sexta-feira, 17 de julho de 2015

Direção Teatral



Ultimamente venho pensando em como o teórico se afasta dos palcos. Pessoas que pela "ação" do Aristóteles e pela tendência trágica dos pensamentos contemporâneos se acham no direito de opinar sobre o que seja teatro. Claro que são bem vindo senão estaríamos mais rasos como pesquisa do espetáculo. O susto é daqueles do meio assimilando e moldando um teatro fora dos palcos sendo que eles estão dentro. É como água para o vinho. A prática já vista no meio filosófico em guerra com o teórico. E isto pode se dar na filosofia com mais afinco. No teatro não. O palco e a experiência tem que ser o eixo da pesquisa. Não sei porque mas venho detestando os teóricos do teatro de plantão. E principalmente aqueles que estão envolvido na arte. E possivelmente seja pelo emaranhado e os modismos que levam como status de uma intelectualidade. 

Ser professor de teatro hoje é uma busca complexa diante das inovações como o profissional chamado de diretor de teatro. Uma profissão moldada a 100 anos e isto foi ontem com o inicio da luz elétrica nos palcos. Só o Festival de Teatro de Curitiba tem 25 anos e quando começou a profissão tinha 75 anos em média. E o professor transita entre o volume teatral e a construção do pensamento do diretor. Se faz atores para diretores. É isto que quero dizer. E toda a confusão com o que querem fazer do teatro acaba levando para um buraco. 

No texto anterior coloquei que o princípio da revolução teatral foi com o uso da luz nos palcos tendo o Antoine como pioneiro na sua "teatralidade do real". E aí se construiu uma embate entre naturalismo e simbolismo. E no processo histórico levou a Stanislawski e Grotowski que volta a um antropológico na ação que faz da cena uma transcendência no palcos. E daí vem os simbolistas e a praga do tal épico de Brecht que sempre achei que ele criou algo. E de criação ele não tem nada, tudo dele veio do Meyerhold. Há algo a ser entendido aqui sobre as razões de tais heroísmos. Uma hora eu descubro. Claro que o tal do épico veio de muito longe e sempre me perguntei se uma coisa não tinha nada com o outro. Falam da possibilidade de um texto pós-dramático como algo novo sendo que lá nos filósofos dramaturgos iluministas já tinham uns italianos incomodando por uma linha do improviso. E que acabou pegando e gerando uma herança maldita de novos modernos com algo do baixo medieval e também alto. Tem até um tal de dramaturgia contemporânea que o ator deixa a mão para baixo a cena toda como vi um espetáculo estes dias, sem os movimentos das mãos. Bem anti pré socrático e depois falam de Nietzsche de boca cheia. 

Já sei que podem perguntar, como aqueles que não tem pensamentos alternativos, de como isto pode se dar no palco. Para se falar nos palcos deve ser desconfiado com seu tempo diante de uma platéia. Este incomodo é o eixo e não é o que vem pronto de alguns teóricos por aí. Acredito numa certa episteme no encenador diante da escolha certa no complexo e nas pluralidades que dizem existir. Talvez o caminho é uma certa rejeição as tecnologias, a não ser a luz enraizada que sem ela o teatro é impensado. O teatro de rua sem o fator burguês me parece um pano branco e puro das ações. Os palcos malditos e corruptos de um Rousseau começam a fazer sentido.

Talvez o próximo texto vou falar da beleza do Teatro de Rua do investimento não percebido no Festival de Curitiba com um direcionamento acertado com figuras de qualidade se repetindo e coisas novas de extremo bom gosto em épocas pós copa. Questão de gosto é claro. Claro, não é qualquer gosto.

Transcendência nos palcos é porque eu não tinha o que falar. Poder ser o psicológico.


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