quinta-feira, 30 de julho de 2015

Homem Moderno



No passado o homem submisso vivia as voltas de um poder manipulador dos seus senhores. No Paraná por exemplo, as pessoas procuravam agrupamentos de casas como referência de interação diante do vasto mundo florestal. Os polacos faziam associações para terem suas festas e organizar a educação dos filhos. Ao contrário de hoje com muitas pessoas buscando se isolar diante da convulsão que se tornou as cidades com seus engarrafamentos cotidianos. 

Na didática teórica se fala muito do novo homem moderno que conseguiu sua subjetividade consciente. Ele é atuante no mundo por sua vontade. O desejo das coisas do mundo como as novas tecnologias para o conforto. Mas será que isto é uma realidade hoje? Será que os teatros devem espelhar isto? 

Vieram novos teóricos começando a perceber algumas transformações no ideal Kantiano de uma descoberta da ciências. Juntos vieram as questões sociais de Marx, o poder e o rompimento do homem em Nietzsche e uma profundidade aflorando na memória com o Frued. 
Só que as coisas andam mais depressa mesmo algumas coisas permanecendo como o ruído das guerras intrínseca do homem. Aquilo que falaram que se perdeu na ultima guerra mundial continua firme e forte com a totalidariedade das massas. Sistemas, corporações e governos estabelecem aquilo que é a vontade do seu cidadão, não propriamente satisfazendo este cidadão. São regra de horários e homens correndo para suas atividades remuneradas. Seus gostos massificados. 

A poética ganha novos contornos de uma arte contemporânea que neste sentido satisfaz. Não que seja a da liberdade e da felicidade. Isto é tão inexorável quanto a existência. 


quarta-feira, 29 de julho de 2015

Teatro do Bem e do Mau



Se condiciona hoje em dia que não se deve ter o maniqueísmo na ordem destes tempos modernos. Isto como se fosse possível já que ele tem uma dimensão em camadas. Claro que não somos tão violentos assim aparentemente. Só que se refletir melhor vai aparecer que ainda somos medievais. 

Nas tragédias gregas a maldade não era condicionada ao herói e sim as circunstâncias, ao acaso. Toda a maldade tinha como justificativa a fatalidade. Em Medéia ela matou os filhos e o Édipo matou o pai que levou a condição das circunstâncias para tal. Até Frued concorda com isto. 
Mas com a entrada do cristianismo o trágico ganha outros propósitos que é a culpa e o crime. A culpa de Eva e todos os pecados do mundo. Quando você comete um crime não tem a sensação do crime e sim do pecado dos olhos daqueles que vão te cobrar e te castigar. Isto justifica o mando de um ser superior no castigo podendo até matar. Não há uma separação entre o pecado e a culpa pelo feito, hoje.  

Hoje em dia se criminaliza por ter um sujeito que praticou um pecado. Já coloco pecado porque é dentro desta dimensão que se pensa o ser humano errante. Ele é capaz da maldade e o confinamento é consequência. Já é conhecida a história de pessoas que roubam porque estão com fome e pegam vários anos de prisão. As cadeias estão cheias devido existência de muitos crimes. Mas a justiça não era para ser moderna e contemporânea? Quando Thomas Hobbes escreveu que o homem era um lobo ele vinha de um pensamento de um trágico medieval. Alguma coisa mudou num aspecto geral? 

Na história do ensino médio tem um momento das cruzadas religiosas de um episódio de uma igreja cheia de mortos e muito sangue. Mas o que falar que hoje a matança de árabes tem muito mais sangue? A justificativa é porque os Árabes são radicais. Mas a história não vai dar a dimensão deste radicalismo religiosos porque do outro lado também vai ser o radicalismo pelo enfrentamento. Será que daqui 1.000 anos esta mesma história vai ter uma outra cara e se apagar da memória? Existe uma camada adormecida que não deixa ver o terror que é nosso tempo. São muitos homens morrendo com tecnologias de armas sofisticadas e são muitos homens em verdadeiras populações de presidiários. A nossa tragédia é medieval e utópica contemporânea para uns noiados. Deve existir tantas igrejas quanto escolas com a igreja numa camada invisível imperando nos seus costumes. Tudo que é bom é moral. O que não for moral é sujeito ao castigo. E assim eram os medievais. 

Medeia Escola Macunaima Festival de Teatro de Curitiba


Dramaturgia Trágica



Escrever é um processo interessante de apropriação. Se coloca em letras as ações sem imaginar quem vai assumir o papel. E neste caso fica o detalhe de não estabelecer muitas rubricas no sentido de uma direção na ação dentro do texto. A ação deve estar na sua integridade para que o ator possa com ele ter mais liberdade de caracterização. E a experiência é inusitada quando percebe o ator atuando o texto e compreendendo que se ele tivesse que escrever para aquele ator do jeito que representou seria impossível escrever. Principalmente uma atuação magistral que ultrapassa o texto na sua criatividade. 

O Aristóteles adota o "erro trágico", "erro involuntário" harmartia como um acidente no percurso que chama a atenção. Todos buscam um equilíbrio e com uma profundidade de equilíbrio como as faculdades em Kant. Estabelecido as camadas como razão, intuição, entendimento, sensibilidade e outras que um ser racional e lógico absorve é incompreensível quando algo acontece sem o seu controle. O humano grego já tinha a racionalidade e achava um absurdo descobrir que as vezes a natureza das coisas o surpreendia. Continua surpreendendo quando algo de absurdo acontece e as pessoas ficam fascinadas pelo resultado do evento. Talvez a palavra evento ganhe uma conotação com os acidentes do percurso. Temos uma atração desmedida no conhecimento destes acidentes que revelam comentários interessados e longas conversas sobre o acontecido tentando prever as possibilidades. É neste eixo que o Aristóteles coloca que existe uma purgação nos acidentes que se aprende a evitar ou copiar. Principalmente evitar por ser algo como um erro que leva ao sofrimento no clássico. No moderno já se insere na experimentação que leva ao acerto e o refinamento e ao conteudismo. 

O que eu acho engraçado é as pessoas acharem que superaram Aristóteles sendo que o trágico é inevitável. Ele é a maior atração do ser humano diante desta arte. Uma dramaturgia que possa fazer algo com um acidente ou uma alteridade vai ser aceita em qualquer tempo. É uma arte natural destas que alguns ficam tentando estabelecer algo como ciência natural. E pensando bem se tirar o tecnológico do pedestal e generalizar para a sensibilidade comum pode ser até uma ciência. O mistério no novo dos erros impressionando.




terça-feira, 28 de julho de 2015

Trágico Contemporâneo



Hoje no jornal do esporte passou uma garota que fez um lindo salto ornamental no campeonato na Rússia que vale para as olimpíadas. Todos fazendo bonito. Mas o salto principal depois de ter feito bonito foi destes que a gente dá na piscina com gosto. O mais engraçado foi o repórter dando um close no técnico dela olhando para o vácuo sem entender e ele comentando este olhar. A nota do salto foi zero. Hilário. 

Tudo na nossa vida passa por um palco. Eu não saberia traduzir isto como ele pode ser visto para a cena. Será que uma performance? Uma tragédia contemporânea de um instante da mergulhadora que resolveu fazer diferente. Embora muitos achem que com a modernidade a tragédia clássica deixou de existir. Aquela tragédia com o sofrimento e um acontecimento existencial com parâmetros de um absurdo acontecendo na vida. 

Resolveram repudiar a ação da tragédia como se ela fosse a imitação como Platão visualizava. Só que Aristóteles transcendeu o seu mestre quando percebeu que não se tratava de uma imitação e sim de uma tentativa criativa de ação sem ser o rigor no movimento. O engraçado é que muitos atores pensam no rigor de uma cena que as vezes constatam em um laboratório. Que na real eles devem trabalhar a criatividade e não a imitação. O trabalho do ator diante do diretor nem sempre é moldado. É claro que existe toda uma marcação a ser feita. Mas já se sabe que toda apresentação nunca vai ser igual a anterior. Então ele ganha uma compreensão criativa sendo que ele é que molda a caracterização. Aristóteles foi muito generosos neste aspecto de pensar a ação aderente a ficção já que o fenômeno não se explica na sua totalidade. De certa maneira ele absorve o Platão no seu simulacro dando uma alternativa de coesão de uma construção no devir. 

