Escrever é um processo interessante de apropriação. Se coloca em letras as ações sem imaginar quem vai assumir o papel. E neste caso fica o detalhe de não estabelecer muitas rubricas no sentido de uma direção na ação dentro do texto. A ação deve estar na sua integridade para que o ator possa com ele ter mais liberdade de caracterização. E a experiência é inusitada quando percebe o ator atuando o texto e compreendendo que se ele tivesse que escrever para aquele ator do jeito que representou seria impossível escrever. Principalmente uma atuação magistral que ultrapassa o texto na sua criatividade.
O Aristóteles adota o "erro trágico", "erro involuntário" harmartia como um acidente no percurso que chama a atenção. Todos buscam um equilíbrio e com uma profundidade de equilíbrio como as faculdades em Kant. Estabelecido as camadas como razão, intuição, entendimento, sensibilidade e outras que um ser racional e lógico absorve é incompreensível quando algo acontece sem o seu controle. O humano grego já tinha a racionalidade e achava um absurdo descobrir que as vezes a natureza das coisas o surpreendia. Continua surpreendendo quando algo de absurdo acontece e as pessoas ficam fascinadas pelo resultado do evento. Talvez a palavra evento ganhe uma conotação com os acidentes do percurso. Temos uma atração desmedida no conhecimento destes acidentes que revelam comentários interessados e longas conversas sobre o acontecido tentando prever as possibilidades. É neste eixo que o Aristóteles coloca que existe uma purgação nos acidentes que se aprende a evitar ou copiar. Principalmente evitar por ser algo como um erro que leva ao sofrimento no clássico. No moderno já se insere na experimentação que leva ao acerto e o refinamento e ao conteudismo.
O que eu acho engraçado é as pessoas acharem que superaram Aristóteles sendo que o trágico é inevitável. Ele é a maior atração do ser humano diante desta arte. Uma dramaturgia que possa fazer algo com um acidente ou uma alteridade vai ser aceita em qualquer tempo. É uma arte natural destas que alguns ficam tentando estabelecer algo como ciência natural. E pensando bem se tirar o tecnológico do pedestal e generalizar para a sensibilidade comum pode ser até uma ciência. O mistério no novo dos erros impressionando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário