica não chega nas gens. Aos vencedores as batatas porque se descobriu que o outro lado era o vencedor. 

Palmira destruída iniciada com os saques dos museus do Iraque é o grande efeito de uma civilização em decadência. Milhões de torres gêmeas caindo com a resposta dos Árabes diante desta nova cruzada. O povo no ocidente na sua passividade momentânea pode desencadear uma grande revolução na busca da origem inicial. Isto não é difícil de prever diante dos acontecimentos e aquela ânsia visível de concerto do mundo. O ciclo vem se fechando e nele sempre é possível enxergar os próximos eventos. Por exemplo, se não fosse a ciência com certeza teríamos uma nova peste negra com uma enorme matança. A matança já existe e até genocídio de crianças numa humanidade míope que não vê o que fez. 

Eu não tenho filhos então eu não tenho do que me preocupar. Aos vencedores as batatas. Quem brinca com a natureza pensando que ela não se manifesta pode descobrir tarde demais que o homem não é nada. 


Gaivotas de Pontal do Sul


terça-feira, 4 de agosto de 2015

Verdades Secretas - O mundo das modelos



Uma das coisas que posso dizer que vivi e de certa forma estive no centro das atenções da atividade de modelos. Através de amigos fui me introduzindo no meio mesmo não sendo modelo. Pelo contrário, sempre me achei um feio. Mas de certa forma me sentia muito a vontade no meio e acabava entrando cada vez mais no grande círculo das belezas. 

Uma coisa é certa, o meio é fatal. A beleza embriaga e a relações chegam aos extremos. Mas não tem como não ser diferente quando se percebe que seu mundo é o berço esplêndido. A sexualidade bate a porta dos limites.

Penso que eu era ingênuo mas sortudo. Minha casa já teve as mulheres mais bonitas de Curitiba. Meus trabalhos era com dezenas de mulheres. E através deste viés descobri a arte. Eu não queria só isto e através de um curso de cinema acabei me desviando desta linha. Fui trabalhar com televisão e depois o teatro. Mas sempre estou de olho no que acontece no mercado. 

O mercado sempre girou da mesma forma, com as promessas. Muitos gastam dinheiros em ilusões que espertinhos no mercado se aproveitam. São as agências tidas como grandes que não passam de armadilhas para tirar dinheiro através dos seus books, um ou dois trabalhos e depois mais nada. Não tem tanta gente bonita e com perfil a ponto de investir um financeiro que dê resultado. Os bons não precisam disto. 

Quem são os bons? Os bons são aqueles que conseguem ter a sua volta o que tem de melhor e nem sempre estão afoitos. As coisas acontecem isto porque a aura é de poder. Nada do que as agências colocam é do jeito que se vê. O poder corre solto como parte das Verdades Secretas num jogo avassalador. Mas aquele que carrega as mulheres bonitas nem sempre estão atrelados as agências do jeito que pintam. Chequei a este ponto nos meus trabalhos com misses Curitiba, Paraná e aquelas que poderiam ser miss mundo, que precisa além da beleza muito dinheiro para investir.

Vejo os acontecimentos e as vezes fico perguntando quem sonha mais se é quem compra ou quem vende o sonho. Um sonho lindo bom de se sonhar já que a realidade crua as vezes não vale a pena. Investir na beleza é uma forma de emoldurar o mundo estético dos gostos. Isto também me fascina. É uma energia que brota no interior que faz o mundo vibrar. Mas agora eu faço teatro e é algo que me preenche de realizações num paralelo ao estético. É claro que um é efêmero e o outro é justificativa filosófica de ser intrínseco um no outro.  Espero que um dia elas me descubram de novo e a trajetória retorne. Sou bom nisto e com trabalhos que consigo com facilidade. 

Angélica que tinha acabado de ganhar um carro no concurso de Miss Curitiba. 