Não adianta falar que a tragédia deixou de existir sendo que ele se comporta como ontológico no rol de nosso ser. Basta ver aquele caso Isabela Nardoni que o povo enchia a rua na frente do prédio como um auditório sedento mesmo que a cena já tivesse acontecido. Existe uma linha de seção da tarde  na tv toda voltada para os acontecimentos trágicos urbanos em forma de absurdos acontecendo. Não adianta dizer que o teatro se moldou ao científico do conforto de um refinamento nas ações no modismo moderno do luxo. As tecnologias com a estrutura capital vem perdendo o seu vigor e provavelmente vão lembrar das tragédias inexoráveis diante da serenidade da vida na natureza em ciclos de ato e potência. Tudo pode mudar. A ação não, e é isto que faz a chama se acender nos palcos com a cena acontecendo. Um auditório fiel dos acontecimentos do nosso mundo.  

Medeia da Escola Macunaíma no Festival de Teatro de Curitiba



domingo, 26 de julho de 2015

Tragédia



Os Brasileiro hoje tem um discurso enfadonho do tipo serve para alguém que eles não sabem quem é. Não serve para eles claro. Mas na dita resignação compram o discurso por já ter uma genética empobrecida no seu espírito. 

Numa antropologia se afinando ao trânsito humano sobre está crosta podemos dizer que os Gregos já denunciavam aquilo que continuamos sendo hoje. Um ser trágico numa existência sem amparo algum. A tecnologia avançou e nos mostrou que estamos mais sozinhos do que pensávamos, com um universo muito grande. Poderia dizer infinito só que isto implica em algumas aceitações. 
O homem diante do fenômeno aceitou a existência de forças que mais tarde iria cultuar e culpar por nos ter deixados aqui. Eles se chamam deuses e era uma infinidade de deuses no culto grego. Mas mesmo com a tendência a crença ele sempre esteve aliado a tragédia. Que por sinal foi a fonte primeira do teatro. Olha só a importância disto! Ampliando para a representação. 

Se vendo desamparado e com uma existência no sofrimento descobriu a poesia através dela. Um ritual desvendando o humano nas suas entranhas líricas e nas suas vivências. E aqui fica duas linhas divisórias com uma sendo utópica religiosa e outra realista no sentido do desamparo trágico. Muitas tragédias foram feitas nesta base que é ainda a nossa base de pensamento da gênese. No utópico há uma amortização com a possibilidade de não ser a verdadeira realidade de um mundo que o ser humano é cíclico. Poderia falar num fim só que a religião grega esteve rodeada com o estoicismo de uma natureza que se renova. E de certa maneira o épico é a forma desta renovação no homem que busca seu cíclico racional nos eventos heroicos que perpetuam sua memória. Não estou falando de uma existência gelada de um ser morto no final. Mantendo um desamparo com emblema de esperança. O Desamparo leva a dor da existência e o sofrimento. Sofrimento que para a tragédia era o meio de instrução. Melhorando: o sofrimento era o meio de instrução. Muitas coisas aconteceram na Odisséia de Homero que leva a isto, no livro sagrado grego. 

Por mais que digam que algo se renovou nada se renovou. Tudo é o mesmo e todas as questões trágicas estão no nosso meio. Uma aceitação de lei que pode ser contestada como Antígona fez. Uma viabilidade do destino como levou Édipo a casar com a mãe e matar o pai. Como o discurso da ditadura militar que acabou no Brasil sendo que nunca se teve tantos presidiários e tantos ônibus queimados num evento de confronto militar. Pela proporção daria para dizer que a ditadura militar não existia diante da dimensão e dos feitos militares de hoje com a sofisticação tecnológica das armas e controle de comunicação. Mas o discurso é aceito na característica de que somos resignados em uma aceitação do padrão trágico do medo diante do desamparo. E que medo e piedade veio na mesma linha com Aristóteles que compôs a Poética como livro sagrado do teatro. Não existe o debate trágico no Brasil com a aceitação do discurso de que temos uma liberdade com leis sendo feitas para proteger estas liberdades e assim a quantidade carcerária já é parte da população significativa. Situações simples para evitar isto poderia ser efetivado mas a burocracia das leis e militar não deixa. Então estamos num estado patológico de existência de um estado ruido. Seria melhor voltar com Nietzsche para a terra natal sem carregar nenhuma cruz. Vamos deixar o Brasil deste povinho que aceita os sofistas, mesmo eles tendo cagado na cabeça do Brasileiro.


sábado, 25 de julho de 2015

Escolas de Teatro



Diante de uma passagem com escola de teatro no interior de Minas Gerais com a tentativa de mobilizar uma quantidade de alunos e assim cobrir a demanda para um grupo de teatro durante muitos anos. E depois na capital do Paraná percebendo as escolas e contatos com seus alunos, algumas coisas ficaram visíveis. 

Hoje já posso dizer para um ator de que escola ele veio por suas características e o que fala sobre o assunto. Sei o que vou ter que trabalhar nele para chegar no resultado das cenas. E nem sempre consigo estabelecer um diálogo que possa personalizar e o rompimento e afastamento acaba sendo inevitável. 

Uma das grandes diferenças são aquilo que vou chamar de ator social. Isto devido a formação dele ser junto com uma quantidade de alunos na sua escola. Ele vem preparado para conjunto e não se afinou como o ator em si convicto de sua atuação. Daquele tipo que o papel é distribuído em dezenas de personagens e só espera a sua vez para despachar a sua fala. 
E vindo do interior onde a demanda de alunos era mais minguado me acostumei ao trabalho de no máximo 2 ou 3 atores em cena. E com isto o desempenho do ator é muito maior. O trabalho do ator pesa mais. E o conflito entre a formação e a nova meta se borra toda. 

Mas este detalhe não é só com os atores num grande centro. É também nas pesquisas de grandes nomes que tiveram a disposição sempre uma quantidade de atores e papeis a desenvolver. E todo o processo de pesquisa é pensado na encenação do ator social e não na ação aristotélica do ator. Ainda acho este profissional meio perdido no saber de sua arte por não ter as dimensões na construção daquilo que se propôs saber. Existe muita bobagem sendo falada e no uso deste profissional na sua desvalorização quando se pensa a montagem e as vaidades dos montadores. A abordagem da mídia desvaloriza os atores a menos que seja um global. Se pensa na montagem e não nos profissionais envolvidos. É isto que quero dizer. Claro que a montagem carrega o mito. 

Um dos problemas bem sensível de uma escola em Curitiba é de seus atores desenvolvendo seus papeis forçosamente olhando para frente em direção ao público quase nos modelos pré modernos na importância dos textos. A cena no palco deve ocupar todo o seu espaço e não ficar só na frente como se o público tivesse que enxergar o tempo todo os olhos dos atores. 
E uma das coisas que percebi são aqueles atores sociais adquiridos que não experimentam outras direções e acabam comprando todo o pacote de vícios da sua escola. Pode ter aprendido alguma coisa mas vai carregar a marca da escola na testa. E nem sempre ser um ator social em harmonia com o grupo pode ser considerado um ator na integra fazendo um personagem com qualidade. O talento se manifesta quando tiver o palco só para si. E aí vai ter que ter um diretor que saiba trabalhar as minúcias da ação.

É claro que a generosidade vai imperar diante de algo que já tive como meta dos interesses em jogo. Mas não podem ser só interesses que algumas vezes umas escolas demonstram no discurso para seus alunos. Estes alunos são porta vozes e aí não dá para segurar a revolta do mal intencionado. O cuidado com o aluno ator deve ser de um respeito profissional na busca de tornar ele o melhor e levar o nome da escola as alturas. Quem abusa pode receber uma crítica pesada uma hora destas. 

Alunos da Escola Teatro Oficina de Brincadeiras 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Cuba Revisitada



Na minha rua já não tem ladrilhos e tem ladrilhos com o som do vento rompido e jatos quebrando a barreira do chão na minha cabeça. Os ruídos do mundo no caos cosmopolitano. 

Os homossexuais casam com homens com homens e homens com mulheres e até fazem filhos. O céu deixou de existir e o inferno se desconfigurou do mito com a terra que virou um grande lixo humano num depósito de humanos. O sol arde mais num tempo que se acabou em geleiras e agora em um grande fogo nas queimadas das matas. 

Estes dias uma jornalista questionou um grande escritor cubano sobre a fome em Cuba, e se ele com o poder que tinha não podia fazer nada pela abertura econômica em Cuba em andamento no pós Fidel Castro. Mas se a abertura fosse a solução o mundo não teria fome e nem guerras. A ilha utópica que era uma praia do império e desafiava no número de medalhas nos esportes. Exatamente a ilha perdida dos autores se desconfigurando para ser mais uma perdida neste mar caótico dos bens de consumo. Se perde um vigor de união dos juntos para se enquadrar em pessoas vagando no mundo moderno. E tem quem diga que este é o melhor dos mundos.

