terça-feira, 14 de julho de 2015

Escrevendo Teses



Existe uma cobrança sobre o que vai se escrever e uma bibliografia afinada embaçando o que vai ser dito. Tudo muito óbvio para as condições de um bom texto. E quais as razões para não se chegar ao texto ideal? Se alguém me cobra eu já busco saber o que ele escreveu, no meio acadêmico. Com certeza eles não sabem os motivos desta minha lógica. 

Já escrevi para teatro, e não estou falando dos artigos sobre teatro que também é uma arte, com a felicidade do Sérgio Salvia abrindo este meu horizonte nesta linha quando coloca que um artigo de teatro já não é de um jornalista e sim de alguém da classe teatral, pelo envolvimento e a profundidade na busca. Um comunicador se apropriando e colocando as coisas do seu jeito, de como ele faria e se faria daquele jeito. Um comunicador mise en scène.

Escrever sobre teatro é descobrir as minucias dele. Já peguei uns prêmios. Mas o que mais me deixou confiante foi uma leitura ovacionada. E as razões para ser este momento é porque o texto estava funcionando num palco sem cenário, sem grandes marcações. Já deu para perceber que meu sentido não é qualquer sentido. E nem sei se o texto era tão bom. Mas sei como chegar a um bom. E dai quando se passa do teórico para o prático, fica incontestável. Pode vir a ser questionável. Mas a mudança não apaga o feito naquele instante. 

Um doutor, quer dizer um professor deveria escrever ao ponto de um aluno ler um texto ao seu nível e absorver com a generosidade do texto permitindo ele apreender. Fico me perguntando porque não fez isto? Será que ele foi tão culto e tão prolixo para não falar o óbvio que ele já sabe? É certo isto? Não acho que seja certo. O texto deveria ter a ingenuidade de uma criança de 10 anos e o brilho de um pós doutorado ficar com raiva de ter lido e desejando ter escrito o texto. Um texto de bibliografia que se confunde entre a realidade do óbvio de fazer a referência falar nada mais do que o óbvio. De não ter distinção entre a bibliografia e o que foi dito. Tão acertado e tão simples que um aluno de 10 anos vai assimilar aquilo e vai poder escrever sobre o que leu. A ingenuidade e o Peter Brook são os responsáveis por este efeito criança que estou falando. Deve ser porque ele não vem carregado de um poder e a moral civilizatória hipócrita. 

Mas para se chegar a convicção de escrever um grande texto existe a preparação clássica que se faz numa grande dialética de uma guerra travada nas últimas consequências. E aqueles que não passaram por isto não vão perceber as razões de ser soldados na batalha. Se constrói muitos inimigos para se chegar no objetivo. E as vezes inimigos que deveriam estar te ensinando o caminho. Um dia vou escrever uma antropologia filosófica que muitos vão ficar chocado. É tão simples as coisas. Porque complicar? Pode ser até que eu não escreva. Mas o sentido está falando.


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