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Disciplina Teatral - Atores



Durante o tempo que venho tendo uma convivência com atores sempre tive algumas diferenças que me mortificavam. Não entendia as razões de tais procedimentos e muitas vezes achava estar fazendo algo de errado no processo. Claro que não isento uma maior atuação que possa fazer uma situação se tornar favorável. E muitas vezes já venho pensando antecipadamente as ações visando sanar a diferença já visualizado no evento num futuro-presente. 
Embora não muito discutido a relação ator e sua atividade sempre foram lembrados em lampejos de textos críticos. Franklin de Matos por exemplo tem uma pesquisa dos atores no teatro iluminista com um olhar de Diderot.

No geral temos um olhar diferenciado aos artistas que vivem mais ou menos aquilo que é conhecido de uma criada gozar o primeiro filósofo ocidental, o Tales de Mileto, por ficar olhando para cima e esquecer o buraco no chão e cair. O artista no geral é um visionário contemplativo do tipo que faz das relações um devir intuitivo não se pautando a regras rígidas estabelecido de controle. 
Eles estão errados? Mas de jeito nenhum. Isto é a beleza do processo de entrega a sua arte e a ferramenta de produção. Tem mais que ficar solto e gozando a vida estética no seu melhor brilho. 

Existe porém um detalhe que se procura com o amadurecimento e a tentativa que as coisas ganham mais consistência na realização que é o profissionalismo. Mas não é só o detalhe de pegar um registro como o Drt. E sim um orgasmo consciente de grupo e de liderança nos propósito estabelecidos para que eles ganhem glória. O princípio de união de grupo e de equipe num trabalho é uma arma para que o trabalho como um todo pulse vibrações que venham ser captados por um público. Um público que não aplaude só com as palmas e a ovação, como também na estrutura do orgânico do grupo. Um exemplo disto é o operador de luz atrás do pano e uma pré produção do espetáculo, e em todas as etapas. 

Foto em Pontal do Sul em 2009 
Sempre vejo o ator como um displicente que não se interessa por nada a não ser aquilo que ele faz e vai fazer. E aí mora o perigo sendo que um diretor não vê o ator por aquilo que ele representa no palco, apenas. Hoje diante desta "falha trágica" muitas coisas estão sobre a mesa. O diretor conta com o ator como um membro importante na sua estrutura num dinamizador de potências. Me arrisco a dizer que a qualidade do ator já não é na sua capacidade no palco e sim como ele se relaciona com o mundo. Atrás da característica que ele cria dos personagens do palco tem o dele de uma generosidade tanto no palco como na convivência potencializadora ampliada além palco que carregam a energia alimentando a ação no seu todo.  

É louvável e desejado o ator que tenha a displicência e que não se apegue a morais enraizadas nas hipocrisias no modo de viver. Que ele brinque com a vida e ele rompa com as leis estabelecidas. Mas que acrescente a isto o respeito por aqueles a sua volta num gesto de generosidade como o combustível que vai fazer rodar o carro. Que seja um espírito livre que geralmente é o impulsionador destes artistas. E buscando um absoluto como obra que vibra nas salas de espetáculos. Claro, não tenho muito o que reclamar porque já estou escolado. E conto com aqueles que moldei ou vieram e fazem parte da minha casa. 




quinta-feira, 30 de julho de 2015

Homem Moderno



No passado o homem submisso vivia as voltas de um poder manipulador dos seus senhores. No Paraná por exemplo, as pessoas procuravam agrupamentos de casas como referência de interação diante do vasto mundo florestal. Os polacos faziam associações para terem suas festas e organizar a educação dos filhos. Ao contrário de hoje com muitas pessoas buscando se isolar diante da convulsão que se tornou as cidades com seus engarrafamentos cotidianos. 

Na didática teórica se fala muito do novo homem moderno que conseguiu sua subjetividade consciente. Ele é atuante no mundo por sua vontade. O desejo das coisas do mundo como as novas tecnologias para o conforto. Mas será que isto é uma realidade hoje? Será que os teatros devem espelhar isto? 