Este é o visual da minha peça na personagem da Leili Dias vagando no mundo sem rumo tentando encontrar o seu eu. Um olhar solitário no condicionamento das ruas nas várias histórias que lhe passam na cabeça. Ruídos estranhos que procura entender. E o mais estranho é que a atriz incorporou o personagem com tanta vivacidade que choca e ao mesmo tempo faz rir do comum numa peça que não era para ser comédia. O texto na peça com os gesto dela se transformou em grandeza com a competência na leitura do mundo. É gratificante perceber uma obra materializada na sua melhor atuação.

Leili Dias com formação pela Escola Dramática do Estadual do Pr. 


quarta-feira, 22 de julho de 2015

Drone Americano



As coisas sempre se repetem e existe um determinismo nisto. Até na tecnologia com a descoberta do homem moderno como um fruto que deveria ser saboreado pela humanidade segue num sentido de um humano cíclico na manutenção do que lhe é a pior paisagem da existência, com a morte. 

Já se pode calcular nas crises o efeito de uma repulsa as tecnologias. Algo que deveria ser para agregar serve hoje para matar. Foi assim com a depressão de Santos Dumont quando percebeu que sua invenção foi utilizado como armas de guerras. O que marcou as guerras mundiais foi a utilização dos aviões e outras tecnologias. E o que ameaça a terceira guerra mundial é o uso da bomba atômica pelo império. Que já experimentou aniquilando cidades japonesas. 

A crise econômica mundial tem um aspecto de depressão quando as pessoas já não sentem atrativos no consumismo de novos inventos. Computadores, carros e celulares não são tão atrativos mais. E os drones americanos hoje são atrelados intimamente a morte de Árabes. Seja para o bem ou para o mal no maniqueísmo religiosos ela serve como incentivo as cruzadas religiosas reais. Aquilo que deveria servir para o conforto humano é mais conhecido pelas mortes que proporciona no seu heroísmo imperial. 


sábado, 18 de julho de 2015

Revue de Paris



O grande feito no teatro foi quando passaram de um teatro de leitura nos palcos para uma encenação naturalista. O que fica claro que para nós isto foi um grande feito valendo como verdade para aquela época. Mas não é bem assim. 

Consultando a La Revue de Paris em uma das edições de Théâtre de uma crítica sobre uma peça de Napoleão ou outra do Alexandre constatei que no final tem o espaço do comercial. Visando o lucro é claro. E para a minha surpresa um dos anúncios era a divulgação de um curso de ler e escrever rápido de forma assintuosa na colocação. Precisavam de leitores para vender o jornal. A educação através de escolas e algo recente e não era uma investida comum. Ler deveria ser algo bastante valorizado. Entendeu agora porque o teatro de leitura poderia ser importante para eles? Não estou lá para saber se é exatamente isto. 
Outra coisa é o conhecimento de história falando de Napoleão e outros sendo que possivelmente as leituras tinham uma conotação da história de sua época. Por que será não é? Não tinham televisão é claro, e se não tinham escolas o debate político de interesses estrangeiros passava por um evento assim. 

Tudo bem que veio o naturalismo com a descoberta da luz. Mas para entender como as coisas se dão tem que se ver lá e não palpitando daqui como se as coisas fossem como nós somos hoje. Na verdade a gente não é nada também. Principalmente de um teatro que nunca existiu sendo que na ditadura o teatro era engajado e com seus revolucionários ganhando muito dinheiro vendendo suas artes contestadoras. Um tipo de engajado burguês sendo que o Chico Buarque um exilado para França hoje mora na França. Ganhou muito dinheiro na ditadura e o que sobrou do teatro foi um abismo já que nele era algo excessivo de um teatro só político. Eu e minha mania de falar mal. Mas eu acho que não falei nenhuma mentira. O Gil e o Caetano nesta semana estão com um show que custa 800 reais o ingresso e com show em Israel no aniversário do genocídio de crianças palestinas. Complicado isto.


Performance



Tenho muito para apreender e compreender num espectro do entendimento, com estas vantagens é claro. Minha intuição sempre aponta e acerta em algumas coisas nesta dialética desvairada que faço. E quanto maior o absurdo mais me entrego a sua profundidade. 

Existe um modo partidário de esquerda e direita que no geral as pessoas assumem a dicotomia e não arredam pé dele. Em alguns e numa maioria isto é patológico sem alternativas mentais para sair desta latrina. E vem de longe uma tal de unidade e do outro lado uma fragmentação. A fragmentação existe e viaja pelas cabeças que chegou até Platão. Mas a unidade é algo não explicável com uma presença ruidosa com alguns achando que podem transcender a ela. O centro e as periferias sempre foram os mesmos. O homem sempre se reuniu em volta de uma fogueira. A cerimônia e o espetáculo da vida sempre tiveram num limite sem o rompimento. A menos que alguns digam que existe um outro mundo e os homens em cubas. Mas para isto vão comprar os ingressos e vão sentar nas mesmas poltronas e comendo a mesma pipoca. 

A moda agora é converter os acidentes em alguma coisa continuum e nem explicam as razões de uma peripécia Aristotélica e pensam que estão fazendo algo totalmente novo. Bezame Deus. Entram numa destinerrância como se isto fosse possível num universo em constante guerras de uma unidade febril que sempre se manteve. O que é mesmo que tem de novo no paraíso? Não desfizeram o equivoco do pós redescoberta dos textos de Aristóteles e entraram num caminho que não é do bem. Vão para o inferno. Pior, vão para o nada. E não é nem aquele inferno do churrasquinho com carne de primeira. Não sei nem porque fazem o que fazem sem acreditar no que fazem. Existe a opção da encenação e representação na performance e isto é o duplo. Como umas coisas assim: "Ela é a outra encenação, o seu duplo, aquela que não se deixa traduzir por si mesma, o que permanece incompatível." Isto nunca existiu. A não ser que esteja em Marte sendo algo que não é humano. Até o caos existe e é mais velho que minha avó grega. "Produção cultural não é traduzível, ou reduzível a uma outra". E quando Descartes fez as viagens pelo novo mundo e descobriu o comum e revolucionou a filosofia então não valeu?

Uma arte para ver o nosso mundo e não tentar enquadrar em promessas medievais de um outro mundo. A unidade existe sim e é isto que faz muitos procurarem ela. E os elementos dela é o palco, a cerimônia fenomenológica que atrai e que desperta o homem para uma racionalidade. Quer o caos, vai viver num canil achando que está fazendo um espetáculo. Vai ser ficção para quem assistir e vai te achar muito idiota ou uma performance. Mas que coisa desnecessária.


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Direção Teatral



Ultimamente venho pensando em como o teórico se afasta dos palcos. Pessoas que pela "ação" do Aristóteles e pela tendência trágica dos pensamentos contemporâneos se acham no direito de opinar sobre o que seja teatro. Claro que são bem vindo senão estaríamos mais rasos como pesquisa do espetáculo. O susto é daqueles do meio assimilando e moldando um teatro fora dos palcos sendo que eles estão dentro. É como água para o vinho. A prática já vista no meio filosófico em guerra com o teórico. E isto pode se dar na filosofia com mais afinco. No teatro não. O palco e a experiência tem que ser o eixo da pesquisa. Não sei porque mas venho detestando os teóricos do teatro de plantão. E principalmente aqueles que estão envolvido na arte. E possivelmente seja pelo emaranhado e os modismos que levam como status de uma intelectualidade. 

Ser professor de teatro hoje é uma busca complexa diante das inovações como o profissional chamado de diretor de teatro. Uma profissão moldada a 100 anos e isto foi ontem com o inicio da luz elétrica nos palcos. Só o Festival de Teatro de Curitiba tem 25 anos e quando começou a profissão tinha 75 anos em média. E o professor transita entre o volume teatral e a construção do pensamento do diretor. Se faz atores para diretores. É isto que quero dizer. E toda a confusão com o que querem fazer do teatro acaba levando para um buraco. 

No texto anterior coloquei que o princípio da revolução teatral foi com o uso da luz nos palcos tendo o Antoine como pioneiro na sua "teatralidade do real". E aí se construiu uma embate entre naturalismo e simbolismo. E no processo histórico levou a Stanislawski e Grotowski que volta a um antropológico na ação que faz da cena uma transcendência no palcos. E daí vem os simbolistas e a praga do tal épico de Brecht que sempre achei que ele criou algo. E de criação ele não tem nada, tudo dele veio do Meyerhold. Há algo a ser entendido aqui sobre as razões de tais heroísmos. Uma hora eu descubro. Claro que o tal do épico veio de muito longe e sempre me perguntei se uma coisa não tinha nada com o outro. Falam da possibilidade de um texto pós-dramático como algo novo sendo que lá nos filósofos dramaturgos iluministas já tinham uns italianos incomodando por uma linha do improviso. E que acabou pegando e gerando uma herança maldita de novos modernos com algo do baixo medieval e também alto. Tem até um tal de dramaturgia contemporânea que o ator deixa a mão para baixo a cena toda como vi um espetáculo estes dias, sem os movimentos das mãos. Bem anti pré socrático e depois falam de Nietzsche de boca cheia. 

Já sei que podem perguntar, como aqueles que não tem pensamentos alternativos, de como isto pode se dar no palco. Para se falar nos palcos deve ser desconfiado com seu tempo diante de uma platéia. Este incomodo é o eixo e não é o que vem pronto de alguns teóricos por aí. Acredito numa certa episteme no encenador diante da escolha certa no complexo e nas pluralidades que dizem existir. Talvez o caminho é uma certa rejeição as tecnologias, a não ser a luz enraizada que sem ela o teatro é impensado. O teatro de rua sem o fator burguês me parece um pano branco e puro das ações. Os palcos malditos e corruptos de um Rousseau começam a fazer sentido.

Talvez o próximo texto vou falar da beleza do Teatro de Rua do investimento não percebido no Festival de Curitiba com um direcionamento acertado com figuras de qualidade se repetindo e coisas novas de extremo bom gosto em épocas pós copa. Questão de gosto é claro. Claro, não é qualquer gosto.

Transcendência nos palcos é porque eu não tinha o que falar. Poder ser o psicológico.


quarta-feira, 15 de julho de 2015

Antoine Artaud e a Iluminação



Sempre foi passado que havia uma contribuição do Antoine Artaud para o teatro. Uma imagem de um louco que quebra paradigmas. Um iniciante na desfiguração do dramático com um certo modo de ser do contemporâneo. O tal do AA enlouquecido passando uma imagem de uma arte desvairada como modelo a ser seguido. Uma atmosfera que nunca foi bem definido. Jean-Jacques Roubine cita: "Artaud preconizará, numa linguagem tecnicamente pouco precisa mas poderosamente sugestiva, uma imaginação criadora semelhante na utilização da luz." E aqui começa a linha mestra para se entender este encenador: a luz. 

Junto com Artaud vem o Appia, Craig e Loïe Fuller que ousou "experimentar novas técnicas, em lançar mão de projeções, combinações de espelhos, jogos feérico, magia." Era a descoberta da iluminação nos palcos diferenciando agora a arte figurativa para um simbolismo. Era o início de um mundo iluminado com implicações sérias nas cavernas e nos olhos de uma nova audiência. E em 1970 o grupo Chêne Noir usaram "uma teoria da iluminação diretamente herdada de Antoine". Com ele dizendo que "para produzir qualidades de tons particulares, deve-se introduzir na luz um elemento de tenuidade, de densidade, de opacidade, visando a produzir o calor, o frio, a cólera, o medo e etc". Olha só onde se meteu o tal do louco do teatro que passa uma atmosfera de simulacro no contemporâneo. Muitos adeptos do Deleuze e tem também aquele Jacques Nichet falando "Le théâtre n'existe pas". Ficam o tempo todo tentando destruir a arte mimética. 

O que eu quero com isto? É o exagero que existe no nosso meio de fazer o teatro algo que ele não é. Criaram mitos e se enraizaram em Platão. E se sempre estivemos no paralelo do caos não quer dizer que vamos cultuar ele sem que o teatro tenha avançado o suficiente na compreenção do que seja o teatro diante de uma arte nova. Tudo bem que o teatro é mais velho que a minha avó grega. Mas ela só foi resgatada num sentido de pesquisa a pouco tempo e não conta com uma quantidade de material pesquisado e autores com dedicação no seu desfraldamento. 

O pior é que tenho de descobrir isto sozinho. Que merda. 


Guarda-livros de Auschwitz - 4 anos de prisão



Algumas coisas vem se tornando algo que dá o que pensar. Coisas que eram extremamente proibidas num consenso de ruptura de valores e se tornaram tão aceitas que causam um mal estar. Até tempos atrás você se declarar um branco era um racismo. Estes dias numa ficha num departamento da educação do estado estava num item para marcar x a opção branco, negro ou pardo. Senti uma violência não levada em conta. 

Até uns tempos atrás se acreditava que a grande liderança do mundo na sua eterna retaliação contra a bomba atômica tinha o interesse de conter as guerras e hoje se sabe que era uma dedução equivocada. Sendo que ela promoveu uma matança na humanidade absurda com a continuidade das guerras religiosas. E foi a única que usou a tal da bomba atômica para dizimar cidades inteira no Japão. Terra dos Kamikazes de uma loucura dos homens usarem aviões como bombas. Coisa impensada de que o homem pudesse carregar um cinto com bombas e explodir. Fora o combate ao totalitarismo que acabamos de ver as grandes corporações de comunicação monopolizando a massa. 

Nas o que mais me chamou a atenção foi os velhos nazistas morrendo com mais de 90 anos. Como que pode isto? Que condição de vida tiveram para chegar a tal idade? Passaram formol? E agora o tal do quarda-livros Oskar Groening que pegava os objetos de valores daqueles que iam para a câmara de gás recebeu a sentença de 4 anos de cadeia. Que pela idade vai cumprir em casa pelo jeito. Em casa ele já está faz tempo. Precisava de uma Hannah Arendt acompanhar este episódio para desvendar aquilo que não vemos. 

A história da humanidade vai mal. Até parece que chegamos num estágio que temos que voltar para trás. As tecnologias que foram um grande achado estão hoje servindo para a destruição. Seria o caso saber se não é uma cilada da natureza criando uma ilusão para equilibrar o todo de um tempo cosmo e estrelar que já tem definido a sua órbita. 

terça-feira, 14 de julho de 2015

Escrevendo Teses



Existe uma cobrança sobre o que vai se escrever e uma bibliografia afinada embaçando o que vai ser dito. Tudo muito óbvio para as condições de um bom texto. E quais as razões para não se chegar ao texto ideal? Se alguém me cobra eu já busco saber o que ele escreveu, no meio acadêmico. Com certeza eles não sabem os motivos desta minha lógica. 

Já escrevi para teatro, e não estou falando dos artigos sobre teatro que também é uma arte, com a felicidade do Sérgio Salvia abrindo este meu horizonte nesta linha quando coloca que um artigo de teatro já não é de um jornalista e sim de alguém da classe teatral, pelo envolvimento e a profundidade na busca. Um comunicador se apropriando e colocando as coisas do seu jeito, de como ele faria e se faria daquele jeito. Um comunicador mise en scène.

Escrever sobre teatro é descobrir as minucias dele. Já peguei uns prêmios. Mas o que mais me deixou confiante foi uma leitura ovacionada. E as razões para ser este momento é porque o texto estava funcionando num palco sem cenário, sem grandes marcações. Já deu para perceber que meu sentido não é qualquer sentido. E nem sei se o texto era tão bom. Mas sei como chegar a um bom. E dai quando se passa do teórico para o prático, fica incontestável. Pode vir a ser questionável. Mas a mudança não apaga o feito naquele instante. 

Um doutor, quer dizer um professor deveria escrever ao ponto de um aluno ler um texto ao seu nível e absorver com a generosidade do texto permitindo ele apreender. Fico me perguntando porque não fez isto? Será que ele foi tão culto e tão prolixo para não falar o óbvio que ele já sabe? É certo isto? Não acho que seja certo. O texto deveria ter a ingenuidade de uma criança de 10 anos e o brilho de um pós doutorado ficar com raiva de ter lido e desejando ter escrito o texto. Um texto de bibliografia que se confunde entre a realidade do óbvio de fazer a referência falar nada mais do que o óbvio. De não ter distinção entre a bibliografia e o que foi dito. Tão acertado e tão simples que um aluno de 10 anos vai assimilar aquilo e vai poder escrever sobre o que leu. A ingenuidade e o Peter Brook são os responsáveis por este efeito criança que estou falando. Deve ser porque ele não vem carregado de um poder e a moral civilizatória hipócrita. 

Mas para se chegar a convicção de escrever um grande texto existe a preparação clássica que se faz numa grande dialética de uma guerra travada nas últimas consequências. E aqueles que não passaram por isto não vão perceber as razões de ser soldados na batalha. Se constrói muitos inimigos para se chegar no objetivo. E as vezes inimigos que deveriam estar te ensinando o caminho. Um dia vou escrever uma antropologia filosófica que muitos vão ficar chocado. É tão simples as coisas. Porque complicar? Pode ser até que eu não escreva. Mas o sentido está falando.


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Rede Globo e Salve a Rainha



Até hoje não entendi as razões para a Rede Globo divulgar tudo que acontece no reino da rainha. Se um príncipe mijar fora da bacia o William Bonner está lá para balançar o piupiu do rapaz. O episódio do príncipe George que constrangeu uma enfermeira indiana ao ponto dela se matar pouco tem a ver com o grau de deslumbramento da Rede Globo que se coloca como protetoras de todos os males do mundo. Estes dias tinha um deles vestido a caráter de nazista ou tão bêbado no Caribe que não conseguia ficar de pé. Mas mesmo assim eles são sangue azul para o William Bonner. 

Agora o príncipe William saiu com mais uma que quebra todas as regras da moralidade e vamos ver se nosso príncipe agrada com um elogio. Isto porque o poder dele de se posicionar na lei seca com deputados que formularam a lei e um deles acabou degolando dois cidadãos quando estava bêbado no trânsito vai acabar sendo absolvido pelo andar da carruagem no Paraná. O poder dele passa por cima de situações que não interessam para uma camada do poder. 

O comentário do príncipe William foi sobre a filha e o filho George: "Ela tem sido um pedaço do céu mas agora a responsabilidade é muito maior, temos que estar de olho nos dois filhos, especialmente quando o George está por perto. Ele é um macaquinho". Agora eu quero ver o William Bonner o que vai dizer sendo que o príncipe chamou o filho de macaco? Sendo que a comparação é o preconceito racial mais evidente e um crime inafiançável no Brasil. Será que ele vai continuar sendo hipócrita.  


sexta-feira, 10 de julho de 2015

Verdades Secretas - Walcyr Carrasco péssimo



A Rede Globo decepciona na sua dramaturgia em Verdades Secretas colocada como a maioral no segmento. Um desfile da Arlete digno de uma passarela em Paris. Mas na dramaturgia vem cometendo erros significativos e de uma ingenuidade aparentando que não é o Walcyr Carrasco escrevendo. 

Arlete (Camila Queiroz) tem um namorado que por coincidência é sobrinho do milionário (Rodrigo Lombardi). Eva Wilma colocado neste fogo acaba conhecendo um aposentado que é amigo da avó da Arlete. O personal trainer que fica com a ex mulher do milionário é amigo do Reynaldo Gianecchini. E a todo momento um vai descobrindo os parentescos e amizades comuns entre eles. E isto é o que depõe a dramaturgia de Verdades Secretas. Todo mundo se conhece e todo mundo é parente de alguém. Que é isto? Isto não existe mais. O mundo mudou e as pessoas não se conhecem. 

Na dramaturgia contemporânea os personagens vem de núcleos familiares diferentes e sem nenhuma afinidade entre eles. Era para ser asssim. A trama não envolve um circulo fechado que é tão antigo isto. E o rompimento foi a inovação da dramática do homem moderno. Para a Globo que se diz e se coloca adiante do seu tempo nos comportamentos e modismo acabou de provar sua péssima dramaturgia. É difícil de acreditar que gente bem paga e coloque sua busca por uma Lolita de Nabokov no Brasil nos moldes da literatura russa tenha baixa qualidade de texto deste jeito. Querer comparar com a literatura russa é dar um tiro no meio dos olhos. Os russos não merecem isto. Lá tinha Dostoiévski e Tchékhov, pai da nossa dramaturgia. Com a tendência das modelos cada vez mais procurar o envolvimento da dramaturgia e os palcos de teatro. Como modelo elas dependem de terceiros para o sucesso, e como atriz elas fazem a sua realização profissional pelo talento sem o grande jogo da beleza. 

Outras inconsistências estão associadas a falta de prática no mercado. Quase que na totalidade as modelos no Brasil estão acompanhadas de um guarda-costas que é as mães. Até que a Arlete no começo tinha a companhia da mãe. Mas depois ficou só como parte da trama isolada nos seus afazeres de atendente de consultório. Claro que pode aparecer alguém no consultório como parente do milionário também. Um trabalho com imagens gratificantes de modelos pode se acabar num grande mico de dramaturgia. E envolvendo grandes do meio. Se pelo menos colocassem a grande cilada desta atividade que é uma quantidade de picaretas prometendo trabalhos e fazendo mães pagarem por Books que nunca vão ser usados em trabalhos garantido o retorno do investimento, daí tudo bem. Mas a novelinha mostra cada vez mais o distanciamento da realidade do meio.  Palmas para nomes que carregam a trama como a Marieta e o Lombardi. O Brasil tem grandes atores. Só não tem quem proporcione grandes trabalhos.



quarta-feira, 8 de julho de 2015

Alfandegário sem fronteiras - Pós-Dramático



A crítica teatral já teve seus ícones aliados a promoção desta arte no Brasil. Não que deixou de existir. Hoje se tem muito mais críticos e em eventos como o Festival de Teatro de Curitiba se pode ter a noção de quem são aqueles que estão intermediando o contato do público com os espetáculos. Os jornais de destaques eram no eixo Rio de Janeiro e São Paulo e hoje no Brasil inteiro. 

Lendo o texto O Crítico Pós-Dramático: um alfandegário sem fronteiras de Sérgio Salvia Coelho deu para sentir um divisor de águas na entrada das encenações do pós-dramático no Brasil. E pelo jeito foi um novo momento para a crítica com o choque do pós-dramático. 
O Sérgio conta que o Décio de Almeida Prado, um crítico e fomentador do teatro como o TBC teve um enrosco com o José Celso Martinez por sua nova forma de fazer teatro e desprestigiando o crítico, com o desabafo: "percebo muito bem um teatro que não seja racional, mas não posso me livrar inteiramente de um certo racionalismo que tenho. Só posso escrever da maneira como sou" diz o Décio. 
Uma situação lamentável diante da importância deste crítico para o teatro nos seus áureos momentos para o Brasil, que perdeu um dos patriarcas teatrais. 

Só, Ifigênia, sem Teu Pai de Sérgio Salvia Coelho
A importância da crítica conforme o Sérgio coloca ultrapassa o jornalismo de informações. Nele se constrói uma perspectiva para futuras pesquisas. Uma ética e um profissionalismo que não deve absorver uma opinião pessoal e ao mesmo tempo o pessoal tem que existir para que se possa orientar e informar com um olhar crítico de vivência no meio. E o crítico deixa de ser apenas um jornalista para ser alguém da classe teatral e coloca a importância para a pesquisa desta arte: "mas também o historiador que resgata a memória do que viu no calor da hora, para o lucro do futuro pesquisador." 

O Sergio Salvia Coelho no final do seu elogio a crítica cultural e navegar pelos feitos destes deslumbrados correndo atrás das artes cênicas justifica o seu título com "o crítico de teatro, este pobre alfandegário sem fronteiras, estará sempre pronto a se maravilhar." Grande final que mostra o seu envolvimento e paixão pelo teatro.  

O artigo O Crítico Pós-Dramático dele se encontra o livro Pós-Dramático: um conceito operativo? de Guinsburg e Sílvia Fernandes pela Perspectiva.  

O sentido de Matteo Bonfitto



O sentido é uma palavra de grande repercussão no meio filosófico. Esteve sempre presente nas nossas vidas de seres diferenciados. Existe um propósito no meu exagero quanto a orientação da palavra. Acredito que ela não deva ser usada em termos menos equivalentes do que ela já ganhou de destaque. Uma redução sem definir estabelecendo uma totalidade sem valorizar as partes pode comprometer o sentido. Estabelecer que ela passe de interno para externo sem dar alimento pode não dizer nada. Agora se criar uma linguagem organizada sem modismos é bem possível que o sentido tenha uma objetividade. "ações físicas podem ser produzidas a partir de processos de instauração de sentido, e não somente de significado". É muito razoável quando as coisas são colocadas assim em outros textos.
"O nível de relação que o ator pós-dramático deve estabelecer com os próprios materiais de atuação diferencia daquele explorado pelo ator dramático, envolvendo dessa maneira processos técnicos e subjetivos mais complexos." São duas palavras que não cabem em um mesmo sentido e o exagero fica no "mais complexos", "subjetivo mais complexo". E fica naquilo que o todo não explica as partes e o desenvolvimento é sempre de um todo querendo dizer algo que nunca diz. Como falar de sentido se ele não é o caminho para um entendimento?

"O ator/perfomer deve saber como justificar, como preencher as próprias ações a partir do procedimento e elementos que ultrapassam os recursos e instrumentos oferecidos pelos sistemas de atuação utilizados pelo teatro dramático ou épico, tais como aqueles elaborados por Stanislávski, M. Tchékcov, Brech etc." 
O sentido não está na citação. Existe uma indicação que não é propriamente o sentido que diz ser de interno a externo do ator que ele vai ter que procurar este sentido em outras vias. No Stanislavski, no Tchekcov e no Brech e sei lá por onde. 
"O ator, em tais casos, muitas vezes não dá corpo às próprias ações a partir de significados preestabelecidos, pois eles não são necessariamente constituídos de tais linguagens." E o texto todo segue como algo sendo dito e as palavras não se definem. Não há um exemplo prático de palco para estabelecer uma ligação que complete o sentido. Não há o brilho da pena assistido pela lanterna de querosene que crie um deslumbramento reconfortante. Parece o Machado de Assis prolixo de começo de carreira. 

