Hoje no jornal do esporte passou uma garota que fez um lindo salto ornamental no campeonato na Rússia que vale para as olimpíadas. Todos fazendo bonito. Mas o salto principal depois de ter feito bonito foi destes que a gente dá na piscina com gosto. O mais engraçado foi o repórter dando um close no técnico dela olhando para o vácuo sem entender e ele comentando este olhar. A nota do salto foi zero. Hilário.
Tudo na nossa vida passa por um palco. Eu não saberia traduzir isto como ele pode ser visto para a cena. Será que uma performance? Uma tragédia contemporânea de um instante da mergulhadora que resolveu fazer diferente. Embora muitos achem que com a modernidade a tragédia clássica deixou de existir. Aquela tragédia com o sofrimento e um acontecimento existencial com parâmetros de um absurdo acontecendo na vida.
Resolveram repudiar a ação da tragédia como se ela fosse a imitação como Platão visualizava. Só que Aristóteles transcendeu o seu mestre quando percebeu que não se tratava de uma imitação e sim de uma tentativa criativa de ação sem ser o rigor no movimento. O engraçado é que muitos atores pensam no rigor de uma cena que as vezes constatam em um laboratório. Que na real eles devem trabalhar a criatividade e não a imitação. O trabalho do ator diante do diretor nem sempre é moldado. É claro que existe toda uma marcação a ser feita. Mas já se sabe que toda apresentação nunca vai ser igual a anterior. Então ele ganha uma compreensão criativa sendo que ele é que molda a caracterização. Aristóteles foi muito generosos neste aspecto de pensar a ação aderente a ficção já que o fenômeno não se explica na sua totalidade. De certa maneira ele absorve o Platão no seu simulacro dando uma alternativa de coesão de uma construção no devir.
Não adianta falar que a tragédia deixou de existir sendo que ele se comporta como ontológico no rol de nosso ser. Basta ver aquele caso Isabela Nardoni que o povo enchia a rua na frente do prédio como um auditório sedento mesmo que a cena já tivesse acontecido. Existe uma linha de seção da tarde na tv toda voltada para os acontecimentos trágicos urbanos em forma de absurdos acontecendo. Não adianta dizer que o teatro se moldou ao científico do conforto de um refinamento nas ações no modismo moderno do luxo. As tecnologias com a estrutura capital vem perdendo o seu vigor e provavelmente vão lembrar das tragédias inexoráveis diante da serenidade da vida na natureza em ciclos de ato e potência. Tudo pode mudar. A ação não, e é isto que faz a chama se acender nos palcos com a cena acontecendo. Um auditório fiel dos acontecimentos do nosso mundo.
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Medeia da Escola Macunaíma no Festival de Teatro de Curitiba |
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