quarta-feira, 8 de julho de 2015

O sentido de Matteo Bonfitto



O sentido é uma palavra de grande repercussão no meio filosófico. Esteve sempre presente nas nossas vidas de seres diferenciados. Existe um propósito no meu exagero quanto a orientação da palavra. Acredito que ela não deva ser usada em termos menos equivalentes do que ela já ganhou de destaque. Uma redução sem definir estabelecendo uma totalidade sem valorizar as partes pode comprometer o sentido. Estabelecer que ela passe de interno para externo sem dar alimento pode não dizer nada. Agora se criar uma linguagem organizada sem modismos é bem possível que o sentido tenha uma objetividade. "ações físicas podem ser produzidas a partir de processos de instauração de sentido, e não somente de significado". É muito razoável quando as coisas são colocadas assim em outros textos.
"O nível de relação que o ator pós-dramático deve estabelecer com os próprios materiais de atuação diferencia daquele explorado pelo ator dramático, envolvendo dessa maneira processos técnicos e subjetivos mais complexos." São duas palavras que não cabem em um mesmo sentido e o exagero fica no "mais complexos", "subjetivo mais complexo". E fica naquilo que o todo não explica as partes e o desenvolvimento é sempre de um todo querendo dizer algo que nunca diz. Como falar de sentido se ele não é o caminho para um entendimento?

"O ator/perfomer deve saber como justificar, como preencher as próprias ações a partir do procedimento e elementos que ultrapassam os recursos e instrumentos oferecidos pelos sistemas de atuação utilizados pelo teatro dramático ou épico, tais como aqueles elaborados por Stanislávski, M. Tchékcov, Brech etc." 
O sentido não está na citação. Existe uma indicação que não é propriamente o sentido que diz ser de interno a externo do ator que ele vai ter que procurar este sentido em outras vias. No Stanislavski, no Tchekcov e no Brech e sei lá por onde. 
"O ator, em tais casos, muitas vezes não dá corpo às próprias ações a partir de significados preestabelecidos, pois eles não são necessariamente constituídos de tais linguagens." E o texto todo segue como algo sendo dito e as palavras não se definem. Não há um exemplo prático de palco para estabelecer uma ligação que complete o sentido. Não há o brilho da pena assistido pela lanterna de querosene que crie um deslumbramento reconfortante. Parece o Machado de Assis prolixo de começo de carreira. 

A próxima vai ser sobre as partituras para atores pós-dramáticos. Isto porque eu sou bem humorado e com tempo. Continuo lendo O ator pós-dramático: um catalisador de aporias? do Matteo Bonfitto do excelente autor de O ator compositor. 

  

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