A próxima vai ser sobre as partituras para atores pós-dramáticos. Isto porque eu sou bem humorado e com tempo. Continuo lendo O ator pós-dramático: um catalisador de aporias? do Matteo Bonfitto do excelente autor de O ator compositor. 

  

Atualizações, presença e presente no ator do Bonfitto



São tantas as concessões do ator dramático para o pós-dramático que fica difícil acreditar numa possibilidade. Como o Matteo Bonfitto fala no seu artigo O ator pós-dramático: um catalisador de aporias? Ele diz que "o ator pós-dramático deve possuir competências que transitam entre o teatro dramático, o circo, o cabaret, o teatro de variedades, o teatro-musical, o teatro-dança, e a performance". Não se fala em gêneros aqui. Devem estar tudo misturado e não cabe a recordação de coisas ruins. O épico e o lírico parece que estão no meio. Mas o dramático não. Mas espera aí, ele falou que passam pelo dramático. Claro que deve ter alguma coisa para ser entendida aí já que meu conhecimento não chegou até lá. 

Já ouvi alguns falando que Aristóteles abordou tudo e não existe nada de novo no horizonte. Ele no seu tempo não avançou em algumas coisas. No teatro tem o Stanislawski e Grotowski que foram humildes o suficiente para catalizar a ação de Aristóteles. Compreendendo uma trajetória entre o ato e potência. Atualização que vem do ato. E a atualização é interessante porque se faz no presente com a presença. Aristóteles foi aquele que deu vida a lógica embora a filosofia analítica ou os Wittgeinsteins da vida tente remodelar ele. Mas se falar "ajuste semântico" como o Matteo Bonfitto falou é inevitável o Aristotelísmo. Mas tem o outro lado também como a citação "entre as fronteiras entre o teatro e a performance" ou o "ator pós-dramático envolverá necessariamente zonas de ambiguidade e sobreposição". E a "relação entre presentação e representação". Se um não pode existir então o outro também não pode existir sendo que um está contido na outro. Acho que fui muito simples aqui e ficou até engraçado. As palavras "fronteiras, ambiguidade e sobreposição" parece ser o todo sobre a partes. Já que as partes não vão se explicar. 

Uma das coisas que me chamou a atenção no texto do Matteo foi: "conforme colocado por Lehmann, um dos aspectos que definem o teatro pós-dramático é aquele da perda, por parte do texto, de sua função de matriz geradora privilegiadas dos diferentes signos teatrais". Mas em outro parágrafo coloca: "a utilização de um texto, criado a priori ou não, aumenta o grau de referencialidade de atuação, aproximando-o necessariamente da esfera da representação".  Este "necessariamente" vem de necessário. Tem uma cara de metafísica nisto. Até o não a priori entra na referencialidade. Só faltou achar o sentido disto. 

E quanto a ciência ou alguma coisa como homo faber no trabalho do ator que gosta do respeito pelo seu trabalho e na capacidade do seu fazer tem uma citação do "ator pós-dramático envolvem um horizonte técnico e expressivo mais alargado, se comparado àquele do ator dramático" Em outro momento coloca a palavra "reinvenção" e em outra o uso de "códigos e convenções teatrais são largamente utilizados". Para quem tem uma presença se atualizando no presente como que pode usar tantos recursos e ainda falar que não é a outra coisa? E ainda senti um ar menosprezando o ator dramático.


Ator Pós-Dramático do Matteo Bonfitto


Geralmente o recurso usado para concluir é discordar para organizar o conhecimento. Só aceitar pode ser algo de uma aceitação implacável de coisas que passam despercebidos. E concordo com as aporias e discordo que todos devemos ter o espírito dos paradoxos estoicos como meta, inclusive nas artes. As artes não devem vir com limitadores e condições insanas que obriguem a deixar dela pelo formalismo criado. Aristóteles quando falou que o "homem é o mais imitador dos animais" estava se referindo a isto potencializando o teatro. E sobrecarregar o ator com divisas de que ele não é dono de sua arte e com a obrigação de assimilar a "presentação" nas cenas acaba por criar o maior limite existente entre os filósofos. Ele sim é uma aporia. 

O ator no geral não sabe nem o que é a "ação" de Aristóteles e se embrenha na arte da imitação por sentir a facilidade e a natureza dela. Ele não precisa saber o teórico diante da prática. Isto brota dele e fazendo a vontade ser canalizada nesta descoberta. Em qualquer situação social se pode encontrar alguém fazendo teatro. E falar para ele a existência da presentação no lugar da representação com a cena que determina a arte dele vindo de um caos para uma referência imediata tornando a cena um caos para o público pode ser uma cobrança sem sustentabilidade. Da para perceber que confundem reações do corpo com o caos por falta de uma expressão da língua. E a língua que estou falando é aquela dentro da boca. 

O ator tem uma capacidade de memória como uma peça "As Mãos de Eurídice" de uma hora e meia de apresentação com uma forma não linear de história. Um texto que montei e dele descobri a ferramenta desta profissão. A referência do ator não é o texto e nem a memória nele. É a memória dele jogada no palco com o fenômeno na ação que lutam para ser condizente. Se sabe que uma atuação não é igual a outra em cada apresentação. A espontaneidade está aí. Falar que o ator tem "presenciabilidade" por não usar uma referência usando o caos para chegar na presença e sem algo que ele possa se escorar é exigir do ator uma falta de racionalidade. E razão em Kant já tem tempo. E num caso assim teria de ter uma extensão de presente inviável na compreenção. Quando se fala em tempo em Deleuze ele usa o Kant concordando ou discordando. Ficar falando a priori é ludibriar os leitores numa aceitação de um tempo que se diz inovador dos anos 70 de algo que sempre existiu. Nos gregos tudo era oral e se Sêneca impôs o texto e dele veio a reação para a improvisação através da Commédia d'arte italiana então jogaram a história no lixo. É claro que hoje se pensa até a "história em si". E isto tem implicações diretas no presente. 

Tirar o bom do ator com suas ferramentas para impor uma cena de caos nem Nietzsche conseguiria, porque deve ser o caos o resultado que querem. Não dá para tirar o mérito do absurdo. Mas organizar o absurdo é complicado. É um peso para o ator que pode se resignar e nunca entender a sua arte. O grande barato que é minha opinião é que não existe presente, e se existe ele é tão pequeno e tão insignificante que acaba levando a gente ao erro ou acidentes o tempo todo. Mas existe um passado como referência que é grandiosos nos humanos que nos permite brincar com qualidades e deveria ser valioso. E existe a representação é óbvio. E é este detalhe que dá o charme e o incentivo para o teatro. Como falei é uma opinião. Falando assim é até simples de se colocar. Mas vá falar para um teórico cabeçudo? E ator que usa microfone nos pós-dramáticos é estranho. Quer dizer, estranho todo mundo é. Somos modernos. 

É claro que é uma conversa que estou tentando organizar diante do que vejo por falta de munição adequada para atacar o problema. Talvez o que me incomoda não seja o problema e sim a direção que estão tomando de algo que seria mais valioso se não fosse no sentido do simulacro. É uma delícia o teatro e tentar arruinar ele é uma insensatez. Os grandes de Hollywood devem dar risadas disto.

E se só existisse o presente não existiria o tempo. Então o presente é o caos. É isto que querem dizer? Tirando a referência do passado que aí não teria a reapresentação então teríamos um mundo com novas possibilidades de futuro? Fiquei confuso.


domingo, 5 de julho de 2015

Ator Pós-Dramático



Existe um complexo no meio teatral atingindo em cheio os atores como se fosse um modelo escravista pela sujeição deste artista carregando uma cruz. Os tempos modernos caracterizaram este personagem com um coitado em sua comunidade. Uma alienação moderna que tirou o princípio de herói dele no teatro. E para piorar a situação os tempos mudaram. Mas não mudaram o humano que continua tendo medo, dor, piedade e muitas guerras como sempre existiram. Então o humano não mudou e nem transcendeu ou se tornou alguém melhor como Kant errou no que presumiu que seria o homem. Somos seres estaquinados e não é as tecnologias com os confortos que nos fazem melhores. Precisamos cuidar do mundo senão vamos acabar com ele. Quer dizer, acabar com a terra. 