Vieram novos teóricos começando a perceber algumas transformações no ideal Kantiano de uma descoberta da ciências. Juntos vieram as questões sociais de Marx, o poder e o rompimento do homem em Nietzsche e uma profundidade aflorando na memória com o Frued. 
Só que as coisas andam mais depressa mesmo algumas coisas permanecendo como o ruído das guerras intrínseca do homem. Aquilo que falaram que se perdeu na ultima guerra mundial continua firme e forte com a totalidariedade das massas. Sistemas, corporações e governos estabelecem aquilo que é a vontade do seu cidadão, não propriamente satisfazendo este cidadão. São regra de horários e homens correndo para suas atividades remuneradas. Seus gostos massificados. 

A poética ganha novos contornos de uma arte contemporânea que neste sentido satisfaz. Não que seja a da liberdade e da felicidade. Isto é tão inexorável quanto a existência. 


quarta-feira, 29 de julho de 2015

Teatro do Bem e do Mau



Se condiciona hoje em dia que não se deve ter o maniqueísmo na ordem destes tempos modernos. Isto como se fosse possível já que ele tem uma dimensão em camadas. Claro que não somos tão violentos assim aparentemente. Só que se refletir melhor vai aparecer que ainda somos medievais. 

Nas tragédias gregas a maldade não era condicionada ao herói e sim as circunstâncias, ao acaso. Toda a maldade tinha como justificativa a fatalidade. Em Medéia ela matou os filhos e o Édipo matou o pai que levou a condição das circunstâncias para tal. Até Frued concorda com isto. 
Mas com a entrada do cristianismo o trágico ganha outros propósitos que é a culpa e o crime. A culpa de Eva e todos os pecados do mundo. Quando você comete um crime não tem a sensação do crime e sim do pecado dos olhos daqueles que vão te cobrar e te castigar. Isto justifica o mando de um ser superior no castigo podendo até matar. Não há uma separação entre o pecado e a culpa pelo feito, hoje.  

Hoje em dia se criminaliza por ter um sujeito que praticou um pecado. Já coloco pecado porque é dentro desta dimensão que se pensa o ser humano errante. Ele é capaz da maldade e o confinamento é consequência. Já é conhecida a história de pessoas que roubam porque estão com fome e pegam vários anos de prisão. As cadeias estão cheias devido existência de muitos crimes. Mas a justiça não era para ser moderna e contemporânea? Quando Thomas Hobbes escreveu que o homem era um lobo ele vinha de um pensamento de um trágico medieval. Alguma coisa mudou num aspecto geral? 

Na história do ensino médio tem um momento das cruzadas religiosas de um episódio de uma igreja cheia de mortos e muito sangue. Mas o que falar que hoje a matança de árabes tem muito mais sangue? A justificativa é porque os Árabes são radicais. Mas a história não vai dar a dimensão deste radicalismo religiosos porque do outro lado também vai ser o radicalismo pelo enfrentamento. Será que daqui 1.000 anos esta mesma história vai ter uma outra cara e se apagar da memória? Existe uma camada adormecida que não deixa ver o terror que é nosso tempo. São muitos homens morrendo com tecnologias de armas sofisticadas e são muitos homens em verdadeiras populações de presidiários. A nossa tragédia é medieval e utópica contemporânea para uns noiados. Deve existir tantas igrejas quanto escolas com a igreja numa camada invisível imperando nos seus costumes. Tudo que é bom é moral. O que não for moral é sujeito ao castigo. E assim eram os medievais. 

Medeia Escola Macunaima Festival de Teatro de Curitiba


Dramaturgia Trágica



Escrever é um processo interessante de apropriação. Se coloca em letras as ações sem imaginar quem vai assumir o papel. E neste caso fica o detalhe de não estabelecer muitas rubricas no sentido de uma direção na ação dentro do texto. A ação deve estar na sua integridade para que o ator possa com ele ter mais liberdade de caracterização. E a experiência é inusitada quando percebe o ator atuando o texto e compreendendo que se ele tivesse que escrever para aquele ator do jeito que representou seria impossível escrever. Principalmente uma atuação magistral que ultrapassa o texto na sua criatividade. 

