Se condiciona hoje em dia que não se deve ter o maniqueísmo na ordem destes tempos modernos. Isto como se fosse possível já que ele tem uma dimensão em camadas. Claro que não somos tão violentos assim aparentemente. Só que se refletir melhor vai aparecer que ainda somos medievais.
Nas tragédias gregas a maldade não era condicionada ao herói e sim as circunstâncias, ao acaso. Toda a maldade tinha como justificativa a fatalidade. Em Medéia ela matou os filhos e o Édipo matou o pai que levou a condição das circunstâncias para tal. Até Frued concorda com isto.
Mas com a entrada do cristianismo o trágico ganha outros propósitos que é a culpa e o crime. A culpa de Eva e todos os pecados do mundo. Quando você comete um crime não tem a sensação do crime e sim do pecado dos olhos daqueles que vão te cobrar e te castigar. Isto justifica o mando de um ser superior no castigo podendo até matar. Não há uma separação entre o pecado e a culpa pelo feito, hoje.
Hoje em dia se criminaliza por ter um sujeito que praticou um pecado. Já coloco pecado porque é dentro desta dimensão que se pensa o ser humano errante. Ele é capaz da maldade e o confinamento é consequência. Já é conhecida a história de pessoas que roubam porque estão com fome e pegam vários anos de prisão. As cadeias estão cheias devido existência de muitos crimes. Mas a justiça não era para ser moderna e contemporânea? Quando Thomas Hobbes escreveu que o homem era um lobo ele vinha de um pensamento de um trágico medieval. Alguma coisa mudou num aspecto geral?
Na história do ensino médio tem um momento das cruzadas religiosas de um episódio de uma igreja cheia de mortos e muito sangue. Mas o que falar que hoje a matança de árabes tem muito mais sangue? A justificativa é porque os Árabes são radicais. Mas a história não vai dar a dimensão deste radicalismo religiosos porque do outro lado também vai ser o radicalismo pelo enfrentamento. Será que daqui 1.000 anos esta mesma história vai ter uma outra cara e se apagar da memória? Existe uma camada adormecida que não deixa ver o terror que é nosso tempo. São muitos homens morrendo com tecnologias de armas sofisticadas e são muitos homens em verdadeiras populações de presidiários. A nossa tragédia é medieval e utópica contemporânea para uns noiados. Deve existir tantas igrejas quanto escolas com a igreja numa camada invisível imperando nos seus costumes. Tudo que é bom é moral. O que não for moral é sujeito ao castigo. E assim eram os medievais.
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