Nos anos 30 o Francis Fergusson já presenciava uma mudança no meio teatral nos Estados Unidos com uma baixa nas platéias. Num momento que a televisão e o cinema não se fazia presente. E isto gerou a necessidade de mudança e com todas as transformações posteriores. Colocou o teatro no dilema de algo além de necessário deveria ser feito nas mãos dos salvadores do mundo. A dinâmica teatral recebeu um dom patológico diante de uma desenvoltura política econômica com tom de moderno e de desenvolvimento técnico que não lhe coube assimilar. Junto com a filosofia dicotômica do século das luzes gregas veio o vírus para infectar o corpo frágil com a idéia do simulacro dos tempos de Alice. Colocam que estamos em tempos tão modernos que precisamos mudar a imagem esquecendo do corpo humano. É claro que eles vão falar que isto é ao contrário num discurso moderno alienado. O corpo humano sempre foi um abacaxi na filosofia da história e realmente ganhou uma ênfase no moderno.

Mas o impressionante é o efeito sobre o ator de tudo isto. Jogam um microfone ou alguma tecnologia nas mãos do ator e agora ele pode fazer o pós dramático. Não pode ser uma ação. Não sabem se usam o texto ou não. Se te cortam no palco e teu sangue escorre no chão é este sangue que é a grande vedete. O ator virou um nada, apenas uma marionete. E isto não se encaixa apenas no palco. Quando o ator é visto fazendo um trabalho deste ele se desvaloriza na sua comunidade por se encaixar em algo que é o nada. O encenador usa o ator como um objeto sem valor. Quando este podia ser só uma proposta de cena e não todo um discurso religioso sobre o teatro. 

Exigem do ator que ele saiba o que é presenciabilidade, representabilidade e auto representabilidade. A referência mudou e não deixam claro o sentido. O Matteo Bonfitto no texto Pós-Dramático fala de um "ajuste semântico" quando Aristóteles fala que o humano é o mais imitador de todos os animais. Criaram uma atmosfera totalmente desfavorável ao ator que sobe num palco e se sente sozinho numa proposta de que ele não pode ser o humano de Aristóteles. Para combater o Aristóteles tem que começar a mudar a lógica dele. E não o ator. Existem epistemes a serem delineadas e não uma ruptura abrupta de um modismo avassalador. E o ator para ser alguém compreensivo hoje tem que passar por tal resignação. Arte é arte e não este jogo desleal que escraviza o artista a ditaduras do simulacro. Se os tempos fosse de simulacro como Platão desvendou a 2.500 anos não existiria Angelina Jolie e Beatriz Segall. A solução é a metafisica mesmo e nem tudo é transformação.    

Uma boa proposta de cena com o improviso do ator junto com a elaboração do encenador é algo gratificante. O que não dá é o todo ser algo massificante e chato. O Lehmann citou nomes como o Robert Wilson como os pós dramáticos que não usavam os clássicos e de repente o Robert Wilson começou a encenar os clássicos. Li isto não sei aonde. Mas não parece ser uma mentira. O teatro não pode ser uma mentira. Uma risada que não é espontânea não é uma risada. Precisa do ator. Ou não é para ser risada? Defina-se por favor. 



sábado, 4 de julho de 2015

Tragédia



Alguns vem esquecendo do teor principal do teatro. São gente especializada em teorizar sobre o mundo se colocando como um novo território do não ser sendo. Terra de minoria que luta com algo que sempre existiu dentro da sua proporcionalidade. Todos sabem que o barco de Teseu já não era mais o barco de Teseu. A mudança é emblemática. Só que o modismo pegou como se a transformação teria de ser agora para um novo mundo. Mas se as guerras não acabaram de que mundo estão falando? 

Um dos aspectos e linha que me deixa ligado e com ela me defendo é exemplos simples do humano como o caso Nardoni da menina que foi jogada do alto do prédio. A interação cosmopolita de ter sido jogada de um prédio ganhou um vulto a ponto das pessoas na frente do prédio ficarem olhando para ele e com uma grande mobilização entusiasmada com os próximos episódios do caso. Tragédia pura destas que fazem a curiosidade chegar no seu limite. Enquanto estes Deleuzianos acham que isto se esfarelou. O humano sempre vai ser humano diante de uma natureza. E a tragédia é parte da natureza humana. 

Existem limites no fenômeno ou na definição das coisas que não se deve exagerar. Penso que o exagero é tanto que uma pesquisa nestes meios até me comprometeu por não achar o espaço diante da moda atual. As coisas são isto, mas não quer dizer que não exista aquilo. E aquele aquilo é exatamente o que muitas mídias colocam como um novo padrão e ao mesmo tempo divulga uma procissão religiosa. Chega a ser absurdo a contradição do discurso. O do quilo agora vai existir carregado de significado queira sim ou queira não. Querer destruir o teatro simplesmente por achar que um discurso pode chegar nisto é martelar em ferro frio. Ou se tudo é arte e agora a tragédia deixa de ser não corresponde a inocência da vida no entusiasmo da tragédia. Misturam o drama burguês com uma condição do improviso italiano sem o texto numa "auto representação" extremamente usada no meio. É claro que vou precisar de um dicionário para saber a etimologia da palavra representação. Será que não é a soma de dois mais dois igual a quatro?   

Gosto da tragédia na definição que faço dela. Um dia vendo um sequestro na televisão de uma garota chorando porque a filha dela foi sequestrada e dias depois num quadro parecido ela estava sendo presa por ter simulado o sequestro e matado a filha percebi que deveria escrever uma peça. Uma peça com ovação em uma leitura entre outras. E o principal que na minha inocência após ter roubado o livro Fausto de Goethe descobri a Margarida sacrificando uma criança e Medéia fazendo o mesmo. E assim percebi que eu não era autor de nada. E os infanticídios continuam sendo notícias impactantes. 

A tragédia na boca de Aristóteles é o medo e a piedade do humano diante de uma ação que cria a nossa ambientação. Em Kierkegaard converteu isto para a dor e a tristeza. Já dá para perceber que não é só uma nomeação de palavras, e sim o todo envolvido nelas por uma aproximação. O vulto e o grito para os deuses no cântico dos bodes de deuses que não ouvem não pode ser confundido com uma ostentação de simulacro, mesmo tendo o trabalho de mudar as tábuas do barco de Teseu e com os caminhos de obstáculos da Odisséia continuando vivos entre nós. Claro que um espetáculo pode vir de qualquer forma com uma poética lúcida e uma estética saudável. As tragédias de Nietzsche, Schopenhauer, Hebbel, Hegel, Schelling e tantos outros como Kant. Não vamos deixar as coisas tão longino entre uma e outra. Uma aproximação sem extremos sem torna uma linguagem só. E vamos e convenhamos; a coisa do modismo encheu o saco. Façam uma cópia um pouco melhor porque o discurso virou xarope.


William Bonner e sua Hipocrisía



Nesta semana apareceu uma polêmica no Jornal Nacional diante do racismo da Maria Júlia Coutinho com o apelido de Maju segundo o Bonner e faz aquela situação embaraçosa diante das câmeras. Já era nítido o descontrole de quem lidera uma bancada.

Daí apareceu o Bonner falando do racismo e dando a entender que o brasileiro é racista. Ele adora passar tempestades do Estados Unidos. Pode estar caindo o maior temporal no Brasil. Mas ele adora os americanos.

E como a internet chega fácil nas coisas acabei descobrindo o que gerou o tal do racismo. Olha a página que ela foi atacada. É nítido que foi de propósito pela forma que foi colocado. Olha quantos nomes com características inglesa e fake. Com certeza não foi ninguém no Brasil que fez isto. Na internet isto é possível e uma situação preparada. Uma polêmica preparada e um lixo de polêmica. Usam a cor para fazer realçar o racismo. Só pode ser de gente doente mesmo que não teve educação. Admiro o Bonner ter feito Usp com uma atitude desta. Quer colocar o Jornal Nacional no Ibope e faz artimanhas usando o povo. Mas que sem vergonha.

Sinto dizer que as coisas não é como você quer, uma cópia americana. Vocês estão inventando o racismo então os racistas são vocês. Isto é perverso.

Uma bancada feia e uma dinâmica do jornal que ficou péssimo. Querem que o telão funcione falando com Nova York. Não falou de uma cidadezinha no interior do cerrado. Querem mostrar nível mostrando lá fora, a dicção de uma correspondente carioca, que coisa horrível. Só funcionou para quem entrevista. Para o público ficou uma engenhoca desengonçada que dificulta o espaço para quem olha. A tendência é melhorar e não piorar. Vão continuar caindo por falta de competência.