O Aristóteles adota o "erro trágico", "erro involuntário" harmartia como um acidente no percurso que chama a atenção. Todos buscam um equilíbrio e com uma profundidade de equilíbrio como as faculdades em Kant. Estabelecido as camadas como razão, intuição, entendimento, sensibilidade e outras que um ser racional e lógico absorve é incompreensível quando algo acontece sem o seu controle. O humano grego já tinha a racionalidade e achava um absurdo descobrir que as vezes a natureza das coisas o surpreendia. Continua surpreendendo quando algo de absurdo acontece e as pessoas ficam fascinadas pelo resultado do evento. Talvez a palavra evento ganhe uma conotação com os acidentes do percurso. Temos uma atração desmedida no conhecimento destes acidentes que revelam comentários interessados e longas conversas sobre o acontecido tentando prever as possibilidades. É neste eixo que o Aristóteles coloca que existe uma purgação nos acidentes que se aprende a evitar ou copiar. Principalmente evitar por ser algo como um erro que leva ao sofrimento no clássico. No moderno já se insere na experimentação que leva ao acerto e o refinamento e ao conteudismo. 

O que eu acho engraçado é as pessoas acharem que superaram Aristóteles sendo que o trágico é inevitável. Ele é a maior atração do ser humano diante desta arte. Uma dramaturgia que possa fazer algo com um acidente ou uma alteridade vai ser aceita em qualquer tempo. É uma arte natural destas que alguns ficam tentando estabelecer algo como ciência natural. E pensando bem se tirar o tecnológico do pedestal e generalizar para a sensibilidade comum pode ser até uma ciência. O mistério no novo dos erros impressionando.




terça-feira, 28 de julho de 2015

Trágico Contemporâneo



Hoje no jornal do esporte passou uma garota que fez um lindo salto ornamental no campeonato na Rússia que vale para as olimpíadas. Todos fazendo bonito. Mas o salto principal depois de ter feito bonito foi destes que a gente dá na piscina com gosto. O mais engraçado foi o repórter dando um close no técnico dela olhando para o vácuo sem entender e ele comentando este olhar. A nota do salto foi zero. Hilário. 

Tudo na nossa vida passa por um palco. Eu não saberia traduzir isto como ele pode ser visto para a cena. Será que uma performance? Uma tragédia contemporânea de um instante da mergulhadora que resolveu fazer diferente. Embora muitos achem que com a modernidade a tragédia clássica deixou de existir. Aquela tragédia com o sofrimento e um acontecimento existencial com parâmetros de um absurdo acontecendo na vida. 

Resolveram repudiar a ação da tragédia como se ela fosse a imitação como Platão visualizava. Só que Aristóteles transcendeu o seu mestre quando percebeu que não se tratava de uma imitação e sim de uma tentativa criativa de ação sem ser o rigor no movimento. O engraçado é que muitos atores pensam no rigor de uma cena que as vezes constatam em um laboratório. Que na real eles devem trabalhar a criatividade e não a imitação. O trabalho do ator diante do diretor nem sempre é moldado. É claro que existe toda uma marcação a ser feita. Mas já se sabe que toda apresentação nunca vai ser igual a anterior. Então ele ganha uma compreensão criativa sendo que ele é que molda a caracterização. Aristóteles foi muito generosos neste aspecto de pensar a ação aderente a ficção já que o fenômeno não se explica na sua totalidade. De certa maneira ele absorve o Platão no seu simulacro dando uma alternativa de coesão de uma construção no devir. 

