sábado, 4 de julho de 2015

Tragédia



Alguns vem esquecendo do teor principal do teatro. São gente especializada em teorizar sobre o mundo se colocando como um novo território do não ser sendo. Terra de minoria que luta com algo que sempre existiu dentro da sua proporcionalidade. Todos sabem que o barco de Teseu já não era mais o barco de Teseu. A mudança é emblemática. Só que o modismo pegou como se a transformação teria de ser agora para um novo mundo. Mas se as guerras não acabaram de que mundo estão falando? 

Um dos aspectos e linha que me deixa ligado e com ela me defendo é exemplos simples do humano como o caso Nardoni da menina que foi jogada do alto do prédio. A interação cosmopolita de ter sido jogada de um prédio ganhou um vulto a ponto das pessoas na frente do prédio ficarem olhando para ele e com uma grande mobilização entusiasmada com os próximos episódios do caso. Tragédia pura destas que fazem a curiosidade chegar no seu limite. Enquanto estes Deleuzianos acham que isto se esfarelou. O humano sempre vai ser humano diante de uma natureza. E a tragédia é parte da natureza humana. 

Existem limites no fenômeno ou na definição das coisas que não se deve exagerar. Penso que o exagero é tanto que uma pesquisa nestes meios até me comprometeu por não achar o espaço diante da moda atual. As coisas são isto, mas não quer dizer que não exista aquilo. E aquele aquilo é exatamente o que muitas mídias colocam como um novo padrão e ao mesmo tempo divulga uma procissão religiosa. Chega a ser absurdo a contradição do discurso. O do quilo agora vai existir carregado de significado queira sim ou queira não. Querer destruir o teatro simplesmente por achar que um discurso pode chegar nisto é martelar em ferro frio. Ou se tudo é arte e agora a tragédia deixa de ser não corresponde a inocência da vida no entusiasmo da tragédia. Misturam o drama burguês com uma condição do improviso italiano sem o texto numa "auto representação" extremamente usada no meio. É claro que vou precisar de um dicionário para saber a etimologia da palavra representação. Será que não é a soma de dois mais dois igual a quatro?   

Gosto da tragédia na definição que faço dela. Um dia vendo um sequestro na televisão de uma garota chorando porque a filha dela foi sequestrada e dias depois num quadro parecido ela estava sendo presa por ter simulado o sequestro e matado a filha percebi que deveria escrever uma peça. Uma peça com ovação em uma leitura entre outras. E o principal que na minha inocência após ter roubado o livro Fausto de Goethe descobri a Margarida sacrificando uma criança e Medéia fazendo o mesmo. E assim percebi que eu não era autor de nada. E os infanticídios continuam sendo notícias impactantes. 

A tragédia na boca de Aristóteles é o medo e a piedade do humano diante de uma ação que cria a nossa ambientação. Em Kierkegaard converteu isto para a dor e a tristeza. Já dá para perceber que não é só uma nomeação de palavras, e sim o todo envolvido nelas por uma aproximação. O vulto e o grito para os deuses no cântico dos bodes de deuses que não ouvem não pode ser confundido com uma ostentação de simulacro, mesmo tendo o trabalho de mudar as tábuas do barco de Teseu e com os caminhos de obstáculos da Odisséia continuando vivos entre nós. Claro que um espetáculo pode vir de qualquer forma com uma poética lúcida e uma estética saudável. As tragédias de Nietzsche, Schopenhauer, Hebbel, Hegel, Schelling e tantos outros como Kant. Não vamos deixar as coisas tão longino entre uma e outra. Uma aproximação sem extremos sem torna uma linguagem só. E vamos e convenhamos; a coisa do modismo encheu o saco. Façam uma cópia um pouco melhor porque o discurso virou xarope.


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