Hoje, uma semana depois o JN divulgou que foi um menino de 15 anos que postou as mensagens no Facebook. Em cadeia nacional divulgaram como se parte dos brasileiros são racistas. Eles promovem situações com alguns ignorantes e colocam como se isto fosse comum a todos. E aí o racismo vai pegando e daqui um pouco estão se matando por aí. Tem os meios de comunicação nas mãos e tem responsabilidade naquilo que divulgam. Não seria melhor constatar e investigar o caso primeiro antes de expor a situação para não causar um dano maior. Acho que não, eles tem interesse no dano maior e com isto se fazem de os bonzinhos da sociedade. A Globo deveria ser responsabilizada pelas hipocrisias que direciona a sociedade aos problemas que ela nunca teve com tanta ênfase. O problema existe por ignorância de alguns. Agora não é igual ao Estados Unidos como eles querem que seja. Lá eles se matam. Aqui não por enquanto e acho que a Globo não vai conseguir isto.



sexta-feira, 3 de julho de 2015

Maju - Maria Júlia Coutinho


Não é de hoje que venho assistindo o Jornal Nacional e se torna incomodo a atenção do Bonner e sua colega quando chega na meteorologia. Algo desnecessário como quem quer dar uma importância e uma atenção sem explicar exatamente o que quer. E a menina com a atenção acaba atrapalhando o objetivo da meteorologia ou se atrapalha nos comentários. Pode até não ser isto. Mas me sinto embaraçado com a babação e acabo nem entendendo o jogo dela.

É sinal que algo estava para acontecer diante da popularidade e o óbvio aconteceu: olharam para a cor da pele dela como motivo. Não fazem nenhuma analise de que algo não bate sendo uma mulher muito bonita com um sorriso largo que o Brasileiro gosta. Ficou claro o uso das polêmicas para algum objetivo causado pelo estranhamento nas abordagem do horário da meteorologia. O povo percebe. Eu percebo.

Mas a Rede Globo que hoje tem os americanos nos pés deles com a questão do monopólio do futebol não param de colocar que os problemas do racismo de lá é exatamente igual no Brasil. E não é. Sempre colocam os problemas do Rio de Janeiro como se fosse igual em todo o território sendo que há uma diversidade enorme devido a extensão do Brasil. Eles ficam insistindo tanto até conseguir que o problema seja similar. Os interesses de mostrar um mundo das vaidades americanos como se para nós fosse algo a ser consumido.

Será que o Brasil não pode ter sua própria identidade? 



Teatro como Educação



Dois nomes passam pela referência da educação ocidental que é o Aristóteles e Rousseau entre tantos. Estes considero essencial no apontamento da representação e a mimética que faz parte de nossas vidas. O doce da vida é olhar a natureza e perceber a diferenciação do homem diante dela com a capacidade de transcender. Se alguns colocam problemas na representação e até assimilam olhares acertados de Platão, não tem como negar que precisamos da referência senão o mundo seria o caos. Isto não tira o mérito do caos e da complexidade no nosso reino. 

A vivência da criança dramática passa pela personalidade de imitar o outro e experimentar as coisas do mundo num simples fazer de conta descomprometido debaixo das asas dos pais, e nós somos muitos personagens numa plataforma do nosso dia necessário neste afloramento das diversas possibilidades da criança experimentando. Pais que inserem a consciência de um mundo já existente que ela precisa assimilar. As regras, a moral e todos os vícios de uma representação já moldada é a consciência programada num cérebro virgem. E de modo geral o teatro calcula o desempenho de uma boa dicção e o trabalho de corpo para a linguagem. E aqui não dá para esquecer de Aristóteles com sua lógica e depois com sua Poética emoldurando a nossa beleza de mundo. Se é o caso de achar ela tão bela assim. 

Em Aristóteles tem o trabalho da ação como ferramenta principal do teatro no palco ou nos palcos da vida, com uma contemplação realçada em pensamentos de Platão que nos leva a imagem com uma união da imagem e a ação numa filologia, se for o caso, da imaginação. E ela se soma com uma criatividade na natureza que nos torna especiais entre outras faculdades. A criança descarrega uma espontaneidade que a natureza desperta nela com uma inocência construtiva beirando uma sublimação. Qual é a pessoa que não gosta de ver uma criança fascinada pelo que está fazendo? A inocência aparenta uma falta de cultura e acaba sendo um equívoco quando alguns filósofos descobriram que de inocente a inocência não tem nada. E através dela se chega no topo da rebeldia humana contemplativa.

E a criança externaliza suas tentativas em intensa movimentação para a contemplação dos pais na experiência do fenômeno que não é completo na realidade até internalizar e se tornar uma memória do objeto manipulado. Richard Courtney cita que "o processo dramático é um dos mais vitais para os seres humanos. Sem ele seríamos meramente uma massa de reflexos motores, com poucas qualidades humanas". E em Atenas "o teatro foi a maior força unificadora e educacional". Eram recitadas passagens inteiras de Homero "com recurso teatrais - inflexão, expressão facial e gestos dramáticos. A música incluía o estudo do ritmo e harmonia". Nos "esportes recebiam grande incentivo, das corridas ao jogo de bola, e lutas, equitação e dança". Hoje se coloca tudo isto como importante mas não é uma prática. E se é pratica ele se dá para poucos resistentes que passam por cima dos discursos teóricos de civilização. Somos sombras de um mundo utópico com alguns dizendo que é nossa realidade.

O jogo amadureceu e toda consciência se virulalizou numa inércia de vida. O jogo virou cultura e a arte ganhou adeptos. A abstração se somou ao olhar acomodado e todo o jogo ganhou aspectos de uma natureza vibrante no vento. Se vai jogar bola ou jogar baralho é ela viva pulsando. E tem aqueles com o refinamento através do teatro que ganha embelezamento cultivado para uma vida mais redonda. Embora em Platão por não apoiar o teatro colocava que ao contrário deste refinamento a platéia poderia aprender e ser influenciado negativamente. Mais ou menos o que a Globo com suas novelas e manipulação vem fazendo com o Brasileiro. E visão que foi usada intensamente na idade média pelo cristianismo, e ainda é.

"A imitação é natural no homem desde a infância, sendo esta uma de suas vantagens sobre os animais inferiores, pois ele é uma das criaturas mais imitativas da terra e aprende primeiro por imitação." Isto tudo quem fala é o Aristóteles. Então por que não valorizar o teatro?

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Teatro: Formação de platéia.



Hoje lembrei que meu primeiro ensaio foi na praça. Mas não é qualquer praça e no meio dela com pessoas transitando em seus corredores no jardim entre chafarizes. Era a "Pele do Lobo" do Arthur Azevedo e todos naquela inocência de fazer uma arte como uma loucura. Foi só um ensaio na Tubal Vilela. Ela é a praça daquela música dos sertanejos que dizem "dormi na praça". Eu também dormi nela. Nas minhas passagens por Minas. 

Hoje andei um pouco atrás de um lugar para um ensaio alternativo em Curitiba e achei muitos. E meus pensamentos foram no sentido de uma praça que tivesse um anfiteatro tipo grego de concreto ou a uma cobertura destas que as vezes a gente encontrava e que atualmente é raridade. Quantas pessoas não fazem uma arte por não ser pensando que o modelo grego agrega lembranças artísticas por estarmos no ocidente e ela nossa pátria estética. É como se faltasse algo e que um simples banco acaba ganhando aspecto de cenário. 

Mas o teatro vai num caminho com muitos buscando o resgate desta arte. Falam em formação de platéia quando o sentido contemporâneo é outro. Existe um membro específico no meio que se chama a divulgação através das mídias. Sem elas nada funciona neste emaranhado de pessoas que se orientam através das notícias. E o teatro a muito tempo perdeu aquela vibração que foi substituída pelo cinema e a televisão. Só que nela também existe o teatro. O auditório já não é o mesmo e a importância do teatro nos nossos meios já deveriam ter mudados. O teatro visando a manutenção de boas maneiras nas ações no mundo. Através da mimese se chega a compreensão de muitos dados sobre nossas atividades. 

Achei engraçado quando li na introdução de "Evolução e Sentido do Teatro" de Francis Fergusson, ele falando que "gente de teatro não gosta de teatro" nos Estados Unidos. Isto porque ele era um crítico de jornal e nas andanças percebeu este abismo no meio. Muitos fazem teatro e esperam uma platéia do meio artístico, e devem ter um cuidado com isto. A decepção pode ser grande e com o sentimento de não reconhecimento. Já passei por situações assim esperando um respaldo quando ele não aconteceu. A estratégia de formação de auditório que já vem sendo pensada desde Aristóteles deve ser na busca de compreender como o público se dá. Nada como uma assessoria de imprensa que esteja apta a assumir o papel e consiga reverter os aspectos negativos que um empreendimento precisa.