Não adianta falar que a tragédia deixou de existir sendo que ele se comporta como ontológico no rol de nosso ser. Basta ver aquele caso Isabela Nardoni que o povo enchia a rua na frente do prédio como um auditório sedento mesmo que a cena já tivesse acontecido. Existe uma linha de seção da tarde  na tv toda voltada para os acontecimentos trágicos urbanos em forma de absurdos acontecendo. Não adianta dizer que o teatro se moldou ao científico do conforto de um refinamento nas ações no modismo moderno do luxo. As tecnologias com a estrutura capital vem perdendo o seu vigor e provavelmente vão lembrar das tragédias inexoráveis diante da serenidade da vida na natureza em ciclos de ato e potência. Tudo pode mudar. A ação não, e é isto que faz a chama se acender nos palcos com a cena acontecendo. Um auditório fiel dos acontecimentos do nosso mundo.  

Medeia da Escola Macunaíma no Festival de Teatro de Curitiba



domingo, 26 de julho de 2015

Tragédia



Os Brasileiro hoje tem um discurso enfadonho do tipo serve para alguém que eles não sabem quem é. Não serve para eles claro. Mas na dita resignação compram o discurso por já ter uma genética empobrecida no seu espírito. 

Numa antropologia se afinando ao trânsito humano sobre está crosta podemos dizer que os Gregos já denunciavam aquilo que continuamos sendo hoje. Um ser trágico numa existência sem amparo algum. A tecnologia avançou e nos mostrou que estamos mais sozinhos do que pensávamos, com um universo muito grande. Poderia dizer infinito só que isto implica em algumas aceitações. 
O homem diante do fenômeno aceitou a existência de forças que mais tarde iria cultuar e culpar por nos ter deixados aqui. Eles se chamam deuses e era uma infinidade de deuses no culto grego. Mas mesmo com a tendência a crença ele sempre esteve aliado a tragédia. Que por sinal foi a fonte primeira do teatro. Olha só a importância disto! Ampliando para a representação. 

Se vendo desamparado e com uma existência no sofrimento descobriu a poesia através dela. Um ritual desvendando o humano nas suas entranhas líricas e nas suas vivências. E aqui fica duas linhas divisórias com uma sendo utópica religiosa e outra realista no sentido do desamparo trágico. Muitas tragédias foram feitas nesta base que é ainda a nossa base de pensamento da gênese. No utópico há uma amortização com a possibilidade de não ser a verdadeira realidade de um mundo que o ser humano é cíclico. Poderia falar num fim só que a religião grega esteve rodeada com o estoicismo de uma natureza que se renova. E de certa maneira o épico é a forma desta renovação no homem que busca seu cíclico racional nos eventos heroicos que perpetuam sua memória. Não estou falando de uma existência gelada de um ser morto no final. Mantendo um desamparo com emblema de esperança. O Desamparo leva a dor da existência e o sofrimento. Sofrimento que para a tragédia era o meio de instrução. Melhorando: o sofrimento era o meio de instrução. Muitas coisas aconteceram na Odisséia de Homero que leva a isto, no livro sagrado grego. 

Por mais que digam que algo se renovou nada se renovou. Tudo é o mesmo e todas as questões trágicas estão no nosso meio. Uma aceitação de lei que pode ser contestada como Antígona fez. Uma viabilidade do destino como levou Édipo a casar com a mãe e matar o pai. Como o discurso da ditadura militar que acabou no Brasil sendo que nunca se teve tantos presidiários e tantos ônibus queimados num evento de confronto militar. Pela proporção daria para dizer que a ditadura militar não existia diante da dimensão e dos feitos militares de hoje com a sofisticação tecnológica das armas e controle de comunicação. Mas o discurso é aceito na característica de que somos resignados em uma aceitação do padrão trágico do medo diante do desamparo. E que medo e piedade veio na mesma linha com Aristóteles que compôs a Poética como livro sagrado do teatro. Não existe o debate trágico no Brasil com a aceitação do discurso de que temos uma liberdade com leis sendo feitas para proteger estas liberdades e assim a quantidade carcerária já é parte da população significativa. Situações simples para evitar isto poderia ser efetivado mas a burocracia das leis e militar não deixa. Então estamos num estado patológico de existência de um estado ruido. Seria melhor voltar com Nietzsche para a terra natal sem carregar nenhuma cruz. Vamos deixar o Brasil deste povinho que aceita os sofistas, mesmo eles tendo cagado na cabeça do Brasileiro.


