quarta-feira, 15 de julho de 2015

Antoine Artaud e a Iluminação



Sempre foi passado que havia uma contribuição do Antoine Artaud para o teatro. Uma imagem de um louco que quebra paradigmas. Um iniciante na desfiguração do dramático com um certo modo de ser do contemporâneo. O tal do AA enlouquecido passando uma imagem de uma arte desvairada como modelo a ser seguido. Uma atmosfera que nunca foi bem definido. Jean-Jacques Roubine cita: "Artaud preconizará, numa linguagem tecnicamente pouco precisa mas poderosamente sugestiva, uma imaginação criadora semelhante na utilização da luz." E aqui começa a linha mestra para se entender este encenador: a luz. 

Junto com Artaud vem o Appia, Craig e Loïe Fuller que ousou "experimentar novas técnicas, em lançar mão de projeções, combinações de espelhos, jogos feérico, magia." Era a descoberta da iluminação nos palcos diferenciando agora a arte figurativa para um simbolismo. Era o início de um mundo iluminado com implicações sérias nas cavernas e nos olhos de uma nova audiência. E em 1970 o grupo Chêne Noir usaram "uma teoria da iluminação diretamente herdada de Antoine". Com ele dizendo que "para produzir qualidades de tons particulares, deve-se introduzir na luz um elemento de tenuidade, de densidade, de opacidade, visando a produzir o calor, o frio, a cólera, o medo e etc". Olha só onde se meteu o tal do louco do teatro que passa uma atmosfera de simulacro no contemporâneo. Muitos adeptos do Deleuze e tem também aquele Jacques Nichet falando "Le théâtre n'existe pas". Ficam o tempo todo tentando destruir a arte mimética. 

O que eu quero com isto? É o exagero que existe no nosso meio de fazer o teatro algo que ele não é. Criaram mitos e se enraizaram em Platão. E se sempre estivemos no paralelo do caos não quer dizer que vamos cultuar ele sem que o teatro tenha avançado o suficiente na compreenção do que seja o teatro diante de uma arte nova. Tudo bem que o teatro é mais velho que a minha avó grega. Mas ela só foi resgatada num sentido de pesquisa a pouco tempo e não conta com uma quantidade de material pesquisado e autores com dedicação no seu desfraldamento. 

O pior é que tenho de descobrir isto sozinho. Que merda. 


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