quarta-feira, 8 de julho de 2015

Atualizações, presença e presente no ator do Bonfitto



São tantas as concessões do ator dramático para o pós-dramático que fica difícil acreditar numa possibilidade. Como o Matteo Bonfitto fala no seu artigo O ator pós-dramático: um catalisador de aporias? Ele diz que "o ator pós-dramático deve possuir competências que transitam entre o teatro dramático, o circo, o cabaret, o teatro de variedades, o teatro-musical, o teatro-dança, e a performance". Não se fala em gêneros aqui. Devem estar tudo misturado e não cabe a recordação de coisas ruins. O épico e o lírico parece que estão no meio. Mas o dramático não. Mas espera aí, ele falou que passam pelo dramático. Claro que deve ter alguma coisa para ser entendida aí já que meu conhecimento não chegou até lá. 

Já ouvi alguns falando que Aristóteles abordou tudo e não existe nada de novo no horizonte. Ele no seu tempo não avançou em algumas coisas. No teatro tem o Stanislawski e Grotowski que foram humildes o suficiente para catalizar a ação de Aristóteles. Compreendendo uma trajetória entre o ato e potência. Atualização que vem do ato. E a atualização é interessante porque se faz no presente com a presença. Aristóteles foi aquele que deu vida a lógica embora a filosofia analítica ou os Wittgeinsteins da vida tente remodelar ele. Mas se falar "ajuste semântico" como o Matteo Bonfitto falou é inevitável o Aristotelísmo. Mas tem o outro lado também como a citação "entre as fronteiras entre o teatro e a performance" ou o "ator pós-dramático envolverá necessariamente zonas de ambiguidade e sobreposição". E a "relação entre presentação e representação". Se um não pode existir então o outro também não pode existir sendo que um está contido na outro. Acho que fui muito simples aqui e ficou até engraçado. As palavras "fronteiras, ambiguidade e sobreposição" parece ser o todo sobre a partes. Já que as partes não vão se explicar. 

Uma das coisas que me chamou a atenção no texto do Matteo foi: "conforme colocado por Lehmann, um dos aspectos que definem o teatro pós-dramático é aquele da perda, por parte do texto, de sua função de matriz geradora privilegiadas dos diferentes signos teatrais". Mas em outro parágrafo coloca: "a utilização de um texto, criado a priori ou não, aumenta o grau de referencialidade de atuação, aproximando-o necessariamente da esfera da representação".  Este "necessariamente" vem de necessário. Tem uma cara de metafísica nisto. Até o não a priori entra na referencialidade. Só faltou achar o sentido disto. 

E quanto a ciência ou alguma coisa como homo faber no trabalho do ator que gosta do respeito pelo seu trabalho e na capacidade do seu fazer tem uma citação do "ator pós-dramático envolvem um horizonte técnico e expressivo mais alargado, se comparado àquele do ator dramático" Em outro momento coloca a palavra "reinvenção" e em outra o uso de "códigos e convenções teatrais são largamente utilizados". Para quem tem uma presença se atualizando no presente como que pode usar tantos recursos e ainda falar que não é a outra coisa? E ainda senti um ar menosprezando o ator dramático.


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