sábado, 25 de julho de 2015

Escolas de Teatro



Diante de uma passagem com escola de teatro no interior de Minas Gerais com a tentativa de mobilizar uma quantidade de alunos e assim cobrir a demanda para um grupo de teatro durante muitos anos. E depois na capital do Paraná percebendo as escolas e contatos com seus alunos, algumas coisas ficaram visíveis. 

Hoje já posso dizer para um ator de que escola ele veio por suas características e o que fala sobre o assunto. Sei o que vou ter que trabalhar nele para chegar no resultado das cenas. E nem sempre consigo estabelecer um diálogo que possa personalizar e o rompimento e afastamento acaba sendo inevitável. 

Uma das grandes diferenças são aquilo que vou chamar de ator social. Isto devido a formação dele ser junto com uma quantidade de alunos na sua escola. Ele vem preparado para conjunto e não se afinou como o ator em si convicto de sua atuação. Daquele tipo que o papel é distribuído em dezenas de personagens e só espera a sua vez para despachar a sua fala. 
E vindo do interior onde a demanda de alunos era mais minguado me acostumei ao trabalho de no máximo 2 ou 3 atores em cena. E com isto o desempenho do ator é muito maior. O trabalho do ator pesa mais. E o conflito entre a formação e a nova meta se borra toda. 

Mas este detalhe não é só com os atores num grande centro. É também nas pesquisas de grandes nomes que tiveram a disposição sempre uma quantidade de atores e papeis a desenvolver. E todo o processo de pesquisa é pensado na encenação do ator social e não na ação aristotélica do ator. Ainda acho este profissional meio perdido no saber de sua arte por não ter as dimensões na construção daquilo que se propôs saber. Existe muita bobagem sendo falada e no uso deste profissional na sua desvalorização quando se pensa a montagem e as vaidades dos montadores. A abordagem da mídia desvaloriza os atores a menos que seja um global. Se pensa na montagem e não nos profissionais envolvidos. É isto que quero dizer. Claro que a montagem carrega o mito. 

Um dos problemas bem sensível de uma escola em Curitiba é de seus atores desenvolvendo seus papeis forçosamente olhando para frente em direção ao público quase nos modelos pré modernos na importância dos textos. A cena no palco deve ocupar todo o seu espaço e não ficar só na frente como se o público tivesse que enxergar o tempo todo os olhos dos atores. 
E uma das coisas que percebi são aqueles atores sociais adquiridos que não experimentam outras direções e acabam comprando todo o pacote de vícios da sua escola. Pode ter aprendido alguma coisa mas vai carregar a marca da escola na testa. E nem sempre ser um ator social em harmonia com o grupo pode ser considerado um ator na integra fazendo um personagem com qualidade. O talento se manifesta quando tiver o palco só para si. E aí vai ter que ter um diretor que saiba trabalhar as minúcias da ação.

É claro que a generosidade vai imperar diante de algo que já tive como meta dos interesses em jogo. Mas não podem ser só interesses que algumas vezes umas escolas demonstram no discurso para seus alunos. Estes alunos são porta vozes e aí não dá para segurar a revolta do mal intencionado. O cuidado com o aluno ator deve ser de um respeito profissional na busca de tornar ele o melhor e levar o nome da escola as alturas. Quem abusa pode receber uma crítica pesada uma hora destas. 

Alunos da Escola Teatro Oficina de Brincadeiras 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Cuba Revisitada



Na minha rua já não tem ladrilhos e tem ladrilhos com o som do vento rompido e jatos quebrando a barreira do chão na minha cabeça. Os ruídos do mundo no caos cosmopolitano. 

Os homossexuais casam com homens com homens e homens com mulheres e até fazem filhos. O céu deixou de existir e o inferno se desconfigurou do mito com a terra que virou um grande lixo humano num depósito de humanos. O sol arde mais num tempo que se acabou em geleiras e agora em um grande fogo nas queimadas das matas. 

Estes dias uma jornalista questionou um grande escritor cubano sobre a fome em Cuba, e se ele com o poder que tinha não podia fazer nada pela abertura econômica em Cuba em andamento no pós Fidel Castro. Mas se a abertura fosse a solução o mundo não teria fome e nem guerras. A ilha utópica que era uma praia do império e desafiava no número de medalhas nos esportes. Exatamente a ilha perdida dos autores se desconfigurando para ser mais uma perdida neste mar caótico dos bens de consumo. Se perde um vigor de união dos juntos para se enquadrar em pessoas vagando no mundo moderno. E tem quem diga que este é o melhor dos mundos.

Este é o visual da minha peça na personagem da Leili Dias vagando no mundo sem rumo tentando encontrar o seu eu. Um olhar solitário no condicionamento das ruas nas várias histórias que lhe passam na cabeça. Ruídos estranhos que procura entender. E o mais estranho é que a atriz incorporou o personagem com tanta vivacidade que choca e ao mesmo tempo faz rir do comum numa peça que não era para ser comédia. O texto na peça com os gesto dela se transformou em grandeza com a competência na leitura do mundo. É gratificante perceber uma obra materializada na sua melhor atuação.

Leili Dias com formação pela Escola Dramática do Estadual do Pr. 


quarta-feira, 22 de julho de 2015

Drone Americano



As coisas sempre se repetem e existe um determinismo nisto. Até na tecnologia com a descoberta do homem moderno como um fruto que deveria ser saboreado pela humanidade segue num sentido de um humano cíclico na manutenção do que lhe é a pior paisagem da existência, com a morte. 

Já se pode calcular nas crises o efeito de uma repulsa as tecnologias. Algo que deveria ser para agregar serve hoje para matar. Foi assim com a depressão de Santos Dumont quando percebeu que sua invenção foi utilizado como armas de guerras. O que marcou as guerras mundiais foi a utilização dos aviões e outras tecnologias. E o que ameaça a terceira guerra mundial é o uso da bomba atômica pelo império. Que já experimentou aniquilando cidades japonesas. 

A crise econômica mundial tem um aspecto de depressão quando as pessoas já não sentem atrativos no consumismo de novos inventos. Computadores, carros e celulares não são tão atrativos mais. E os drones americanos hoje são atrelados intimamente a morte de Árabes. Seja para o bem ou para o mal no maniqueísmo religiosos ela serve como incentivo as cruzadas religiosas reais. Aquilo que deveria servir para o conforto humano é mais conhecido pelas mortes que proporciona no seu heroísmo imperial. 


sábado, 18 de julho de 2015

Revue de Paris



O grande feito no teatro foi quando passaram de um teatro de leitura nos palcos para uma encenação naturalista. O que fica claro que para nós isto foi um grande feito valendo como verdade para aquela época. Mas não é bem assim. 

Consultando a La Revue de Paris em uma das edições de Théâtre de uma crítica sobre uma peça de Napoleão ou outra do Alexandre constatei que no final tem o espaço do comercial. Visando o lucro é claro. E para a minha surpresa um dos anúncios era a divulgação de um curso de ler e escrever rápido de forma assintuosa na colocação. Precisavam de leitores para vender o jornal. A educação através de escolas e algo recente e não era uma investida comum. Ler deveria ser algo bastante valorizado. Entendeu agora porque o teatro de leitura poderia ser importante para eles? Não estou lá para saber se é exatamente isto. 
Outra coisa é o conhecimento de história falando de Napoleão e outros sendo que possivelmente as leituras tinham uma conotação da história de sua época. Por que será não é? Não tinham televisão é claro, e se não tinham escolas o debate político de interesses estrangeiros passava por um evento assim. 

Tudo bem que veio o naturalismo com a descoberta da luz. Mas para entender como as coisas se dão tem que se ver lá e não palpitando daqui como se as coisas fossem como nós somos hoje. Na verdade a gente não é nada também. Principalmente de um teatro que nunca existiu sendo que na ditadura o teatro era engajado e com seus revolucionários ganhando muito dinheiro vendendo suas artes contestadoras. Um tipo de engajado burguês sendo que o Chico Buarque um exilado para França hoje mora na França. Ganhou muito dinheiro na ditadura e o que sobrou do teatro foi um abismo já que nele era algo excessivo de um teatro só político. Eu e minha mania de falar mal. Mas eu acho que não falei nenhuma mentira. O Gil e o Caetano nesta semana estão com um show que custa 800 reais o ingresso e com show em Israel no aniversário do genocídio de crianças palestinas. Complicado isto.


Performance



Tenho muito para apreender e compreender num espectro do entendimento, com estas vantagens é claro. Minha intuição sempre aponta e acerta em algumas coisas nesta dialética desvairada que faço. E quanto maior o absurdo mais me entrego a sua profundidade. 

Existe um modo partidário de esquerda e direita que no geral as pessoas assumem a dicotomia e não arredam pé dele. Em alguns e numa maioria isto é patológico sem alternativas mentais para sair desta latrina. E vem de longe uma tal de unidade e do outro lado uma fragmentação. A fragmentação existe e viaja pelas cabeças que chegou até Platão. Mas a unidade é algo não explicável com uma presença ruidosa com alguns achando que podem transcender a ela. O centro e as periferias sempre foram os mesmos. O homem sempre se reuniu em volta de uma fogueira. A cerimônia e o espetáculo da vida sempre tiveram num limite sem o rompimento. A menos que alguns digam que existe um outro mundo e os homens em cubas. Mas para isto vão comprar os ingressos e vão sentar nas mesmas poltronas e comendo a mesma pipoca. 

A moda agora é converter os acidentes em alguma coisa continuum e nem explicam as razões de uma peripécia Aristotélica e pensam que estão fazendo algo totalmente novo. Bezame Deus. Entram numa destinerrância como se isto fosse possível num universo em constante guerras de uma unidade febril que sempre se manteve. O que é mesmo que tem de novo no paraíso? Não desfizeram o equivoco do pós redescoberta dos textos de Aristóteles e entraram num caminho que não é do bem. Vão para o inferno. Pior, vão para o nada. E não é nem aquele inferno do churrasquinho com carne de primeira. Não sei nem porque fazem o que fazem sem acreditar no que fazem. Existe a opção da encenação e representação na performance e isto é o duplo. Como umas coisas assim: "Ela é a outra encenação, o seu duplo, aquela que não se deixa traduzir por si mesma, o que permanece incompatível." Isto nunca existiu. A não ser que esteja em Marte sendo algo que não é humano. Até o caos existe e é mais velho que minha avó grega. "Produção cultural não é traduzível, ou reduzível a uma outra". E quando Descartes fez as viagens pelo novo mundo e descobriu o comum e revolucionou a filosofia então não valeu?

Uma arte para ver o nosso mundo e não tentar enquadrar em promessas medievais de um outro mundo. A unidade existe sim e é isto que faz muitos procurarem ela. E os elementos dela é o palco, a cerimônia fenomenológica que atrai e que desperta o homem para uma racionalidade. Quer o caos, vai viver num canil achando que está fazendo um espetáculo. Vai ser ficção para quem assistir e vai te achar muito idiota ou uma performance. Mas que coisa desnecessária.